A Membrana Regeneradora Porosa Membracel é utilizada como um substituto temporário da pele em diversas situações onde há a perda da epiderme, como queimaduras, úlceras e escoriações. A Membracel protege a região lesionada e ainda estimula a formação do tecido de granulação, o que acelera o processo cicatricial.
Não é necessária a troca diária da membrana, sendo que, em alguns casos, basta uma única aplicação para que a lesão cicatrize por completo. O enfermeiro estomaterapeuta da Vuelo Pharma, Antônio Rangel, listou o tempo e permanência da membrana na lesão, bem como a média de tempo para reepitelização e cada situação.
É importante destacar que a cicatrização pode ser influenciada por fatores externos e hábitos do paciente – como alimentação, tabaco e diabetes – e, portanto, os dados abaixo mencionados são resultantes da média de pacientes avaliados.
QUEIMADURAS
Queimaduras de segundo grau são, clinicamente, consideradas lesões superficiais e, portanto, uma única aplicação da Membracel é suficiente. Nesses casos, normalmente, a aplicação é realizada logo após a limpeza da ferida, já na sequência da ocorrência do acidente.
Após a acomodação da Membracel na região afetada, um curativo secundário (gaze absorvente) deve sobrepor a membrana. É importante trocar a gaze a cada dois dias ou sempre que estiver saturada, limpando superficialmente a membrana com soro fisiológico (sem retirá-la). A cicatrização total da área afetada ocorre entre 10 e 14 dias.
FERIDAS CRÔNICAS
São consideradas feridas crônicas aquelas que existem a mais de seis meses e que têm ligação com doenças como diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica, hanseníase, entre outros. São exemplos de feridas crônicas: úlceras vasculares, lesões por pressão (escaras), pé diabético e mal perfurante plantar.
O período de troca da membrana é orientado a partir da avaliação das condições do leito da lesão. Na existência de tecido desvitalizado, como necrose, esfacelos ou fibrina, as trocas devem ocorrer em torno de 5 dias, após a limpeza rigorosa da região que deve remover os tecido desvitalizado.
Conforme o leito da lesão for ficando mais limpo, o que caracteriza a evolução da cicatrização, o tempo de permanência da membrana pode ser aumentado para até 7 dias. Da mesma forma, quando houver o surgimento do tecido de granulação (parte essencial do processo de epitelização) e diminuição do exsudato (secreção), é possível manter a mesma membrana na lesão por até 10 dias e, na sequência, até 12 dias.
Importante: realize diariamente a limpeza da área afetada sem retirar a Membracel, limpando a região afetada com gaze e soro fisiológico em jato. Em seguida, aplique um novo curativo secundário, como gaze, faixa e fita adesiva, para drenagem do exsudato.
EPIDERMÓLISE BOLHOSA
Em lesões recentes e superficiais, a Membracel pode permanecer entre 7 e 10 dias. Já nas lesões profundas, as trocas devem ocorrer entre 5 e 7 dias, desde que, diariamente, seja realizada a limpeza da região com soro fisiológico (ou outra solução específica para limpeza, como as com PHMB) sem retirar a membrana.
ESCORIAÇÕES
Na maioria dos casos, basta uma única aplicação para cicatrização total da lesão, que deve ocorrer entre 10 e 14 dias. Já o curativo secundário deve ser trocado diariamente após a limpeza da região com soro fisiológico, sem retirar a membrana.
CAUTERIZAÇÃO
Realizar a troca a cada 7 dias.
ÁREAS DOADORAS DE ENXERTO CUTÂNEO
A membrana pode permanecer na região por até 7 dias.
ÁREAS RECEPTORAS DE ENXERTO CUTÂNEO
Para melhor acompanhamento da evolução da cicatrização e aderência do tecido enxertado, é importante que a membrana seja trocada em até 5 dias.
Orientações gerais
1 – Independente da origem da lesão e do tempo de permanência da membrana no local afetado, é importante trocar o curativo secundário (gaze ou outro material absorvente) diariamente ou sempre que estiver saturado. Na sequência, sem retirar a membrana, limpe a região afetada com soro fisiológico em jato (ou outra solução específica para limpeza) e gaze, comprimindo suavemente a membrana para que o excesso de exsudato passe por meio dos poros e possa ser retirado. Após repetir esse processo 3 vezes, sobreponha uma nova gaze e enfaixe a região. Esse curativo secundário fará a drenagem do exsudato excedente e, portanto, deve ser trocado 1 ou 2 vezes ao dia, variando de acordo com a quantidade de exsudato que a ferida apresenta;
2 – Se possível, aqueça o soro fisiológico antes da utilização. Isso auxilia na cicatrização da lesão, pois evita o efeito de vasoconstrição na região lesionada;
3 – De maneira geral, a Membracel pode permanecer no leito da lesão por até 12 dias, desde que não ocorra seu desprendimento/rompimento e que não haja sinais de infecção, dor aguda e, principalmente, odor fétido. O mau cheiro pode surgir devido à presença de colonização por bactérias e infecções e, nesse caso, é essencial a orientação de um profissional da saúde para que seja iniciada a antibioticoterapia sistêmica. Antes da substituição da membrana, é necessário realizar a limpeza rigorosa da região – utilizando soluções específicas para a limpeza, como as com PHMB. Para combater o odor, é possível utilizar curativos de carvão ativado que podem ser associados à membrana sem problema algum.
Antonio Rangel
Antônio Rangel
Enfermeiro Especialista Estomaterapia e Podiatria Clinica e saúde da Família |
Graduado em enfermagem pela PUC-PR |
Pós-graduado em Estomaterapia (feridas, incontinência e estigmas) pela PUC-PR |
Pós-graduado em Podiatria Clínica pela UNIFESP |
Pós-graduado em Saúde Coletiva pela UFPR |
Pós-graduado em Saúde da Família pela Faculdade Evangélica pela PR |
Enfermeiro Assessor Técnico da Vuelo Pharma até 2023 |
Professor convidado do curso de Estomaterapia da PUC-PR |
Enfermeiro referência para tratamento de feridas e pé diabético da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba