O que é ostomia?
A ostomia é um procedimento cirúrgico que consiste na criação de uma abertura artificial (orifício) entre órgãos internos e o meio externo, para permitir a saída de fezes ou urina quando as vias normais estão bloqueadas ou não funcionam adequadamente.
A abertura, também chamada de estoma, pode ser feita no sistema respiratório, sistema digestório e no sistema urinário, podendo ser temporária ou permanente, dependendo da condição de saúde do paciente.
Além disso, a ostomia ocorre quando partes do intestino ou do trato urinário estão comprometidas, seja por doenças, acidentes ou condições congênitas.
Ostomia é um procedimento cirúrgico que cria um caminho para eliminar urina, fezes, ou até para respiração e alimentação – Foto: Adobe Stock
Existem diferentes tipos de ostomias, classificadas de acordo com o sistema afetado:
- Ostomia respiratória: como a traqueostomia, realizada para permitir a respiração quando as vias aéreas estão obstruídas.
- Ostomia de alimentação: como a gastrostomia e jejunostomia, usadas quando há a necessidade de alimentação direta ao estômago ou intestino.
- Ostomia de eliminação: que inclui colostomia, ileostomia e urostomia, que permitem a eliminação de fezes ou urina através da abertura criada.
A colostomia e a ileostomia são cirurgias intestinais muito comuns, e são os tipos mais utilizados de ostomia.
Tipos de ostomias
O tipo de estoma depende da parte do intestino afetada:
1. Colostomia
A colostomia é uma cirurgia realizada no cólon (intestino grosso), para permitir a saída das fezes.
Pode ser temporária, quando o intestino precisa de tempo para se recuperar após uma cirurgia ou trauma, ou permanente, geralmente após a remoção parcial ou total do cólon, necessitando o uso contínuo da bolsa coletora.
Além disso, a colostomia pode ser classificada conforme a localização da abertura no abdômen:
- Ascendente: localizada no lado direito do abdômen, com fezes líquidas.
- Transversa: localizada na parte central do abdômen, com fezes pastosas.
- Descendente e Sigmoide: localizadas no lado esquerdo inferior do abdômen, com fezes mais sólidas e evacuações mais frequentes.
Colostomia descendente – Foto: Adobe Stock
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2. Ileostomia
A ileostomia é semelhante a colostomia, mas a abertura é feita no íleo, que é a última parte do intestino delgado.
A cirurgia pode ser temporária, enquanto o intestino grosso se recupera, ou permanente, quando é necessário remover todo o cólon.
Esse procedimento é indicado quando há a remoção de grande parte do cólon ou reto, como em casos de doença de Crohn, retocolite ulcerativa ou câncer.
Assim como na colostomia, o paciente precisará utilizar uma bolsa de ileostomia para coletar as fezes, que, neste caso, tendem a ser mais líquidas, pois o intestino delgado não realiza a absorção completa dos nutrientes.
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3. Urostomia
Ao contrário da colostomia e da ileostomia, que lidam a eliminação de fezes, a urostomia permite a eliminação da urina.
Os estomas podem ser temporários, para interromper o fluxo urinário por um período determinado, ou permanentes, quando não é possível manter a função normal do sistema urinário ou quando a urostomia permite ao paciente uma melhor qualidade de vida.
A intervenção cirúrgica é geralmente indicada em casos de tumores, mas também pode ser necessária devido a acidentes, má formação congênita ou inflamação crônica na bexiga.
Bolsa de urostomia/urina – Foto: Adobe Stock
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Adaptação à ostomia
A adaptação à ostomia é um processo único para cada pessoa, especialmente nos primeiros dias após a cirurgia, quando muitos enfrentam uma combinação de desafios físicos e emocionais.
Sentimentos de medo, insegurança e vergonha são naturais e fazem parte dessa transição. No entanto, é fundamental buscar informações e orientações com profissionais de saúde especializados, como enfermeiros estomaterapeutas, nutricionistas e psicólogos que irão oferecer o suporte técnico e emocional necessário durante essa fase.
Para muitos, a sensação de “perda” do corpo pode ser um obstáculo difícil de superar, mas ao buscar apoio psicológico e a troca de experiências com familiares, amigos ou grupos de apoio, o processo se torna mais leve e acolhedor.
Lembre-se: ter uma ostomia não significa abrir mão da qualidade de vida. Você pode viver plenamente, participar de eventos sociais, manter relacionamentos e até mesmo se exercitar.
Embora o processo de adaptação seja desafiador, com paciência, apoio e os cuidados certos, a ostomia se tornará apenas um detalhe da sua vida, permitindo que você aproveite tudo o que ela tem a oferecer.
Com o tempo, o ostomizado pode retomar atividades sociais e de lazer, como viajar e ir à praia, mas sempre seguindo as orientações médicas – Foto: Adobe Stock
Cuidados com a pele ao redor da estomia
Uma das primeiras etapas na adaptação à ostomia é aprender como realizar a higienização da bolsa e manter a saúde da pele ao redor do estoma (região periostomal).
Para isso, siga os cuidados abaixo:
- Lave as mãos antes e depois de mexer na bolsa para evitar contaminações;
- Limpe a pele ao redor do estoma com água morna e espuma de sabão, sem esfregar o local;
- Evite produtos agressivos como álcool, colônias ou perfumes;
- Mantenha a região seca usando uma toalha macia ou lenços de papel, sempre com cuidado para não causar fricção;
- Apare os pelos ao redor do estoma com uma tesoura, evitando o uso de lâminas que possam causar cortes acidentais;
- Aplique o Spray de Barreira Vuelo na pele ao redor do estoma (região periestomal) antes de colocar a nova placa. Além de auxiliar na fixação da bolsa, o spray previne irritações, granulomas e lesões causadas por infiltrações e vazamentos do conteúdo da bolsa de ostomia;
- Recorte a placa de modo que se ajuste perfeitamente ao tamanho do estoma, evitando infiltrações;
- Pressione suavemente a placa ao colá-la, garantindo que todo o adesivo fique em contato com a pele, mantendo a bolsa firme;
- Coloque as cápsulas do Gelificador para Bolsas de Estomia dentro da bolsa, através da abertura superior ou inferior. Cada cápsula é capaz de gelificar até 100 mL de líquido, ajudando a controlar o volume interno e a reduzir o risco de vazamentos. Além disso, as cápsulas contêm óleo essencial de lavanda, que neutraliza odores, contribuindo para mais segurança, conforto e qualidade de vida.
- Esvazie a bolsa antes de atingir sua capacidade máxima, prevenindo vazamentos e o acúmulo de umidade que pode danificar a pele e troque de acordo com as orientações do fabricante.
- Use roupas confortáveis que não comprimam a área do estoma, evitando desconfortos e lesões;
- Evite alimentos que causam gases ou desconforto abdominal, como bebidas gaseificadas e alimentos fermentáveis;
- Mantenha-se bem hidratado, o que ajuda a manter a pele saudável e prevenir ressecamento;
- No dia da troca da bolsa, tome um rápido banho de sol por cerca de 1-2 minutos, protegendo o estoma com uma gaze umedecida para auxiliar na cicatrização;
- Monitore o estoma regularmente para verificar mudanças ou anomalias e consulte seu médico ou enfermeiro estomaterapeuta em caso de alterações.
O Spray de Barreira Vuelo protege a pele periestoma em até 72 horas – Foto: Vuelo Pharma
Direitos das pessoas ostomizadas
As pessoas ostomizadas possuem direitos garantidos pela Lei nº 13.146/2015, conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência.
A seguir, estão os principais direitos e benefícios que os ostomizados podem buscar:
- Vagas exclusivas para PCD (Pessoa com Deficiência) nas empresas.
- Isenção de ICMS e IPI na compra de carro adaptado.
- Passe livre para transporte municipal, intermunicipal e interestadual.
- Isenção do rodízio municipal de veículos.
- Resgate da previdência privada.
- Isenção de Imposto de Renda em caso de aposentadoria por invalidez.
- Atendimento prioritário em serviços públicos e privados.
- Benefício de Prestação Continuada (LOAS) para quem comprovar vulnerabilidade social.
- Saque do PIS e FGTS em determinadas condições.
- Amparo assistencial ao idoso e ao deficiente, quando necessário.
- Acesso às bolsas coletoras por meio de seguros e planos de saúde.
- Auxílio-doença e benefício assistencial.
- Cuidados garantidos no SUS com os Serviços de Atenção às Pessoas Ostomizadas.
Além desses direitos, a Declaração dos Direitos dos Ostomizados assegura que cada pessoa ostomizada tenha o seguinte apoio:
- Aconselhamento pré-operatório, para garantir que o paciente tenha pleno conhecimento sobre os benefícios da cirurgia e as mudanças do dia a dia com um estoma.
- Apoio de profissionais especializados, como estomaterapeutas, tanto no pré quanto no pós-operatório.
- Informações claras e imparciais sobre os produtos para ostomizados, com fornecimento adequado desses materiais.
Com o objetivo de garantir um atendimento mais adequado e holístico aos pacientes ostomizados, o Ministério da Saúde disponibilizou o “Guia de Atenção à Saúde da Pessoa com Estomia“, com orientações essenciais para um acompanhamento adequado.
Você tem mais dúvidas ou experiências para compartilhar sobre ostomia? Conte nos comentários e ajude outras pessoas que estão enfrentando essa nova realidade!
Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária