Exsudação é o termo usado na Enfermagem para identificar o fluido proveniente de uma ferida. É uma resposta do organismo aos danos causados nos tecidos, sendo considerada uma reação normal do processo de cicatrização da pele.
O papel do exsudato na cicatrização da lesão é fornecer nutrientes essenciais como fonte de energia para ativar o metabolismo celular e regular a umidade da região.
O que é Exsudação?
O termo “exsudato” tem origem do latim e significa “suar”. A exsudação é uma etapa natural da cicatrização, sendo que o líquido expelido é resultado de sangue cujas plaquetas e glóbulos vermelhos foram filtrados.
Pode apresentar variações na aparência, consistência e volume de acordo com o tipo e origem da ferida. Fatores externos também podem influenciar, como é o caso de infecções e colonizações por bactérias.
O exsudato tem papel fundamental no processo de cicatrização das lesões de pele, pois mantém o leito da ferida úmido, favorecendo a migração celular e acelerando a cicatrização. Entretanto, se não controlado, o exsudato em excesso pode causar a maceração dos bordos da lesão, retardando o processo cicatricial e, em alguns casos, aumentando o tamanho da lesão.
Tipos de Exsudato
Os tipos de exsudato podem ser identificados de acordo com suas características:
- Exsudato seroso: com coloração clara, é originado a partir do soro do sangue e secreções de células. Geralmente, surge nas fases de desenvolvimento de reações inflamatórias agudas. Também pode ser encontrado nos estágios precoces de infecção bacteriana.
- Exsudato sanguinolento: tem coloração vermelho vivo e indica a ruptura de vasos.
- Exsudato serosanguinolento: com tom vermelho claro ou rosado, é a mistura dos exsudatos seroso e sanguinolento.
- Exsudato purulento: tem coloração amarelada, esverdeada, marrom e poder apresentar odor fétido. Geralmente, indica a presença de infecções.
- Exsudato seropurulenta: coloração amarela opaca, fina esbranquiçada. Mistura do exsudato seroso com o purulento.
- Exsudato fibrinoso: quando há extravasamento de grandes quantidades de proteínas plasmáticas e massas de fibrina. Caracterizado pela formação de placas esbranquiçadas, com aspecto de uma membrana sobre a lesão.
Importância do Controle da Exsudação
A exsudação excessiva pode evoluir para infecções, maceração da pele e atrasos na cicatrização. O excesso de exsudato cria um ambiente úmido que contribui para o crescimento de microrganismos, aumentando o risco de infecção. Além disso, a pele ao redor da ferida pode ficar macerada, resultando em dor, aumento da extensão da lesão e do tempo de internação hospitalar.
Por outro lado, a exsudação insuficiente pode resultar em feridas secas, levando à formação de crostas que dificultam o processo de cura e podem causar desconforto ao paciente. Por isso, o equilíbrio adequado da exsudação é fundamental para manter a ferida úmida o suficiente para promover a cicatrização, mas não excessivamente úmida a ponto de causar danos ao tecido circundante.
O manejo adequado da exsudação envolve o uso de técnicas e produtos especializados, como curativos hidrocoloides, espumas absorventes e curativos de alginato, que ajudam a manter o ambiente ideal para a cicatrização tecidual.
A avaliação regular da quantidade e da qualidade do exsudato permite ajustes no tratamento conforme necessário. Além disso, o uso de produtos antimicrobianos pode ser indicado em casos de infecção ou risco de infecção, e a troca regular dos curativos é essencial para o sucesso do tratamento.
Tratamentos e Cuidados com Feridas Exsudativas
Para tratar feridas exsudativas, é necessário realizar uma avaliação completa da ferida para determinar a causa subjacente e o nível de exsudação. A limpeza adequada da ferida com soluções salinas contendo PHMB ajuda a remover detritos e reduzir a carga bacteriana, promovendo um ambiente saudável para a cicatrização.
Assim como a higiene adequada e o uso de curativos apropriados são essenciais no tratamento de feridas exsudativas. Curativos que absorvem o exsudato sem secar excessivamente a ferida, como curativos de espuma e hidrofibras, são recomendados.
O uso da Membracel Membrana Regeneradora Porosa também pode ser indicada, pois contêm poros que permitem a drenagem do excesso de exsudato (secreção da lesão) para um curativo secundário, mantendo a umidade ideal no leito da lesão. Além disso, o curativo permite as trocas gasosas, fator importante para a evolução do processo cicatricial.
O intervalo de troca dos curativos deve ser determinado com base na quantidade de exsudato e nas características da lesão. Portanto, um tratamento adequado não só acelera a cicatrização, mas também melhora a qualidade de vida do paciente, reduzindo o risco de complicações e a necessidade de intervenções médicas prolongadas.
Como Tratar Exsudato Intenso?
Controlar o exsudato é importante para manter o ambiente da lesão úmido, favorecendo o processo de cicatrização. Quando o leito da ferida está muito úmido ou muito seco, pode acontecer a inibição ou até mesmo a destruição da proliferação celular e dos mecanismos de cicatrização.
Portanto, é necessário drenar o excesso de exsudato, utilizando gaze ou outro curativo absorvente. Isso evita o retardo da cicatrização, o surgimento de dermatites, a maceração dos bordos e, consequentemente, o aumento da lesão.
Com os níveis de exsudato controlados, ocorre o equilíbrio bacteriano e a remoção do tecido inviável, o que acelera a reepitelização. Manter a ferida úmida, porém controlando o exsudato, favorece a ação de fatores de crescimento que compõem o processo de reepitelização.
Em situações em que a pele ao redor da lesão está em contato direto com o excesso de exsudato, é importante protegê-la com produtos barreira, que formam uma película protetora, como é o caso do Spray de Barreira.
Quer conhecer em que outras situações o Spray de Barreira pode ser utilizado, assista esse vídeo.
Antonio Rangel
Antônio Rangel
Enfermeiro Especialista Estomaterapia e Podiatria Clinica e saúde da Família |
Graduado em enfermagem pela PUC-PR |
Pós-graduado em Estomaterapia (feridas, incontinência e estigmas) pela PUC-PR |
Pós-graduado em Podiatria Clínica pela UNIFESP |
Pós-graduado em Saúde Coletiva pela UFPR |
Pós-graduado em Saúde da Família pela Faculdade Evangélica pela PR |
Enfermeiro Assessor Técnico da Vuelo Pharma até 2023 |
Professor convidado do curso de Estomaterapia da PUC-PR |
Enfermeiro referência para tratamento de feridas e pé diabético da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba