O que é a incontinência urinária feminina?
A incontinência urinária feminina é a perda involuntária de urina, um problema que afeta a qualidade de vida de milhões de mulheres no mundo todo.
A condição pode ocorrer em diferentes situações do dia a dia, como ao tossir, espirrar, rir ou até mesmo ao praticar atividades físicas.
Dados da Sociedade Brasileira de Urologia mostram que a incontinência urinária atinge cerca de 35% das mulheres com mais de 40 anos e após a menopausa, e 40% das gestantes, afetando diretamente a qualidade de vida e autoestima.
A gestação após 20 semanas é um fator que pode desencadear o escape de urina – Fonte: Adobe Stock
A incontinência urinária não é uma condição única, mas sim um conjunto de diferentes manifestações, cada uma com causas e características especificas.
Os principais tipos são:
- Incontinência urinária de esforço: ocorre quando há perda involuntária de urina ao realizar esforços físicos, como tossir, espirrar, rir ou levantar peso.
- Incontinência urinária de urgência: caracteriza-se por uma vontade súbita e intensa de urinar, muitas vezes sem tempo de chegar ao banheiro.
- Incontinência urinária mista: é a combinação dos sintomas da incontinência de esforço e de urgência.
Independentemente do tipo e da quantidade de urina perdida, a incontinência urinária causa um impacto muito grande na vida das mulheres.
No entanto, é importante saber que existem tratamentos eficazes para controlar e até eliminar o problema, melhorando a qualidade de vida.
Causas da incontinência urinária feminina
A incontinência urinária feminina pode ser causada por diversos fatores, sendo os mais comuns:
- Alterações hormonais: menopausa pode deixar os tecidos do sistema urinário menos elásticos, dificultando o controle da bexiga.
- Aumento da pressão abdominal: gravidez, obesidade, tosse crônica, constipação crônica e exercícios físicos de alto impacto.
- Traumas e cirurgias: parto vaginal (normal ou fórceps), lesões no períneo e cirurgias ginecológicas como histerectomia.
- Doenças neurológicas: AVC, esclerose múltipla, lesão na medula espinhal e neuropatias periféricas.
- Infecções urinárias: inflamações na bexiga podem causar episódios temporários de incontinência.
- Envelhecimento: com o avanço da idade, os tecidos e músculos da região pélvica perdem elasticidade, reduzindo a capacidade de controle da bexiga.
- Uso de medicamentos: diuréticos, antidepressivos e sedativos podem interferir no controle urinário.
O uso de certos medicamentos podem desencadear o escape de urina – Fonte: Pixabay
Sintomas e diagnóstico
Os principais sintomas da incontinência urinária feminina são:
- Perda de urina ao tossir, espirrar, rir ou fazer atividades físicas.
- Perda de urina ao levantar peso.
- Vontade urgente e frequente de urinar.
- Acordar várias vezes à noite para urinar (noctúria).
- Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga.
Para identificar a causa e o tipo de incontinência urinária, o médico pode solicitar diferentes avaliações, como:
- Histórico clínico e exame físico, que inclui perguntas sobre sintomas, frequência das perdas urinárias e histórico ginecológico.
- Diário miccional, onde a paciente registra a quantidade de líquidos ingeridos, a frequência urinária e eventuais escapes ao longo do dia.
- Exames laboratoriais, como urinálise para descartar infecções ou outras condições.
- Exames de imagem, como ultrassom do trato urinário para avaliar alterações na bexiga e na uretra.
- Estudos urodinâmicos, que medem a pressão dentro da bexiga e o funcionamento dos músculos envolvidos no controle urinário.
- Urofluxometria, que avalia o fluxo urinário e possíveis obstruções.
- Cistoscopia, para visualizar a bexiga internamente (útil em casos de suspeita de lesões ou outras anormalidades).
Incontinência urinária feminina tem cura?
A boa notícia é que, sim, a incontinência urinária feminina pode ser tratada e, em muitos casos, curada.
Atualmente, existem diversas opções terapêuticas que ajudam a reduzir ou até eliminar os episódios de perda urinária, proporcionando mais qualidade de vida para as pacientes
No entanto, o sucesso do tratamento depende de fatores como o tipo e a gravidade da incontinência, a idade da paciente e seu histórico médico.
Em alguns casos, mudanças simples nos hábitos diários já fazem diferença, enquanto em outros é necessário um tratamento mais estruturado.
Manter-se ativo ajuda no tratamento da incontinência urinária – Foto: Freepik
Tratamentos para incontinência urinária feminina
O tratamento para a incontinência urinaria feminina varia conforme o tipo e a gravidade da condição, bem como as necessidades especificas de cada paciente.
Mudanças de estilo de vida
Algumas mudanças de hábito no dia a dia podem ajudar a controlar os episódios de incontinência urinária:
- Dieta balanceada: evitar alimentos irritantes para a bexiga, como bebidas alcoólicas, cafeína e alimentos cítricos.
- Controle da hidratação: reduzir a ingestão de líquidos à noite para evitar idas frequentes ao banheiro durante o sono.
- Evitar sobrecarga na bexiga: não esperar muito tempo para ir ao banheiro, pois o ideal é urinar a cada 3 horas.
- Controle de doenças subjacentes: controlar condições como diabetes e infecções urinárias que podem agravar a incontinência.
Adotar hábitos saudáveis são essenciais para prevenir e tratar a IU – Fonte: Freepik
Tratamento clínico da incontinência urinária de esforço
A incontinência de esforço que ocorre quando há perda involuntária de urina ao realizar esforços físicos, pode ser tratada com:
- Fisioterapia do assoalho pélvico: exercícios específicos para fortalecer os músculos responsáveis pelo controle urinário.
- Tratamento da hipotrofia genital: o uso de estrogênio tópico ou terapias como a laserterapia pode ajudar a recuperar a tonicidade muscular e melhorar a função do assoalho pélvico.
Treinamento da musculatura do assoalho pélvico – Foto: Freepik
Tratamento clínico da incontinência urinária de esforço
Quando os tratamentos clínicos não são suficientes, as opções cirúrgicas podem ser consideradas:
- Sling: o procedimento padrão, onde uma faixa de material sintético é colocada para dar suporte à uretra.
- Burch: uma técnica cirúrgica sem o uso de faixa, onde os ligamentos que sustentam a bexiga são reposicionados.
- Injeção periuretral: injeção de substâncias para aumentar a resistência da uretra e prevenir vazamentos.
A injeção periuretral é um procedimento minimamente invasivo – Foto: Freepik
Tratamento clínico da bexiga hiperativa
A bexiga hiperativa é caracterizada pela vontade urgente e frequente de urinar e pode ser tratada com:
- Fisioterapia do assoalho pélvico: pode ser combinada com neuroestimulação no nervo tibial posterior para melhorar o controle da bexiga.
- Medicamentos orais: o uso de medicamentos como anticolinérgicos, antidepressivos tricíclicos e beta3 agonistas pode ajudar a controlar os sintomas.
O uso de medicamentos para tratar a IU devem ser indicados por um médico especialista – Foto: Freepik
Tratamento cirúrgico da bexiga hiperativa
Nos casos mais graves de bexiga hiperativa, quando os tratamentos clínicos não têm resultado, as opções cirúrgicas podem ser recomendadas:
- Injeção de toxina botulínica na bexiga: ajuda a reduzir a atividade excessiva da bexiga.
- Neuromodulação sacral: estimulação elétrica dos nervos sacrais para controlar a função da bexiga.
Como prevenir ou reduzir os sintomas da incontinência urinária
Algumas medidas podem ajudar a prevenir a incontinência urinária ou reduzir os sintomas:
- Controlar o peso corporal;
- Praticar exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico regularmente ou fisioterapia do assoalho pélvico com profissionais especializados;
- Reduzir a ingestão de líquidos antes de dormir;
- Programar idas ao banheiro em intervalos regulares, mesmo quando não houver vontade de urinar;
- Evitar bebidas irritantes para a bexiga, como café, álcool e bebidas cítricas;
- Manter uma dieta rica em fibras, com alimentos como frutas, vegetais e grãos integrais;
- Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool;
- Beber bastante água e praticar atividades físicas regulares;
- Evitar o uso excessivo de diuréticos.
Se os sintomas persistirem, é importante procurar orientação médica para um diagnóstico e tratamento adequado.
Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária