A necrose na pele, também conhecida como gangrena, nada mais é do que uma infecção que provoca a morte das células ou tecidos do corpo, resultando na perda da função normal da área afetada.
Na pele, isso pode levar ao aparecimento de áreas descoloridas, endurecidas ou com aparência escurecida, indicando que o tecido sofreu danos irreversíveis. Embora seja mais comum nos dedos das mãos e pés, a necrose pode afetar qualquer parte do corpo.
Diferente de condições dermatológicas como úlceras ou dermatites, que são reversíveis com tratamento adequado, a necrose demanda intervenções mais complexas para remover ou regenerar o tecido comprometido.
Causas da Necrose na Pele:
A necrose na pele ocorre principalmente quando os tecidos ou os órgãos do corpo deixam de receber um fluxo sanguíneo adequado, levando à morte celular. No entanto, diversos outros fatores podem desencadear essa condição, incluindo:
1. Infecções bacterianas ou fúngicas
Infecções, como fasceíte necrotizante (conhecida como “bactéria devoradora de carne”) ou infecções fúngicas profundas, podem destruir os tecidos e causar a necrose.
2. Isquemia (falta de circulação sanguínea)
A circulação inadequada do sangue limita o tecido de oxigênio e nutrientes essenciais, resultando em necrose. Isso é comum em pessoas com doenças vasculares, como aterosclerose ou diabetes.
3. Lesões traumáticas ou queimaduras
Traumas como, queimaduras profundas ou esmagamento podem danificar os tecidos além do ponto de recuperação, causando necrose. Esses casos frequentemente envolvem grandes áreas da pele.
Classificação da Necrose:
A necrose pode se manifestar de diferentes formas, dependendo do processo que causa a morte dos tecidos. Os tipos mais comuns observados em lesões são a necrose seca e a necrose úmida.
Além dessas, classificações como necrose por coagulação, liquefação e caseosa são definidas a partir de exames microscópicos. A seguir, apresentamos os principais tipos de necrose e suas particularidades:
1. Necrose seca
O tipo mais comum de necrose, especialmente na pele, é caracterizado por áreas secas, endurecidas e descoloridas. Ocorre frequentemente por isquemia (falta de fluxo sanguíneo) decorrente de obstruções, como infartos. Nesse processo, as proteínas do tecido coagulado formam uma barreira ao redor da área afetada, impedindo a propagação do dano.
2. Necrose úmida
Ao contrário da necrose de seca, a necrose úmida forma uma massa viscosa ou líquida devido à digestão das células mortas. A necrose úmida pode estar associada a infecções causadas por bactérias, vírus, fungos ou parasitas.
3. Necrose caseosa
A necrose caseosa é um tipo específico de necrose que ocorre principalmente em órgãos como o pulmão. É mais comumente associada à tuberculose, apresentando áreas com aparência semelhante a queijo, devido à destruição tecidual e à presença de material granular.
Saiba mais sobre os diferentes tipos de gangrena e como identificá-los aqui.
Sintomas e Sinais de Alerta:
Os sinais mais comuns de necrose na pele são:
- Mudança de cor na pele, variando de vermelho para preto ou cinza;
- Endurecimento ou sensação de rigidez na área afetada;
- Perda de sensibilidade no local;
- Odor desagradável, especialmente em casos de infecção;
- Presença de bolhas ou feridas abertas;
- Dor intensa (em estágios iniciais) ou ausência de dor (nos estágios avançados).
Se você notar qualquer um desses sinais, procure um profissional de saúde imediatamente.
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Diagnóstico da Necrose da Pele:
O diagnóstico da necrose envolve uma abordagem multidisciplinar, combinando exames clínicos, de imagem e laboratoriais, e, em alguns casos, biópsias para determinar a causa e a extensão do dano tecidual.
1. Exame físico
O médico inicia a avaliação com um exame físico minucioso, observando a extensão, aparência e características da lesão. Além disso, é necessário investigar o histórico médico e familiar do paciente para identificar possíveis fatores de risco ou condições associadas, como diabetes, doenças vasculares ou infecções crônicas.
2. Exames de imagem
A realização dos exames de imagem como ultrassom, ressonância magnética (RM) e tomografia computadorizada (TC), fornecem imagens detalhadas do interior do corpo, permitindo a visualização de áreas afetadas, ajudando a determinar a profundidade e a gravidade da necrose.
3. Biópsia de pele
Quando os exames de imagem não são conclusivos, o médico pode recorrer à biópsia. Esse procedimento consiste na coleta de uma pequena amostra de tecido afetado para análise laboratorial, confirmando o tipo de necrose e detectando possíveis infecções ou condições subjacentes associadas.
4. Exames laboratoriais
Análises de sangue e cultura de tecidos são fundamentais no diagnóstico, ajudando a identificar agentes infecciosos e a avaliar o impacto sistêmico da necrose.
A identificação precisa e rápida da necrose ajuda a prevenir complicações graves, como amputações, sepse ou falência de órgãos, e a planejar o tratamento mais adequado, seja ele medicamentoso, cirúrgico ou terapêutico.
Complicações Potenciais:
A necrose, se não tratada adequadamente e de forma rápida, pode causar sérias complicações como:
- Infecções secundárias, como sepse e fasceíte necrotizante;
- Amputação do membro ou área afetada devido à gangrena ou isquemia;
- Propagação da morte celular para áreas circundantes;
- Formação de abscessos com risco de infecções sistêmicas;
- Comprometimento de órgãos vitais como coração, rins e fígado;
- Cicatrizes e deformidades permanentes após a recuperação;
- Insuficiência de órgãos devido à disseminação de infecções ou toxinas.
Prevenção e Cuidados com a Pele:
A prevenção da necrose envolve medidas de cuidado com a pele e atenção aos fatores de risco:
- Manter a pele limpa e higienizada, especialmente em feridas ou lesões;
- Evitar pressão prolongada, utilizando almofadas ou colchões especiais para prevenir escaras;
- Alternar posições regularmente para prevenir problemas circulatórios;
- Tratar condições subjacentes como diabetes ou doenças vasculares para melhorar o fluxo sanguíneo;
- Proteger a pele contra traumas, escolhendo roupas confortáveis e seguras;
- Realizar acompanhamento médico regularmente, especialmente para histórico de feridas crônicas ou má circulação.
Tratamentos Disponíveis:
O tratamento da necrose depende da causa e da gravidade do caso. Entre as opções de tratamentos mais comuns estão:
1. Desbridamento
O desbridamento consiste na remoção do tecido morto para promover a cicatrização. Pode ser realizada por meio de técnicas cirúrgicas, mecânicas ou com uso de enzimas específicas.
2. Terapias complementares
Além do desbridamento, outras abordagens podem ser indicadas:
- Oxigenoterapia hiperbárica: consiste na exposição do paciente a oxigênio puro em câmaras de alta pressão, especialmente em casos de infecção ou isquemia, promovendo a regeneração do tecido saudável;
- Uso de medicamentos: certos medicamentos podem ajudar a melhorar o suprimento sanguíneo, reduzindo a inflamação e tratar infecções associadas;
- Uso de curativos avançados: aplicação de curatos especiais, podem ajudar a proteger a ferida e acelerar a recuperação.
A Membracel é uma membrana de celulose cristalina que pode ser utilizada em feridas com necrose após o desbridamento adequado, pois substitui temporariamente a pele, estimulando a fase inflamatória da cicatrização e a epitelização tecidual.
Em situações de necrose úmida, seu uso é permitido e benéfico, enquanto na necrose seca, a membrana só deve ser aplicada após o desbridamento do tecido necrosado.
Por conter poros, a membrana permite trocas gasosas e a drenagem do excesso de exsudato para o curativo secundário, mantendo o equilíbrio da umidade no leito da ferida, que favorece a regeneração dos tecidos, diminui o risco de infecção e proporciona mais conforto ao paciente.
É importante lembrar que o uso da Membracel seja acompanhado por um profissional de saúde, para garantir resultados eficazes e seguros.
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Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária