O biofilme é uma comunidade de microrganismos que se agrupam em uma fina película composta por açúcares e proteínas, formando uma barreira sobre superfícies onde podem se desenvolver.
Essa estrutura proporciona às comunidades microbianas um ambiente propício para sua sobrevivência e proliferação.
Como o biofilme se desenvolve?
A formação do biofilme acontece quando a primeira bactéria atrai outras ou se reproduz, fazendo inúmeras cópias de si mesma. A partir do momento em que elas se juntam, começam a fabricar substâncias pegajosas chamadas de “substâncias poliméricas e extracelulares” (SPE).
“O SPE consiste em polissacarídeos, DNA extracelular, proteínas, lipídios, surfactantes, flagelos e pili. Esta matriz polimérica protege os microrganismos, pois forma-se ao redor e sobre o crescimento microbiano, promovendo o desenvolvimento da comunidade e protegendo-a de ameaças à sua sobrevivência. Além disso, o biofilme é poroso, permitindo a entrada de nutrientes e a eliminação de resíduos”, explica Andrezza Silvano Barreto, enfermeira da Vuelo Pharma.
Onde o biofilme pode ser formar?
Os biofilmes podem se formar em qualquer superfície úmida onde haja alimento para as bactérias. Assim, podem se aderir a superfícies bióticas (superfícies com vida), como dentes, tecidos e células, ou, então, superfícies úmidas e abióticas (superfícies sem vida).
O que causa biofilme?
O biofilme é a principal causa do atraso no processo de cicatrização de feridas e está presente na maioria das feridas crônicas.
Quando uma ferida é contaminada, as bactérias presentes podem se agrupar e formar o biofilme. Ao fazer isso, elas não apenas se protegem contra os esforços do sistema imunológico do paciente, como também criam um ambiente propício para sua própria proliferação.
Esse cenário pode retardar o processo de cicatrização e, ainda, causar inflamação prolongada e infecções crônicas.
“A infecção na ferida crônica é persistente e a frequente formação de comunidades bacterianas complexas, denominadas biofilmes, são um mecanismo de resistência e sobrevivência que aumentam significativamente a complexidade do tratamento”, explica Andrezza.
Como identificar o biofilme em lesões de pele?
O diagnóstico, que deve ser realizado por um profissional de saúde, identifica sinais locais e sistêmicos.
Os principais sintomas são:
- Presença de eritema (vermelhidão) que se estende até a borda da lesão;
- Aumento do tamanho da lesão;
- Início ou aumento da dor;
- Calor local;
- Descoloração da pele ao redor da lesão;
- Febre;
- Mal-estar;
- Linfonodomegalia (aumento dos gânglios linfáticos);
- Atraso na cicatrização.
No caso de infecções mais graves, outros sintomas também podem surgir, como:
- Secreção purulenta;
- Confusão ou delírio;
- Anorexia (principalmente em idosos).
A enfermeira Andrezza complementa que “Os sintomas clínicos podem incluir rubor, dor, umidade excessiva, infecção persistente, falha no tratamento antimicrobiano, resultados negativos em cultura, apesar da colonização bacteriana, e ferida recalcitrante”.
Ao perceber qualquer um dos sintomas acimas, procure um profissional de saúde especializado.
Como tratar a ferida com a presença de biofilme?
O melhor caminho para tratar o biofilme é por meio de uma avaliação geral para definição de estratégias que minimizem ou eliminem os riscos de infecção.
Para o tratamento efetivo do biofilme, deve-se realizar a limpeza da lesão a cada troca de curativo. Além disso, o desbridamento mecânico, realizado pelo profissional de saúde, também tem se mostrado muito importante nesses casos.
“O desbridamento tem sido mencionado na literatura como uma conduta essencial na gestão dos biofilmes em feridas crônicas. O desbridamento é ainda mais efetivo quando a carga biológica do biofilme ainda é imatura e mais suscetível à ação dos antimicrobianos”, detalha Andrezza.
A enfermeira ainda destaca a importância do conceito de Preparo do Leito da Ferida (WBP – Wound Bed Preparation), uma abordagem sistemática que visa remover as barreiras para cicatrização da ferida. Essa linha sugere o uso da ferramenta TIME, que avalia:
- T: tecido inviável;
- I: infecção/inflamação;
- M: desequilíbrio da umidade;
- E: margem não avança.
Na presença de biofilme, é possível fazer o tratamento com a Membracel?
A Membracel pode ser utilizada no tratamento da lesão após a remoção do biofilme, por meio do desbridamento mecânico.
A Membrana Regeneradora Porosa Membracel pode ser utilizada em qualquer situação em que ocorra a perda da pele, seja em lesões superficiais ou profundas. Por conter poros, a Membrana favorece as trocas gasosas, mantendo a umidade natural da região. Esses fatores colaboram para a formação do tecido de granulação, que é a fase inicial e essencial do processo de reepitelização.
Dessa forma, a Membracel acelera a cicatrização da pele, diminuindo o tempo e os custos com o tratamento.
“A Membracel não necessita de trocas diárias. No início do tratamento, a membrana pode permanecer na lesão entre 5 e 7 dias. O tempo de permanência vai aumentando de acordo com a evolução do tratamento, podendo chegar a 12 dias, se não houver sinais de infecção, mau cheiro ou contaminação. Em muitos casos, uma única membrana é necessária até que a lesão esteja 100% cicatrizada”, ressalta Andrezza.
Tratamento de lesões com a Membracel
Membracel é um curativo especial que substitui temporariamente a pele e acelera o processo de cicatrização, fazendo com que a lesão cicatrize mais rápido e consequentemente diminua a possibilidade da formação dessa estrutura chamada biofilme.
Além disso, o uso da Membracel traz vários outros benefícios, como:
- Protege a lesão: Funciona como uma barreira física, reduzindo a área exposta da lesão em até 95% e evitando a contaminação por agentes externos;
- Acelera a cicatrização: Favorece a formação do tecido de granulação, etapa essencial do processo de cicatrização da pele;
- Alivia a dor: Isola as terminações nervosas, aliviando a dor já na primeira aplicação;
- Não necessita de trocas diárias: Por ser um curativo de longa permanência, não necessita de trocas frequentes. Além de colaborar para o bem-estar do paciente, esse fator ajuda a evitar traumas no tecido recém-formado, mantendo a integridade do tecido de granulação;
- Não causa reações adversas: É atóxica e inerte, não causando reações alérgicas quando em contato com a pele;
- Contém poros: Os poros da membrana permitem a drenagem do excesso de exsudato (secreção da ferida) para um curativo secundário, mantendo a umidade ideal no leito da lesão. Além disso, os poros favorecem as trocas gasosas, importantes para o processo de cicatrização.
Ficou com alguma dúvida sobre o biofilme ou seu tratamento? Compartilhe nos comentários para que possamos ajudar.
Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária