Segundo o Ministério da Saúde, a Doença de Crohn é uma doença inflamatória crônica do trato gastrointestinal, podendo afetar qualquer parte do sistema digestivo. No entanto, as áreas mais atingidas são a parte inferior do intestino delgado (íleo) e o intestino grosso (cólon).
A doença de crohn pertence ao grupo das Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), junto com a retocolite ulcerativa. Diferente da retocolite, que afeta apenas o cólon e o reto, a doença de Crohn pode comprometer todo o trato digestivo, causando inflamações e complicações intestinais.
O risco de desenvolvimento da doença é semelhante entre homens e mulheres, sendo mais frequente em adultos jovens, especialmente entre os 15 e 30 anos, embora também possa surgir em crianças e em pessoas acima dos 60 anos.
A doença de Crohn é cada vez mais comum em crianças – Foto: Freepik
No Brasil, a prevalência de DIIs, incluindo a doença de Crohn, é de 100 casos para cada 100 mil habitantes, com maior incidência nas regiões Sudeste e Sul, possivelmente devido a fatores ambientais, dietéticos e genéticos.
Por ser uma doença autoimune e inflamatória, a doença de Crohn não tem cura, mas pode ser controlada com tratamento adequado, ajudando a reduzir complicações, aliviar sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Sintomas e Diagnóstico da Doença de Crohn
Os sintomas da doença de Crohn variam de pessoa para pessoa e podem se manifestar de forma leve ou severa. Além disso, também podem surgir e desaparecer em períodos chamados de crises e remissões.
Entre os principais sintomas, estão:
- Dor na parte inferior do abdômen, podendo ser acompanhada de cólicas intensas;
- Diarreia persistente com presença de muco ou sangue nas fezes;
- Perda de apetite e peso, devido à dificuldade de absorção de nutrientes;
- Sensação de cansaço extremo, mesmo após o descanso;
- Atraso no crescimento e na puberdade em crianças e adolescentes;
- Sensibilidade e inchaço na região abdominal.
Além desses sintomas intestinais, a doença pode provocar manifestações extraintestinais, como:
- Inflamação nas articulações;
- Lesões na pele, como erupções ou úlceras;
- Inflamação nos olhos;
- Surgimento de pedras na vesícula ou doenças hepáticas.
As dores nas articulações (dores nas juntas) podem ser um sintoma da doença de Crohn – Foto: Freepik
O diagnóstico da doença de Crohn envolve uma combinação de exames clínicos, laboratoriais e de imagem. O gastroenterologista, médico especializado em doenças inflamatórias intestinais, pode solicitar endoscopia, colonoscopia, tomografia computadorizada e exames de sangue para avaliar os níveis de inflamação e detectar sinais da doença.
Causas e Fatores de Risco
A doença de Crohn é uma condição multifatorial, ou seja, sua causa exata ainda não é totalmente compreendida, mas acredita-se que seja resultado de uma combinação de fatores genéticos, ambientais e imunológicos.
Pessoas com histórico familiar de Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) têm maior predisposição a desenvolver a condição. Além disso, por ser uma doença autoimune, o sistema imunológico ataca erroneamente o trato gastrointestinal, desencadeando inflamação crônica e os sintomas característicos da doença.
O gatilho para essa resposta imune exacerbada ainda não é totalmente claro, mas fatores ambientais, como dietas ricas em alimentos ultraprocessados, uso frequente de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), infecções bacterianas ou virais e o tabagismo estão associados ao desenvolvimento e agravamento da doença de Crohn.
Tratamentos Disponíveis
Embora a doença de Crohn não tenha cura, existem diversas opções de tratamentos para controlar os sintomas, reduzir a inflamação e melhorar a qualidade de vida do paciente.
1. Medicamentos
O tratamento medicamentoso é a principal abordagem para controlar a inflamação intestinal e manter a doença em remissão. O médico poderá prescrever medicamentos biológicos, imunossupressores, esteroides, antibióticos e aminossalicilatos.
O uso de medicamentos específicos pode ajudar a controlar a doença de crohn – Foto: Freepik
2. Mudança no estilo de vida
Apesar de a alimentação não ser a causa da doença de Crohn, é fato que alimentos ricos em fibras, gorduras, cafeína e excessivamente condimentados, podem piorar os sintomas durante as crises.
Por isso, é importante adotar uma dieta com baixo teor de gordura e fibras, mas rica em vegetais, proteínas magras e probióticos, além de manter uma hidratação adequada, controlar o estresse e evitar o tabagismo.
3. Cirurgia
Quando os tratamentos clínicos não são eficazes ou surgem complicações graves, como estenoses (estreitamentos do intestino), fístulas ou perfurações, a cirurgia pode ser necessária.
Em situações mais complexas, a doença de Crohn pode levar à necessidade de uma ostomia, em que uma abertura cirúrgica é feita no abdômen para a eliminação de fezes ou urina.
Apesar de ser um processo que exige adaptação, a ostomia geralmente melhora significativamente a qualidade de vida, reduzindo dores, inflamações e complicações.
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Autocuidados e Qualidade de Vida
Conviver com a doença de Crohn requer adaptações na rotina para reduzir os sintomas, evitar complicações e melhorar a qualidade de vida.
Embora não exista uma dieta única que funcione para todos os pacientes, ajustes alimentares podem ser necessários de acordo com os sintomas e o estágio da doença.
Durante as crises, o médico ou nutricionista pode recomendar:
- Dieta com pouco sal, indicada para quem faz uso de corticoides, a fim de reduzir a retenção de líquidos.
- Dieta com baixo teor de fibras, para evitar obstruções em pacientes com estreitamentos intestinais.
- Dieta pobre em gorduras, recomendada quando há dificuldade na absorção de lipídios.
- Dieta pobre em lactose, para aqueles que apresentam intolerância a produtos lácteos.
- Dieta rica em calorias, para pacientes com perda de peso ou dificuldades no crescimento.
Ajustar os hábitos alimentares é um passo importante para quem convive com DIIs – Foto: Freepik
Além da alimentação, registrar os alimentos consumidos em um diário alimentar, pode ajudar a identificar os alimentos que desencadeiam os sintomas da doença de crohn e prevenir deficiências nutricionais.
Outro aspecto importante é a relação entre fatores emocionais e a doença de Crohn. Embora o estresse não seja a causa direta da doença, períodos de ansiedade podem piorar os sintomas.
Nesses casos, é importante adotar práticas como meditação, yoga e atividades físicas moderadas que ajudam a reduzir crises e contribuem para o bem-estar geral.
Cuidar da saúde mental e buscar apoio de familiares, amigos ou grupos de pacientes também pode fazer a diferença no enfrentamento da doença.
O acompanhamento multidisciplinar, com gastroenterologistas, nutricionistas e psicólogos, permite um melhor controle da doença de Crohn e ajuda a garantir uma rotina mais equilibrada e saudável.
Doença de Crohn e Cuidados com a Pele
Você sabia que os problemas de pele estão entre as complicações extraintestinais mais comuns da Doença Inflamatória Intestinal (DII), ficando atrás apenas da artrite?
Segundo a Organização Brasileira de Doença de Crohn e Colite (GEDIIB), as manifestações dermatológicas mais comuns causados pela DII incluem ressecamento, irritações, infecções e até condições autoimunes, como o eritema nodoso e o pioderma gangrenoso.
Crises de irritações na pele estão frequentemente associadas à doença de Crohn – Foto: Adobe Stock
Esses problemas podem ocorrer devido ao uso prolongado de medicamentos, como corticoides e imunossupressores, que deixam a pele mais sensível e propensa a lesões.
Além disso, em casos mais graves, a doença de Crohn pode levar à formação de fístulas e abscessos na região perianal, exigindo cuidados redobrados com a higiene e a hidratação da pele.
Para manter a pele saudável, é importante:
- Manter a hidratação com produtos suaves, livres de fragrâncias e álcool, para evitar o ressecamento e a irritação;
- Evitar banhos muito quentes e demorados, pois podem comprometer a barreira protetora da pele;
- Usar protetor solar diariamente, especialmente se houver fotossensibilidade causada por medicamentos;
- Observar sinais de infecção ou feridas na pele, buscando orientação médica se houver vermelhidão, inchaço ou dor persistente;
- Ter atenção à higiene íntima e perianal, utilizando produtos adequados e evitando lenços umedecidos com álcool ou perfumes, que podem irritar a região.
Fique atento aos sinais e sintomas das DIIs. Se perceber qualquer alteração na sua pele ou novos sintomas, procure um médico imediatamente.
O diagnóstico precoce e o acompanhamento adequado são fundamentais para minimizar os impactos da doença e garantir uma qualidade de vida melhor.
Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária