Você sabia que o Brasil ocupao segundo lugar no mundo em novos casos de hanseníase diagnosticados anualmente? Apesar dos avanços no combate à doença, os números ainda são alarmantes, especialmente em regiões com maior vulnerabilidade social.
Com uma taxa de 10,68 casos por 10 mil habitantes, a hanseníase continua sendo um desafio de saúde pública no país, impactando a qualidade de vida e aumentando as desigualdades sociais.
O diagnóstico precoce é a chave para reverter esse cenário. Identificar os primeiros sinais da hanseníase, não apenas evita complicações graves, como também interrompe a transmissão da doença, protegendo famílias e comunidades inteiras.
A seguir, você vai aprender a identificar os sinais da hanseníase e entender a importância de procurar ajuda médica ao primeiro sintoma.
O que é hanseníase e como ocorre a transmissão?
A hanseníase é uma doença infecciosa, contagiosa e crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Essa bactéria pode afetar a pele, as mucosas e os nervos periféricos, especialmente em regiões como braços, mãos, pernas e pés, comprometendo tanto a sensibilidade quanto os movimentos dessas áreas.
A transmissão acontece pelo contato próximo e prolongado com pessoas que não estão em tratamento. O contágio ocorre pelas vias aéreas superiores, como ao respirar partículas eliminadas por meio de tosse, espirros ou fala de pacientes na forma contagiosa da doença (também conhecida como multibacilar).
Vale ressaltar que objetos pessoais não transmite a hanseníase, e pessoas que recebem o tratamento adequado param de transmitir a doença rapidamente, protegendo quem está ao redor e interrompendo a cadeia de transmissão.
Quais são os primeiros sinais da hanseníase?
Os primeiros sinais e sintomas da hanseníase podem ser sutis e, muitas vezes, confundidos com outras condições de saúde. Por isso, é fundamental conhecer os sintomas para buscar ajuda medida o quanto antes.
Entre os sintomas mais comuns estão:
- Manchas na pele que podem ser brancas, vermelhas ou amarronzadas, geralmente com alteração da sensibilidade ao toque, ao calor ou à dor;
- Formigamento ou fisgadas, principalmente nas mãos e nos pés;
- Diminuição ou ausência de sensibilidade ao toque e redução da força muscular no rosto, nas mãos ou nos pés;
- Caroços e inchaços pelo corpo, em alguns casos, podem ser vermelhos, dolorosos ou acompanhados de inflamação.
Se perceber algum desses sintomas, procure um profissional de saúde para avaliação e tratamento. Lembre-se: a hanseníase tem cura, e quanto mais cedo for tratada, menores serão os impactos na saúde e na qualidade de vida.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da hanseníase é realizado por meio de uma avaliação clínica, que inclui exames dermatológicos e neurológicos. Durante a consulta, o profissional de saúde examina manchas na pele, avalia a sensibilidade nas áreas afetadas e verifica possíveis alterações nos nervos periféricos.
O tratamento da hanseníase é conhecido como Poliquimioterapia Única (PQT-U) e disponibilizada de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para adultos e crianças.
Existem dois tipos de tratamento, de acordo com a forma clínica da doença:
- Tratamento de 6 meses: indicado para pacientes com a forma paucibacilar, que estão infectados, mas não transmite a doença.
- Tratamento de 12 meses: indicado para pacientes com a forma multibacilar, que podem infectar outras pessoas.
O tratamento utiliza uma combinação de antibióticos que, além de promover a cura, interrompe a transmissão nos primeiros dias de uso, protegendo quem está ao redor e garantindo que a pessoa tratada não seja mais um transmissor da bactéria.
Para tratar as lesões de pele causadas pela hanseníase, a Membrana Regeneradora Porosa Membracel pode ser utilizada, pois acelera a cicatrização, protege as terminações nervosas e reduz a dor já na primeira aplicação.
Além disso, a membrana não exige trocas diárias, proporcionando mais conforto ao paciente e contribuindo para a melhora na qualidade de vida durante o tratamento.
Como prevenir a hanseníase?
A hanseníase pode ser prevenida com o diagnóstico precoce, o tratamento imediato e o acompanhamento das pessoas que tiveram contato próximo com o paciente.
Embora não exista uma vacina específica para a hanseníase, a vacina BCG, normalmente administrada ao nascimento para prevenir a tuberculose, também pode reduzir o risco de desenvolver a doença. Isso ocorre porque a bactéria causadora da hanseníase é semelhante à que provoca a tuberculose.
Pessoas que convivem com pacientes diagnosticados com hanseníase e que não apresentam sintomas podem receber a recomendação de vacinar-se com a BCG como medida preventiva.
A melhor forma de proteção é estar atento aos sinais, buscar diagnóstico rápido e garantir que o tratamento adequado seja iniciado o quanto antes. Dessa forma, é possível prevenir novos casos e contribuir para o controle da hanseníase no Brasil.
Dia Internacional do Hanseniano
O Dia Internacional do Hanseniano, celebrado no último domingo de janeiro, é uma iniciativa para chamar a atenção da sociedade sobre a hanseníase.
No Brasil, os esforços de conscientização realizados durante o Janeiro Roxo têm mostrado resultados importantes. Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) indicam que o número de casos notificados aumenta no primeiro semestre, especialmente entre janeiro e maio.
Esse crescimento reflete o impacto positivo das campanhas de informação, que incentivam as pessoas a buscarem diagnóstico precoce e iniciarem o tratamento adequado.
Além de combater o preconceito que ainda existe em torno da doença, o Janeiro Roxo também reforça a importância do acesso ao tratamento gratuito pelo SUS, promovendo a interrupção da transmissão e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes, fortalecendo o enfrentamento desse importante problema de saúde pública.
Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária