O Que é a Urostomia?
A urostomia é um procedimento cirúrgico que cria uma abertura (estoma) na parede abdominal para a saída de urina.
Nesse procedimento, o cirurgião liga os ureteres (canais dos rins) a uma parte do intestino delgado. Na sequência, um pedaço do intestino é exteriorizado na parede abdominal.
Dessa forma, a urina passa a ser eliminada de modo contínuo, por gotejamento, e armazenada em uma bolsa coletora externa, também conhecida como bolsa de urostomia.
A urostomia normalmente é opção para pacientes com bexiga neurogênica, tumores, alterações congênitas e inflamações crônicas da bexiga.
Saiba quais são os tipos de urostomia.
Como é o Procedimento Cirúrgico?
A cirurgia de urostomia é um procedimento que envolve as seguintes etapas:
- Anestesia geral: o paciente é colocado sob anestesia geral para garantir que não sinta dor durante a cirurgia;
- Criação do estoma: o cirurgião faz uma incisão no abdômen do paciente e desvia os ureteres (tubos que transportam a urina dos rins para a bexiga) para a nova abertura;
- Conexão à bolsa de urostomia: a urina será coletada em uma bolsa de urostomia, que é presa ao estoma e usada para coletar a urina.
Cuidados Pós-Operatórios
Após a cirurgia, é recomendado seguir um regime de cuidados pós-operatórios para garantir uma recuperação tranquila e prevenir complicações. As principais orientações costumam ser:
- Evitar fazer esforço físico: evite atividades que exijam esforços durante as primeiras 8 semanas após a cirurgia. Mantenha repouso para o corpo se adaptar à nova condição;
- Não utilizar substância contendo álcool, benzina, colônias, tintura de benjoim, mercúrio, mertiolate, pomadas e cremes;
- Utilizar roupas confortáveis: procure usar roupas confortáveis e que não apertem a bolsa;
- Alimentação: é indicado ingerir alimentos ricos em vitamina C para prevenir infecções e beber cerca de 2 litros de água para estimular o funcionamento dos rins e manter a urina com cor clara ou límpida;
- Evite dobrar o abdome: após a troca da bolsa, evite dobrar o abdome por pelo menos 15 minutos. Isso ajuda a garantir a aderência da placa à pele;
- Esvaziar o coletor: é recomendado esvaziar a bolsa a cada 2 ou 4 horas e principalmente quando atingir cerca de 1/3 a 1/2 de sua capacidade;
- Trocar a bolsa de urostomia: a remoção do dispositivo deve ser feita sempre de cima para baixo, com suavidade. Além disso, a troca deve ser feita preferencialmente na hora do banho e em jejum, porque é mais fácil descolar o adesivo;
- Limpeza da pele: faça a limpeza da pele ao redor do estoma com água e sabão neutro, limpando cuidadosamente. Em seguida seque com uma toalha macia;
- Pelos: o excesso de pelos ao redor do estoma pode prejudicar a aderência da placa à pele e, ainda, causar dor no momento do descolamento para troca da bolsa. Portanto, mantenha os pelos sempre aparados, utilizando tesoura de bicos redondos para prevenir traumas na pele;
- Aplicar Spray de Barreira Vuelo: a urina ou a própria cola da bolsa podem irritar a pele e, portanto, é muito importante protegê-la. O Spray de Barreira Vuelo forma uma camada protetora que evita que o contato com a urina machuque a pele periestoma;
- Alterações na pele: se surgirem alterações na pele ao redor do estoma como vermelhidão ou coceira, troque a bolsa imediatamente e procure um enfermeiro estomaterapeuta;
- Kit de emergência: sempre que sair de casa levar um kit contendo bolsas com as placas já recortadas, toalha de mão, sabonete, uma garrafa com água limpa e um saco plástico. Isso pode te ajudar (e muito!) no caso de emergências com a bolsinha.
Complicações da Urostomia
Quando a pele ao redor do estoma não recebe o tratamento e acompanhamento adequados, as principais complicações podem ser:
- Necrose: a má circulação sanguínea no estoma faz com que ele apresente alterações de cor, passando do rosa avermelhado (normal) para cinza, esverdeado ou preto;
- Edema: o estoma pode ficar inchado devido a infiltração de líquidos;
- Hemorragia: presença de sangue no estoma;
- Deiscência: ocorre pela abertura o orifício cirúrgico, causando a separação da mucosa intestinal da pele do abdome;
- Retração: o estoma pode afundar-se para dentro da parede abdominal;
- Infecção: pode ser apenas uma inflamação periestomal ou a formação de um abcesso;
- Prolapso: o estoma pode aumentar de tamanho e sair da parede abdominal mais do que o normal;
- Estenose: o estoma pode ficar muito estreito ou apertado dificultando a saída da urina;
- Hérnia: devido ao excesso de esforço físico, pode aparecer uma saliência ao redor do estoma;
- Maceração da pele peri-estomal: a pele ao redor do estoma pode ficar vermelha, irritada e com comichão, devido ao contato da urina com a pele;
- Granulomas: lesões nodulares benignas que aparecem na união muco-cutânea;
- Formação de cristais: são depósitos esbranquiçados ao redor do estoma;
- Foliculite: infecção bacteriana do folículo piloso, devido a remoção traumática dos pelos ou da placa de dispositivo;
- Hiperqueratose: depósito de fosfato cobrindo total ou parcialmente o estoma e a zona periférica.
Vivendo Com Uma Ostomia
O processo de adaptação é uma oportunidade para redefinir a sua realidade e priorizar o seu bem-estar físico e emocional. Portanto, estabeleça uma rotina diária de cuidados com o estoma e mantenha uma comunicação aberta com amigos e familiares para criar um ambiente de apoio.
Mantenha um estilo de vida saudável com alimentação balanceada, hidratação adequada e atividade física moderada.Além disso, mantenha um diálogo aberto com seu parceiro sobre a vida íntima e consulte profissionais de saúde para orientações específicas.
Trocar informações e experiências com outros ostomizados também pode ajudar na adaptação à rotina com a bolsinha.
A adaptação à urostomia pode levar algum tempo, mas com o apoio adequado e os cuidados corretos, é possível ter uma vida normal.
Quer saber mais? Nesse conteúdo separamos algumas dicas para te ajudar a se sentir mais seguro com a ostomia.
Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária