Segundo o Ministério da Saúde, o Diabetes é uma doença crônica que ocorre quando o pâncreas não produz insulina suficiente – hormônio que regula a glicose (açúcar) no sangue – ou o corpo não a utiliza adequadamente.
A insulina é um hormônio produzida pelo pâncreas que tem a função de quebrar as moléculas de glicose (açúcar) transformando-a em energia para o bom funcionamento do organismo. A falta desse hormônio pode causar déficit na metabolização da glicose e, consequentemente, diabetes.
Além disso, esse desequilíbrio, se não tratado, pode trazer complicações sérias para a saúde, como problemas cardiovasculares, lesões renais, e danos aos nervos, além de aumentar o risco de amputações e feridas de difícil cicatrização.
Tipos de Diabetes:
O diabetes pode se apresentar de diversas formas e possui diferentes tipos:
1. DIABETES TIPO 1
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, o Atlas da Federação Internacional de Diabetes (IDF), apontou que no Brasil 92.300 crianças e adolescentes têm diabetes tipo 1.
O diabetes tipo 1 é uma condição autoimune em que o sistema imunológico ataca as células produtoras de insulina no pâncreas. Pode se manifestar em qualquer fase da infância ou na vida adulta, sendo mais comum entre os quatro e seis anos e entre os dez e 14 anos.
2.DIABETES TIPO 2
O diabetes tipos 2 está associado à resistência à insulina e à produção insuficiente desse hormônio. Entre os principais fatores que contribuem para essa condição estão o sobrepeso, a falta de atividade física, níveis elevados de triglicerídeos, hipertensão e hábitos alimentares inadequados.
A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), ressalta a importância de adotar a pratica de atividades físicas na rotina, pois isso pode ajudar no controle da glicemia, especialmente para quem convive com o diabetes tipo 2, que representa o tipo mais comum, afetando entre 90% a 95% dos 20 milhões de brasileiros diagnosticados com a doença.
3. DIABETES GESTACIONAL
O diabetes gestacional aparece durante a gestação em função de mudanças hormonais que comprometem a ação da insulina. Apesar de normalmente desaparecer após o nascimento do bebê, a SBD ressalta que as mulheres que enfrentaram diabetes gestacional correm um risco elevado de desenvolver diabetes tipo 2.
Além disso, os filhos dessas mulheres também têm uma probabilidade maior de se tornarem obesos e desenvolverem diabetes tipo 2 ao longo de suas vidas.
4. OUTROS TIPOS
De acordo com o Ministério da Saúde, existem outros tipos de diabetes que podem surgir devido a defeitos genéticos associados com outras doenças ou como consequência do uso de medicamentos. Confira os principais:
- Diabetes Insipidus (DI): é uma condição rara que provoca aumento excessivo na produção de urina e sede excessiva. Ocorre devido à deficiência do hormônio antidiurético (ADH) ou resistência à sua ação nos túbulos renais. Apesar do nome, o DI não está relacionado ao diabetes mellitus, que afeta o controle do açúcar no sangue;
- Diabetes Latente Autoimune do Adulto (LADA): uma forma de diabetes em que o diagnóstico inicial parece ser de Tipo 2, mas o paciente desenvolve um processo autoimune, levando à destruição progressiva das células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina;
- MODY (Maturity-Onset Diabetes of the Young): causado por mutações genéticas que afetam diretamente a produção de insulina. Essa forma de diabetes geralmente é diagnosticada em pessoas mais jovens, mas com características que podem se assemelhar ao Tipo 2.
Causas e Fatores de Risco:
O diabetes é uma condição que pode ser desencadeada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Entre os principais fatores de risco estão:
- Histórico familiar de diabetes: parentes próximos com a condição aumentam o risco;
- Diagnóstico de pré-diabetes: níveis elevados de glicose no sangue, mas ainda abaixo do limiar para o diabetes;
- Sobrepeso e obesidade: excesso de peso, especialmente na região abdominal, está diretamente ligado ao diabetes Tipo 2;
- Pressão alta (hipertensão): frequentemente associada à resistência à insulina;
- Sedentarismo: a falta de atividade física reduz a sensibilidade do corpo à insulina;
- Colesterol alto ou alterações nos triglicerídeos: desequilíbrios metabólicos que impactam a saúde e o controle glicêmico;
- Alimentação inadequada: dietas ricas em açúcar e gorduras aumentam o risco;
- Idade avançada: especialmente relevante no diabetes Tipo 2, que é mais comum após os 45 anos;
- Doenças renais crônicas: associadas a complicações metabólicas;
- Gestação e peso ao nascer: mulheres que tiveram diabetes gestacional ou filhos com peso superior a 4kg estão mais suscetíveis;
- Síndrome dos ovários policísticos (SOP): frequentemente acompanhada de resistência à insulina;
- Distúrbios psiquiátricos: condições como esquizofrenia, depressão e transtorno bipolar estão ligadas a alterações metabólicas e hormonais;
- Apneia do sono: interfere nos mecanismos hormonais e metabólicos, aumentando o risco;
- Uso prolongado de glicocorticoides: medicamentos dessa classe podem elevar os níveis de glicose no sangue.
Sintomas Comuns:
Os sintomas variam de acordo com o tipo de diabetes, mas os sinais de alerta mais comuns são:
Diabetes Tipo 1 | Diabetes Tipo 2 |
Fome frequente | Fome frequente |
Sede constante | Sede constante |
Vontade de urinar diversas vezes ao dia | Formigamento nas mãos e nos pés |
Perda de peso | Vontade de urinar diversas vezes |
Fraqueza e cansaço excessivo | Infecções frequentes (bexiga, rins, pele) |
Mudanças de humor | Feridas que demoram para cicatrizar |
Náusea e vomito | Visão embaçada |
Diagnóstico do Diabetes:
O diagnóstico de diabetes é feito com base em exames de sangue que medem os níveis de glicose (açúcar) no organismo:
O exame mais comum para diagnosticar diabetes é a glicemia em jejum, que deve ser realizado após um período de pelo menos 8 horas sem ingerir alimentos. Os valores de referência são:
- Normal: inferior a 99 mg/dL;
- Pré-diabetes: entre 100 e 125 mg/dL;
- Diabetes: igual ou superior a 126 mg/dL em mais de uma ocasião.
- Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG)
Caso a glicemia em jejum estiver alterada, o médico pode solicitar o TOTG. Neste exame, o paciente ingere um líquido açucarado, e a glicemia é medida após duas horas. Valores superiores a 200 mg/dL indicam diabetes.
Quando a glicemia é medida em qualquer momento do dia e apresenta valor igual ou superior a 200 mg/dL, acompanhada de sintomas clássicos de diabetes (como sede excessiva, aumento da micção e perda de peso), o diagnóstico é confirmado.
Tratamento e Controle:
O controle do diabetes requer mudanças no estilo de vida, medicação e monitoramento constante. Os métodos do tratamento para manter a glicemia sob controle são:
- Alimentação saudável: manter uma dieta equilibrada com controle de carboidratos, priorizando alimentos ricos em fibras, proteínas magras e gorduras boas;
- Exercícios físicos: praticar atividades físicas regularmente, como caminhada, musculação ou natação, ajudam a melhorar a sensibilidade à insulina, controlar o peso e reduzir os níveis de glicose no sangue;
- Medicação (Diabetes Tipo 1): os pacientes precisam de injeções diárias de insulina para manter os níveis de glicose dentro da faixa normal;
- Medição (Diabetes Tipo 2): tratamento é personalizado de acordo com as necessidades individuais, podendo incluir:
- Inibidores da alfaglicosidase: reduzem a absorção de carboidratos no intestino;
- Sulfonilureias: estimulam a produção de insulina pelo pâncreas;
- Glinidas: também promovem a liberação de insulina pelas células pancreáticas;
- Monitoramento: medir regularmente a glicemia para acompanhar o controle da doença e evitar complicações. Muitos pacientes utilizam glicosímetros ou dispositivos de monitoramento contínuo para facilitar esse processo.
No caso do Diabetes Tipo 2, a condição frequentemente está associada a outras doenças, como obesidade, sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados e hipertensão. Por isso, o tratamento precisa ser integrado, abordando não apenas o controle da glicemia, mas também as condições relacionadas.
Complicações a Longo Prazo:
Quando o diabetes é mau controlado, os níveis elevados de glicose no sangue podem causar uma série de complicações à saúde, como:
1.Retinopatia diabética
O excesso de glicose pode danificar os vasos sanguíneos da retina do olho, podendo levar à perda parcial ou completa da visão, sendo uma das principais causas de cegueira em adultos.
2.Nefropatia diabética
Os rins também podem ser afetados, já que o diabetes compromete os pequenos vasos responsáveis pela filtração do sangue, podendo evoluir para insuficiência renal e exigindo diálise ou até transplante.
3.Neuropatia diabética
Altos níveis de glicose podem danificar os nervos periféricos, dificultando a transmissão de mensagens entre o cérebro e o resto do corpo. Isso pode resultar em formigamento, dores ou até perda de sensibilidade, especialmente nos pés e mãos.
4.Doenças cardiovasculares
O diabetes aumenta o risco de infarto, derrame e outras doenças do coração, devido à combinação de fatores como níveis elevados de glicose, pressão alta e colesterol desequilibrado.
5.Lesões no pé do paciente diabético
As feridas diabéticas ocorrem quando uma área machucada ou infeccionada nos pés desenvolve uma úlcera (ferida), sem tratamento adequado, podem infeccionar gravemente. Em casos mais severos, essas lesões podem levar à amputação do membro afetado.
6.Infecções
O excesso de glicose no sangue enfraquece o sistema imunológico, tornando o organismo mais sucessível a infecções, como as da pele, trato urinário e outros sistemas.
Prevenção do Diabetes:
A melhor forma de prevenir o desenvolvimento do diabetes é adotar hábitos saudáveis, que incluem:
- Manter uma alimentação balanceada, rica em fibras e com baixo teor de açúcar;
- Praticar atividades físicas regularmente;
- Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool;
- Controlar o peso corporal;
- Realizar check-ups periódicos para detectar precocemente fatores de risco.
Descubra mais sobre como cuidar da sua saúde e prevenir o diabetes. Clique no artigo: “9 sinais na pele que podem indicar diabetes”.
Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária