Você sabia que manchas brancas na pele podem ser um sinal de vitiligo?
O vitiligo é uma doença autoimune caracterizada pela perda de melanina, pigmento que dá cor à pele, resultando no surgimento de manchas brancas em diversas partes do corpo.
A boa notícia é que o vitiligo não é fatal nem contagioso.
Com o tratamento adequado, é possível controlar sua progressão e reduzir o aparecimento das manchas.
O que é vitiligo?
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SDB), vitiligo é uma condição genética crônica e de origem autoimune, que afeta entre 1% e 2% da população mundial e 0,5% dos brasileiros.
A doença ocorre quando os melanócitos – células que produzem melanina, o pigmento que dá cor à pele – são atacados e destruídos pelo próprio sistema imunológico.
Como resultado, surgem manchas brancas em diferentes partes do corpo, que podem variar de tom mais claro até completamente despigmentado.
O vitiligo pode se manifestar em qualquer idade, mas é mais comum entre os 10 e 30 anos. As manchas podem aparecer em qualquer região do corpo, incluindo rosto, mãos, pés e genitais.
O principal sintoma do vitiligo é o surgimento de manchas brancas na pele – Foto: Adobe Stock
Além disso, existem dois tipos de vitiligo:
- Vitiligo segmentar: afeta apenas um lado ou uma parte do corpo, sendo mais estável e menos progressivo.
- Vitiligo não segmentar: as manchas surgem de forma simétrica, em ambos os lados do corpo, como nas duas mãos ou nos dois pés, sendo o tipo mais comum e progressivo.
Apesar de não ter cura, o vitiligo pode ser tratado para controlar sua progressão e estabilizar a despigmentação da pele, melhorando a qualidade de vida do paciente.
Vitiligo é contagioso?
Essa é uma dúvida muito comum, mas a resposta é clara: não, o vitiligo não é contagioso.
A doença não é transmitida pelo contato físico, pelo ar ou por qualquer outro meio. O vitiligo é causado por fatores internos do próprio organismo e não pode ser passado para outra pessoa.
Infelizmente, o preconceito e a desinformação ainda geram estigmas, fazendo com que muitas pessoas com vitiligo enfrentem desafios emocionais e sociais.
Quais são os sintomas do vitiligo?
O principal sintoma do vitiligo é o aparecimento de manchas brancas na pele, geralmente em áreas mais expostas como rosto, mãos, braços e pés.
Além disso, o vitiligo pode estar associado a outros sinais e sintomas, como:
- Despigmentação do cabelo, sobrancelhas, cílios ou barba;
- Perda de pigmentação em áreas mucosas, como dentro da boca ou nariz;
- Alterações oculares, como despigmentação da retina ou da íris, podendo causar sensibilidade à luz;
- Coceira ou desconforto na pele antes do surgimento das manchas (em alguns casos);
- Perda auditiva neurossensorial devido a respostas inflamatórias mais intensas.
O vitiligo pode estar associado à perda auditiva de origem neurológica – Foto: Freepik
Caso perceba qualquer um desses sintomas, procure um dermatologista para avaliar o quadro e iniciar o tratamento o quanto antes. Quanto mais cedo for iniciado, maiores são as chances de bons resultados.
O que causa o vitiligo?
As causas do vitiligo não são totalmente conhecidas, mas podem estar relacionadas a fatores genéticos, imunológicos ou emocionais.
Alguns dos fatores que podem desencadear ou aumentar o risco da doença são:
- Pessoas com histórico familiar de vitiligo;
- Doenças autoimunes, como tireoidite e diabetes;
- Episódios intensos de estresse;
- Exposição excessiva ao sol e queimaduras solares graves;
- Traumas na pele, como cortes ou feridas;
- Contato com certos produtos químicos e tóxicos.
Embora o vitiligo não seja uma doença grave, ele pode impactar profundamente a autoestima e a qualidade de vida.
Vitiligo tem cura?
Atualmente, o vitiligo não tem cura, mas existem diversos tratamentos que podem ajudar a interromper sua progressão e estimular a repigmentação da pele.
A resposta ao tratamento varia de pessoa para pessoa, e alguns casos apresentam bons resultados, enquanto outros podem ter apenas uma leve recuperação da cor da pele.
Principais tratamentos para vitiligo
O tratamento do vitiligo tem como objetivo estabilizar a condição e, sempre que possível, recuperar a pigmentação da pele.
As opções variam de acordo com o tipo, extensão das manchas e resposta individual de cada paciente. Por isso, é importante que o tratamento seja acompanhado por um dermatologista.
1. Fototerapia UVB-nb e PUVA
A fototerapia é um dos tratamentos mais eficazes para estimular a repigmentação da pele.
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a fototerapia com radiação ultravioleta B banda estreita (UVB-nb) é indicada para quase todas as formas de vitiligo.
Além disso, há a opção de fototerapia com ultravioleta A (PUVA), onde o paciente toma psoraleno (medicamento que torna a pele mais sensível à luz ultravioleta) antes da exposição à radiação.
Apesar da eficácia, os resultados do tratamento podem levar de seis meses a um ano para serem observados, sendo necessárias, em média, 50 a 60 sessões com uma frequência de duas a três vezes por semana.
A fototerapia é um tratamento eficaz para o vitiligo – Foto: Adobe Stock
2. Corticosteroides tópicos
Os corticosteroides tópicos são amplamente utilizados para tratar vitiligo nos estágios iniciais. Sua função é reduzir a inflamação e estimular a repigmentação da pele.
No entanto, seu uso deve ser feito sob prescrição médica, pois o uso prolongado pode causar afinamento da pele e outros efeitos colaterais.
3. Inibidores de calcineurina
Os inibidores de calcineurina, como tacrolimus e pimecrolimus, são medicamentos tópicos que ajudam a reduzir a perda de pigmentação e estimulam a repigmentação da pele.
São especialmente eficazes em áreas fotoexpostas, como face e pescoço, apresentando menos efeitos colaterais em comparação aos corticosteroides.
4. Terapias Sistêmicas
Em casos de vitiligo generalizado e instável, pode ser indicado o minipulso de corticoide sistêmico para controlar a progressão da doença.
Além disso, estudos avançam no desenvolvimento de novos medicamentos, como os inibidores de JAK e imunobiológicos que atuam no bloqueio da inflamação responsável pela destruição dos melanócitos.
5. Tratamentos Cirúrgicos
Para pacientes com vitiligo segmentar ou generalizado estável, que não respondem a tratamentos convencionais, a cirurgia pode ser uma alternativa.
O enxerto de pele pode ser indicado para quem tem pequenas manchas de vitiligo, onde pequenas seções de pele saudável e pigmentada são transplantadas para áreas despigmentadas.
O enxerto de pele é um tratamento cirúrgico com alta taxa de repigmentação – Foto: Freepik
Já no transplante de suspensão celular, o médico retira um pequeno fragmento da pele pigmentada, separa as células responsáveis pela produção de melanina e as transfere para a área afetada.
Os primeiros sinais de repigmentação costumam aparecer após quatro semanas.
Ambos os procedimentos apresentam riscos, como infecção, cicatrizes e coloração irregular da pele, sendo recomendados apenas em casos específicos.
Cada caso é único, e os resultados podem variar de pessoa para pessoa, por isso o acompanhamento com um dermatologista especializado é importante para determinar a melhor abordagem.
Cuidados essenciais com a pele no vitiligo
Embora o vitiligo não cause danos diretos à saúde, a pele afetada se torna mais sensível e exige cuidados especiais.
Dicas para proteger a pele e evitar novas manchas:
- Use protetor solar diariamente (FPS 50+), mesmo em dias nublados;
- Evite a exposição ao sol sem proteção, principalmente entre 10h e 16h;
- Hidrate a pele regularmente para evitar ressecamento e irritações;
- Utilize roupas com proteção UV e evite queimaduras solares;
- Evite traumas na pele (arranhões, cortes ou atritos), que possam desencadear novas áreas de despigmentação;
- Tenha acompanhamento psicológico, se necessário, para lidar com o impacto emocional da doença.
Agora que você já sabe tudo sobre o vitiligo, compartilhe este conteúdo para ajudar outras pessoas a entenderem melhor essa condição e combaterem a desinformação.
Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária