O que é o diabetes tipo 3?
Embora o termo “diabetes tipo 3” não seja oficialmente reconhecido por organizações como a American Diabetes Association (ADA) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), ele é utilizado por pesquisadores para descrever a teoria de que a resistência à insulina no cérebro pode estar relacionada ao desenvolvimento da doença de Alzheimer.
O diabetes tipo 3 sugere que o Alzheimer pode ser uma forma de diabetes que afeta especificamente o cérebro, diferente do diabetes tipo 1, uma doença autoimune que impede a produção de insulina, e do diabetes tipo 2, caracterizado pela resistência à insulina e frequentemente associado à obesidade.
Estudos indicam uma possível ligação entre o diabetes tipo 2 e doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer – Foto: Adobe Stock
A relação entre diabetes tipo 3 e Alzheimer
A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência em idosos, caracterizando-se pela degeneração progressiva do cérebro, afetando memória, raciocínio e outras funções cognitivas.
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), pesquisas recentes reforçam a forte relação entre o Alzheimer e o diabetes mellitus tipo 2 (DM2), especialmente devido aos efeitos da resistência à insulina no cérebro.
Uma revisão de pesquisa de 2022, aponta que pessoas com diabetes tipo 2 apresentam um risco de 45% a 90% maior de desenvolver Alzheimer ou outro tipo de demência, como a demência vascular.
Isso ocorre porque o diabetes, quando não tratado pode danificar os vasos sanguíneos cerebrais, comprometendo a circulação e o fornecimento de oxigênio para os neurônios.
Pessoas com DM2 mal controlado correm maior risco de desenvolver Alzheimer e outras formas de demência – Foto: Adobe Stock
Também pode gerar desequilíbrios químicos no cérebro, prejudicando a comunicação entre as células nervosas. Além de causar resistência à insulina no cérebro, impedindo que os neurônios absorvam glicose de maneira eficiente, levando à sua degeneração.
Embora essa relação ainda não seja totalmente compreendida, especialistas já consideram o diabetes um fator de risco para demência vascular. Além disso, pesquisas indicam que as mulheres têm um risco 19% maior de desenvolver a doença em comparação aos homens.
A relação entre diabetes e Alzheimer continua sendo um campo de intensa pesquisa. No entanto, especialistas recomendam que o controle da glicose no sangue, a adoção de uma alimentação equilibrada e a prática regular de exercícios físicos podem ajudar a reduzir os riscos de comprometimento cognitivo.
Sinais e sintomas do diabetes tipo 3
Embora não seja uma classificação oficial, os sintomas que podem estar relacionados ao diabetes tipo 3 são, muitas vezes, semelhantes aos observados em pessoas com diabetes tipo 2 e demência.
Segundo a Alzheimer’s Association os primeiros sinais que indicam essa condição são:
- Perda de memória recente;
- Dificuldade para resolver problemas ou fazer planos;
- Dificuldade em completar tarefas familiares;
- Perda de noção de datas, estações e a passagem do tempo;
- Dificuldade em entender imagens visuais e relações espaciais;
- Perder coisas e ser incapaz de refazer os passos para encontrá-las;
- Mal julgamento e tomada de decisão;
- Afastamento do trabalho ou de atividades sociais;
- Mudanças de humor e personalidade.
Esquecer nomes, palavras ou eventos recentes é um sintoma comum do DM3 – Foto: Adobe Stock
É importante notar que algumas mudanças na memória e nos hábitos podem fazer parte do envelhecimento. No entanto, se você ou alguém que conhece apresentar esses sintomas, é fundamental procurar um médico neurologista para uma avaliação detalhada.
Avanços científicos e pesquisas relevantes
Nos últimos anos, diversos estudos têm sido conduzidos para entender melhor a relação entre o diabetes e o Alzheimer.
Uma das pesquisas pioneiras nesse campo foi o estudo Rotterdam, um estudo epidemiológico que acompanhou mais de 6.000 idosos por dois anos e revelou uma correlação positiva entre a presença de diabetes mellitus e o aumento do risco de desenvolver demência.
Com base nos dados obtidos, os pesquisadores concluíram que pessoas com diabetes mellitus apresentam uma probabilidade maior de desenvolver a doença de Alzheimer em comparação com aqueles sem a doença.
Além disso, um estudo mais recente indicou que homens que ganharam peso entre os 30 e 45 anos e mulheres com índice de massa corporal (IMC) superior a 30 na mesma faixa etária têm um risco aumentado de desenvolver Alzheimer.
O excesso de peso pode aumentar o risco de doenças neurodegenerativas – Foto: Adobe Stock
Já um estudo sueco apontou que homens que desenvolvem diabetes tipo 2 por volta dos 50 anos apresentam um risco maior de desenvolver a doença de Alzheimer.
Além disso, os pesquisadores descobriram que homens com baixa produção de insulina aos 50 anos de idade têm 150% mais chances de desenvolver Alzheimer em comparação com aqueles que mantêm uma produção normal do hormônio.
Essas pesquisas reforçam a hipótese de que a resistência à insulina, um fator comum no diabetes tipo 2, pode ser um fator no desenvolvimento de demência, especialmente no Alzheimer.
Prevenção e cuidados com a saúde neurológica
Atualmente, não há um exame específico para diagnosticar o diabetes tipo 3 (DM3).
O que os especialistas observam são sinais de dificuldade de memória, confusão mental e redução da capacidade de aprendizado em pacientes com histórico de diabetes tipo 2 (DM2) não controlado.
Por isso, se você tem diabetes mellitus tipo 2, controlar sua condição com medicamentos e hábitos saudáveis pode ajudar a prevenir problemas metabólicos e neurológicos, incluindo o comprometimento cognitivo.
Manter o diabetes sob controle é essencial para prevenir complicações neurológicas – Foto: Adobe Stock
Algumas medidas para manter o DM2 sob controle e reduzir riscos à saúde cerebral são:
- Praticar pelo menos 150 minutos semanais de atividades aeróbicas (como caminhada, corrida ou ciclismo) combinadas com exercícios de resistência, como musculação;
- Manter uma alimentação equilibrada, priorizando alimentos com baixo índice glicêmico, ricos em fibras, gorduras saudáveis e proteínas magras;
- Evitar o consumo de açúcares refinados e ultraprocessados;
- Seguir corretamente o tratamento médico, para evitar picos de glicemia;
- Monitorar regularmente os níveis de glicose no sangue, pressão arterial e colesterol;
- Exercitar a mente com leitura, jogos de raciocínio, aprendizado contínuo e atividades que envolvam criatividade e resolução de problemas;
- Dormir bem (de 7 e 9 horas por noite);
- Reduzir o estresse com meditação, yoga e técnicas de respiração.
Além dessas medidas, consultar um médico regularmente e realizar exames preventivos é fundamental para detectar fatores de risco precocemente e garantir uma melhor qualidade de vida.
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Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária