Segundo dados da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), mais de 489 mil brasileiros internados para o tratamento de tromboses venosas entre janeiro de 2012 e agosto de 2023.
Embora seja uma condição grave, a boa notícia é que existem formas de prevenção e tratamentos, caso seja descoberta precocemente.
O que é a trombose?
A trombose é a formação de coágulos sanguíneos (trombos) dentro de vasos sanguíneos, que pode bloquear o fluxo adequado de sangue e causar inchaço e dor na região acometida.
Normalmente, esses coágulos podem se formar em veias ou artérias, sendo a trombose venosa profunda (TVP) uma das formas mais comuns, ocorrendo especialmente nas veias profundas das pernas e das coxas.
A trombose é uma condição grave que pode levar a complicações como a embolia pulmonar (quando um coágulo de sangue se desloca pela corrente sanguínea e bloqueia uma artéria do pulmão).
Portanto, caso um coágulo fique preso no cérebro, nos pulmões ou no coração, o fluxo sanguíneo pode ser interrompido e resultar em uma emergência com risco de vida.
Causas e fatores de risco para trombose
Há diversos fatores de risco que estão associados ao desenvolvimento de trombose, incluindo:
- Obesidade e sedentarismo: ambos os fatores contribuem para problemas circulatórios;
- Imobilidade: permanecer muito tempo sentado ou deitado (como durante viagens longas ou em recuperação após procedimentos cirúrgicos);
- Uso de anticoncepcionais ou reposição hormonal: esses medicamentos podem aumentar a coagulação sanguínea;
- Cirurgias recentes: procedimentos cirúrgicos, especialmente ortopédicos, oncológicos e ginecológicos aumentam o risco de formação de coágulos;
- Tabagismo: o uso de tabaco afeta a circulação sanguínea e aumenta o risco de formação de coágulos sanguíneos;
- Histórico familiar de trombose: fatores genéticos podem predispor ao desenvolvimento de coágulos;
- Condições crônicas: como câncer, doenças cardíacas, doenças pulmonares ou diabetes também elevam o risco;
- Varizes: favorecem a formação dos coágulos que podem evoluir para trombose e até embolia pulmonar.
Sintomas da trombose venosa profunda
Pulmões (embolia pulmonar):
- Dor no peito ao respirar fundo ou ao tossir;
- Dificuldade de respirar, especialmente durante atividade física ou em repouso;
- Tosse com ou sem sangue;
- Respiração curta e rápida e palpitações, podendo acontecer algum desmaio;
Cérebro ou pescoço – ataque isquêmico transitório (AIT) ou acidente vascular cerebral (AVC):
- Fraqueza, dormência ou paralisia em um lado do corpo;
- Dificuldade para falar ou compreender ou outros;
- Perda de visão em um ou em ambos os olhos ou visão dupla;
- Tonturas ou perda de equilíbrio;
- Confusão súbita, agitação ou outras mudanças de comportamento incomuns;
- Dor de cabeça repentina;
Coração (ataque cardíaco):
- Dor ou desconforto no peito, que pode irradiar para o braço esquerdo, costas, rosto ou pescoço;
- Desconforto acompanhado de sensação de peso ou aperto sobre tórax;
- Sensação de tontura ou desmaio;
- Dificuldade de respirar, principalmente em idosos;
Artéria no braço ou na perna:
- Dor, câimbra ou cansaço nos músculos das pernas ou braços;
- Fraqueza e dificuldade de movimentar a parte do corpo afetada;
- Sensação de calor ou frio na região afetada;
- Pequenos ferimentos e úlceras difíceis de cicatrizar;
- Dormência ou formigamento acompanhado de dor;
- Mudança na cor da pele;
Veia no braço ou na perna:
- Dor ou sensibilidade em uma perna, podendo irradiar para o pé ou parte interna da coxa;
- Inchaço (edema), principalmente nos tornozelos e nos pés;
- Vermelhidão ou descoloração da pele;
- Aumento da temperatura (calor) na perna que está doendo;
- Rigidez da musculatura na região em que se formou o trombo;
- Sensação de queimação e peso constante nas pernas ou nos braços;
- Veias próximas a superfície da pele podem ser maiores do que o normal.
Diagnóstico da trombose
O diagnóstico da trombose é feito com base em uma avaliação clínica, sintomas e fatores de risco, além de exames de laboratório e de imagem, como:
- Ultrassonografia: o teste usa ondas sonoras para verificar o fluxo sanguíneo em suas artérias e veias;
- Exame de sangue: como o teste de D-dímero, que pode ajudar a detectar a presença de coágulos;
- Venografia: um procedimento que consiste em injetar um contraste especial nas veias e realizar uma radiografia para mostrar como o sangue flui por elas;
- Ultrassom Vascular (Doppler): permite analisar o fluxo de sangue que circula nos vasos sanguíneos (veias e artérias);
- Tomografia e ressonância magnética: ambos podem produzir imagens dos vasos sanguíneos e detectar as coagulações.
O diagnóstico precoce é fundamental para prevenir complicações fatais como a embolia pulmonar e iniciar o tratamento adequado.
Tratamento da trombose
O tratamento da trombose tem como objetivo evitar o crescimento do coágulo e prevenir que ele se desprenda e cause uma embolia. As opções de tratamentos mais comuns são:
- Anticoagulantes: medicamentos como heparina e varfarina, são prescritos para diluir o sangue e prevenir a formação de coágulos;
- Trombolíticos: usados em casos mais graves, pois ajudam a dissolver os coágulos formados;
- Meias de compressão: ajudam a melhorar o fluxo sanguíneo nas pernas, aliviando o inchaço e a dor nas pernas;
- Filtro de veia cava: são pequenos dispositivos de malha que podem ser colocados em uma veia, para ajudar a prevenir o desenvolvimento de coágulos sanguíneos nos pulmões;
- Cirurgia: pode ser necessária para desobstruir veias grandes, como as ilíacas e cava, ou veias femorais, entre o joelho e a virilha.
Prevenção da trombose
Algumas medidas podem ser tomadas para reduzir o risco de desenvolver trombose:
- Praticar exercícios físicos regularmente para reduzir o estresse, aumentar a sensação de bem-estar, melhorar a qualidade do sono e reduzir as dores no corpo;
- Evitar o consumo de álcool, tabagismo e comidas gordurosas, que contribuem para a retenção de líquidos, o que pode potencializar inchaços nas pernas;
- Ingerir bastante água durante o dia para prevenir a desidratação;
- Evitar ficar parado, deitado ou sentado por longos períodos, pois ficar muito tempo na mesma posição pode prejudicar a circulação sanguínea;
- Realizar alongamentos dos músculos da panturrilha e/ou uma curta caminhada;
- Usar meias elásticas, pois proporcionam o alívio das dores e inchaços.
Complicações da trombose: embolia pulmonar e síndrome pós-trombótica
Embolia pulmonar
A embolia pulmonar é uma condição que ocorre quando um coágulo de sangue se solta da veia e se move pela corrente sanguínea, de modo que acaba bloqueando parcial ou completamente uma artéria nos pulmões, podendo levar a complicações sérias ou até mesmo à morte.
Segundo o Ministério da Saúde, aproximadamente 5 a 15% das pessoas que não tratam a trombose venosa profunda, podem morrer de embolia pulmonar.
A embolia pode causar sintomas repentinos como falta de ar, dor no peito e tosse com sangue.
Síndrome pós-trombótica
A síndrome pós-trombótica (SPT) é uma complicação tardia da trombose venosa profunda (TVP), que ocorre quando um coágulo permanece na perna ou no braço por muito tempo, podendo danificar a veia ou as válvulas.
Assim, as válvulas que não funcionam direito permitem que o sangue flua para atrás e se acumule, ao invés de impulsionar em direção ao coração. A síndrome pós-trombótica pode causar sintomas como inchaço, dor, alterações na pele, sensação de peso ou cansaço nas pernas afetadas.
Uso de Membracel em lesões de pele associadas à trombose
Quando não tratada corretamente, pessoas com trombose, especialmente em casos de trombose venosa profunda, podem desenvolver úlceras venosas, que são feridas na pele causadas pela má circulação sanguínea.
A Membrana Regeneradora Porosa Membracel, é um curativo especial desenvolvido para ajudar no processo de cicatrização, que tem sido utilizado como tratamento complementar em úlceras decorrentes de complicações vasculares.
Por conter poros, a membrana permite a drenagem do excesso de exsudato (secreção da ferida) e favorece as trocas gasosas. Esses fatores colaboram para a formação do tecido de granulação, otimizando o tratamento e estimulando a epitelização.
O acompanhamento de profissionais especializados, como angiologista e cirurgião vascular, é fundamental para otimizar o tratamento e garantir que a recuperação ocorra de forma segura e eficaz.
Quer saber mais? Descubra os 8 sinais que indicam problemas de circulação!
Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária