Você sabia que o lúpus eritematoso é uma doença autoimune que pode afetar múltiplos órgãos e tecidos do corpo?
Muitas pessoas convivem com sintomas sem saber que têm lúpus, já que a doença pode se manifestar de diferentes formas.
Mas como saber se você tem lúpus? Hoje, você vai entender o que é lúpus, seus sintomas, causas e como conviver com essa condição da melhor forma possível.
O que é lúpus eritematoso?
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença inflamatória crônica de origem autoimune, que faz com que o sistema imunológico ataque os próprios tecidos do corpo, causando inflamação em órgãos e articulações.
Segundo o Ministério da Saúde, o LES é a forma mais comum da doença, representando cerca de 70% dos casos de lúpus.
Além disso, afeta principalmente mulheres entre 15 e 40 anos, embora também possa ocorrer em homens e crianças.
Os dois principais tipos de lúpus são:
- Lúpus cutâneo: se manifesta apenas na pele, causando manchas avermelhadas (ou eritematosas) principalmente em áreas expostas ao sol, como rosto, orelhas, colo e braços.
- Lúpus sistêmico: além das manifestações na pele, pode comprometer um ou mais órgãos internos, como rins, pulmões, coração e cérebro, tornando-se potencialmente grave.
Lúpus eritematoso sistêmico no rosto – Foto: Adobe Stock
Causas e fatores de risco do lúpus
A causa exata do lúpus eritematoso ainda não é totalmente compreendida, mas estudos sugerem que a doença está relacionada a uma combinação de fatores genéticos, hormonais, ambientais e infecciosos.
Um estudo recente, publicado na revista científica Nature, aponta uma possível origem para a doença: um defeito molecular no sangue dos pacientes, que pode desencadear a resposta autoimune característica do lúpus.
Normalmente, a pessoa descobre que tem lúpus após uma crise desencadeada por algum dos fatores abaixo:
- Exposição inadequada ao sol, especialmente em horários de radiação intensa;
- Infecções, que podem tanto iniciar o lúpus quanto causar recaídas da doença;
- Uso de determinados medicamentos, como antibióticos, anticonvulsivantes e fármacos para controle da pressão alta.
Embora o lúpus possa afetar qualquer pessoa, alguns grupos correm um risco maior:
- Mulheres em idade fértil são as mais afetadas pela doença;
- Pessoas com histórico familiar de doenças autoimunes apresentam maior predisposição;
- Afro-americanos, hispânicos e asiáticos têm uma incidência mais elevada de lúpus;
- Mulheres negras têm um risco três a quatro vezes maior de desenvolver a doença do que mulheres brancas;
- Altos níveis de estresse podem desencadear ou agravar os sintomas do lúpus;
- A maioria dos casos de lúpus ocorre entre 15 e 40 anos, mas a doença pode surgir em qualquer idade.
Agora que você conhece as possíveis causas e fatores de risco, vamos aos sinais de alerta que seu corpo pode estar enviando.
Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, o estresse pode desencadear ou reativar os sintomas da doença – Foto: Adobe Stock
Sintomas do lúpus eritematoso
O lúpus é conhecido como a “doença das mil faces” porque seus sintomas variam muito de pessoa para pessoa.
Além disso, a doença apresenta períodos de remissão (quando os sintomas desaparecem) e crises (quando os sintomas se intensificam).
Fique atento aos sintomas mais comuns:
- Fadiga extrema que não melhora com descanso;
- Dores articulares e musculares constantes;
- Manchas vermelhas no rosto em formato de borboleta;
- Lesões na pele que surgem ou pioram, principalmente após exposição ao sol;
- Queda de cabelo excessiva;
- Febre baixa e persistente sem motivo aparente;
- Dores no peito ao respirar fundo;
- Sensação de confusão mental ou perda de memória;
- Inchaço nos pés e nas mãos.
Se você percebeu alguns desses sintomas, a melhor forma de confirmar o diagnóstico é consultando um médico.
Diagnóstico do lúpus
O diagnóstico do lúpus eritematoso sistêmico (LES) não é simples e pode levar anos até ser confirmado.
Isso porque os sintomas variam de pessoa para pessoa e podem mudar ao longo do tempo, muitas vezes se confundindo com sinais de outras doenças autoimunes ou inflamatórias.
Além disso, não existe um único exame específico para confirmar o diagnóstico. Em vez disso, o reumatologista avalia sintomas clínicos, realiza um exame físico detalhado e solicita diferentes exames laboratoriais e de imagem para chegar a um diagnóstico preciso.
O reumatologista é o especialista indicado para diagnosticar e tratar o lúpus – Foto: Adobe Stock
Os exames para mais comuns para diagnosticar Lúpus são:
- Exame físico: médico analisa sinais como lesões na pele, inchaço nas articulações, queda de cabelo e outros sintomas característicos.
- Exames de anticorpos: incluem a pesquisa de anticorpos antinucleares (ANA), que estão presentes na maioria dos pacientes com lúpus.
- Hemograma completo: pode revelar anemia, baixa contagem de plaquetas ou glóbulos brancos, condições comuns em pessoas com lúpus.
- Radiografia do tórax: ajuda a verificar possíveis inflamações nos pulmões.
- Biópsia renal: indicada quando há suspeita de comprometimento dos rins, permitindo avaliar a gravidade da doença.
- Exame de urina: identifica a presença de proteínas ou sangue na urina, o que pode indicar inflamação nos rins (nefrite lúpica).
Com o diagnóstico confirmado, o próximo passo é iniciar o tratamento adequado.
Tratamento do lúpus eritematoso
Embora não exista cura para o lúpus eritematoso, o tratamento adequado pode controlar os sintomas, reduzir inflamações e prevenir complicações graves, proporcionando mais qualidade de vida ao paciente.
Como o lúpus se manifesta de forma diferente em cada pessoa, os médicos podem prescrever diferentes classes de medicamentos, dependendo da gravidade e dos órgãos afetados.
Os medicamentos mais comuns usados no tratamento do lúpus são:
- Anticoagulantes para reduzir o risco de coágulos sanguíneos, que podem levar a tromboses e outras complicações vasculares.
- Anti-inflamatórios para ajudar a aliviar dores e inflamações, principalmente nas articulações.
- Antimaláricos para proteger a pele contra lesões e erupções cutâneas induzidas pela luz ultravioleta (UV).
- Produtos biológicos para ajudar a regular o sistema imunológico, reduzindo os ataques contra os próprios tecidos do corpo.
- Imunossupressores para diminuir a atividade do sistema imunológico, evitando danos a órgãos vitais.
- Corticosteroides (esteróides) para ajudar a combater inflamações intensas e crises agudas da doença.
Cada medicamento possui possíveis efeitos colaterais, que podem variar de leves a graves. Por isso, é importante seguir rigorosamente a orientação médica e nunca interromper o tratamento por conta própria.
Apesar de não ter cura, o lúpus pode ser controlado com tratamento, melhorando a qualidade de vida – Foto: Adobe Stock
Conviver com o lúpus: Qualidade de vida e cuidados diários
O lúpus eritematoso sistêmico exige acompanhamento médico contínuo, mas alguns hábitos diários podem ajudar a manter a doença sob controle.
A sensibilidade ao sol é uma das principais preocupações para quem tem lúpus, pois a exposição pode desencadear lesões na pele e até crises sistêmicas.
Para se proteger:
- Use protetor solar de amplo espectro (FPS 60 ou superior) que bloqueie os raios UVA e UVB todos os dias, mesmo em dias nublados ou na sombra.
- Reaplique o protetor solar a cada duas horas ou sempre que se molhar ou suar excessivamente.
- Proteja seus lábios com um protetor labial à base de cera com FPS 15 ou superior.
- Planeje atividades ao ar livre nas primeiras horas da manhã ou no fim da tarde, quando a radiação solar é menos intensa.
- Use roupas com proteção UVA e UVB, além de peças de manga longa, calças, óculos escuros e chapéus de aba larga ou bonés.
- Mantenha uma alimentação equilibrada e pratique atividades físicas para fortalecer o sistema imunológico.
- Priorize boas noites de sono, pois o descanso adequado ajuda a controlar a fadiga.
- Controle o estresse com técnicas de relaxamento, como meditação e yoga.
- Evite fumar e o consumo excessivo de álcool, pois ambos podem agravar a inflamação e intensificar os sintomas.
Agora você já sabe como controlar o lúpus e ter mais qualidade de vida. Mas lembre-se: o acompanhamento médico regular é indispensável.
Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária