O que é ostomia?
Ostomia é o nome dado ao orifício criado cirurgicamente para desviar o fluxo das fezes. Após esse procedimento cirúrgico, as fezes passam a ser armazenadas por uma bolsa coletora que fica acoplada a parte externa do abdômen.
Conviver com uma ostomia tem sido a solução de milhares de pessoas que, por motivos de doença ou acidentes, passam a contar com a bolsinha para viver e manter melhor qualidade de vida.
No início, ter que lidar com a rotina de uma ostomia pode ser desafiador. Mas, aos poucos, a adaptação se torna mais fácil e os cuidados com a bolsinha passam a ser apenas mais um detalhe no dia a dia.
Separamos algumas dicas que vão te ajudar durante o período de adaptação com a bolsinha.
Dicas para o pós-operatório de ostomia
É comum que a aceitação do estoma nos primeiros dias do pós-operatório seja complicada. Você vai precisar sobre a higienização da bolsinha e todos os cuidados com o estoma.
Nos primeiros dias, o organismo ainda estará se adaptando à nova realidade. Portanto, é normal que a produção de gases ou barulhos seja maior. Da mesma forma, é normal que haja um pouco de sangue junto ao conteúdo armazenado pela bolsinha (isso é reflexo do procedimento cirúrgico).
Nesse período é muito importante ter alguma pessoa próxima com que você possa contar. Um familiar ou um amigo com o qual você se sinta confortável para dividir as conquistas e dificuldades dessa nova fase.
Lembre-se de, no início, seguir as instruções que recebeu no hospital. Aos poucos, você vai pegando o jeito e adaptando os cuidados com a ostomia de acordo com a sua realidade, o seu jeito e a sua rotina.
Dicas de alimentação para ostomizados
Passado o período pós-operatório e de adaptação, as coisas começam a ficar mais fáceis. Podemos dizer isso também sobre a alimentação. Não havendo nenhuma restrição médica, com o tempo o ostomizado poderá voltar a se alimentar como antes.
Assim como em qualquer pessoa, os efeitos dos alimentos podem variar de organismo para organismo. Portanto, é importante perceber como seu corpo reage a cada tipo de comida. Quando for provar um alimento novo, experimente em pequenas quantidades.
Alguns alimentos produzem gases, como feijão, ovos e bebidas com gás; outros podem causar prisão de ventre, como maçã cozida, banana prata e batata. Preste atenção na sua dieta e perceba a quais alimentos seu corpo está melhor adaptado.
Existem, ainda, os alimentos que aumentam o odor das fezes, como alho cru, repolho, cebola e frutos do mar. E, por outro lado, alguns alimentos ajudam a amenizar os odores, como é o caso de chuchu, espinafre e cenoura.
Manter uma dieta equilibrada é essencial para qualquer organismo. Quando o assunto é ostomia não poderia ser diferente. Certifique-se de ingerir proteínas, vitaminas, minerais e carboidratos suficientes para o equilíbrio do organismo.
Lembre-se também de beber bastante água ao longo do dia. É normal que a ostomia elimine os líquidos do corpo com mais facilidade. Portanto, é preciso redobrar os cuidados com a hidratação.
Dicas sobre os tipos de bolsas
Existem diversos modelos de bolsa de ostomia, que devem ser escolhidos de acordo com o tipo de ostomia, as características do estoma e as necessidades do paciente.
As bolsas de colostomia e ileostomia foram desenvolvidas para armazenar fezes e, portanto, a abertura é mais larga. Já a bolsa de urostomia tem o objetivo de armazenar urina e, então, o orifício de esvaziamento não precisa ser tão grande.
Existem ainda as bolsas drenáveis e não-drenáveis, de uma ou duas peças, opacas ou transparentes… Enfim, são muitas as opções disponíveis no mercado. É preciso escolher a bolsa que melhor se adapta à sua rotina e à sua ostomia. Para isso, pode ser necessário testar modelos diferentes até encontrar o ideal.
Essa é uma escolha bastante pessoas, já que você precisa levar em consideração suas suas preferências e necessidades. O enfermeiro estomaterapeuta, profissional especialista em ostomias, pode auxiliar na escolha da bolsa. Como as condições pós-cirúrgicas e o formato do estoma podem influenciar nessa decisão, é importante ouvir a opinião de um especialista.
Dicas de cuidados para a pele periestoma
Quando falamos sobre a rotina de ostomia, é essencial manter saudável a pele ao redor do estoma. Separamos alguns cuidados que podem te ajudar nessa tarefa.
- Sempre que for trocar a placa, lave cuidadosamente a pele ao redor do estoma. Dê preferência para água corrente e sabão neutro, sem utilizar esponja. Não use álcool, colônias ou outros produtos que não sejam próprios para essa finalidade.
- Mantenha os pelos dessa região sempre aparados (utilize tesoura).
- O recorte da placa deve ficar o mais próximo possível do tamanho real do seu estoma. Isso evita que, no caso de infiltrações, os fluídos entrem em contato com a pele, causando irritações e lesões.
- Quando for colar a placa, pressione-a suavemente para assegurar que toda a superfície do adesivo esteja em contato com a pele, garantindo que a bolsa fique bem firme.
- Em caso de coceira ou desconforto na região da pele ao redor do estoma, troque a placa o quanto antes. Retire aplaca antiga, faça a limpeza da pele e, então, aplique uma nova placa ou bolsa.
- Antes de colar uma nova placa limpe e seque bem a pele periestoma. Aplique uma camada uniforme do Spray de Barreira Vuelo. O Spray de Barreira forma uma película de silicone que protege evita lesões causadas por infiltrações e pela cola da placa.
Esses são cuidados simples e que podem manter a pele periestoma saudável, sem coceiras, ardências ou irritações.
Dicas para a vida social
Ter uma ostomia, definitivamente, não é impeditivo para retomar as atividades e manter uma vida normal. Sim, o estoma demanda uma atenção especial, mas com alguns cuidados simples o ostomizado pode estudar, trabalhar, praticar atividades físicas e ter uma vida social normal.
Você pode escolher a quem contar sobre a ostomia. Essa é uma decisão que apenas você pode tomar, mas falar sobre a ostomia pode te ajudar a lidar com essa nova fase. O apoio dos seus amigos e familiares pode te ajudar a enfrentar a situação de maneira mais leve e confortável.
Além disso, falar sobre o assunto com seu gestor, professor, namorado e outras pessoas próximas faz com que elas entendam os cuidados que a bolsinha traz. A rotina passa a ser muito mais tranquila quando as pessoas ao seu redor entendem e apoiam suas necessidades.
Nossa principal dica é: tente pensar na ostomia como uma nova chance de vida; foi ela que te proporcionou a possibilidade de viver melhor e com mais qualidade de vida.
Dicas para evitar o odor da bolsa de ostomia
Sem dúvida, as questões relacionadas aos odores são algumas das principais inseguranças dos ostomizados. Muitas pessoas se preocupam com o momento de esvaziar a bolsinha fora de casa. Outras se preocupam se as pessoas ao redor podem estar sentindo algum cheiro…
O receio de passar por algum tipo de constrangimento faz com que muitas dúvidas rodeiem a cabeça do ostomizado. Se esse é o seu caso, as dicas abaixo podem te ajudar.
- Escolha corretamente o modelo de bolsa: corte a placa da bolsa do tamanho do seu estoma. Isso evita vazamentos que permitem que o odor escape.
- Não deixe a bolsa encher até a capacidade máxima: higienize a bolsinha quando 1/3 da capacidade estiver cheio. Além de evitar vazamentos, isso evita que a bolsa fique pesada, sobrecarregando a placa e liberando odores.
- Mantenha bons hábitos alimentares: evite alimentos que causem odores ou que produzam gases. Mastigar bem os alimentos e evitar falar enquanto come são atitudes que também pode ajudar na prevenção dos gases.
- Utilize o Gelificador da Vuelo a cada troca: O Gelificador para Bolsas de Estomia contém óleo essencial de lavanda, que aromatiza as fezes, combatendo os odores. As cápsulas deixam o ostomizado mais seguro para esvaziar a bolsinha fora de casa, inclusive em banheiros de uso coletivo. As cápsulas também gelificam possíveis líquidos presentes na bolsa de ostomia, evitando infiltrações e vazamento.
Dica final: troque experiências com outros ostomizados
Existem associações de ostomizados em diversas regiões do Brasil onde os ostomizados se encontram em reuniões mensais para trocar experiências. As associações contam com enfermeiros parceiros, que dão dicas sobre a rotina com a bolsinha e apresentam as novidades do mercado de ostomia.
Além das associações, existem grupos online criados por pessoas ostomizadas. O objetivo desses grupos é divulgar, entre os próprios ostomizados, informações sobre a rotina e as descobertas do universo da ostomia.
Antonio Rangel
Antônio Rangel
Enfermeiro Especialista Estomaterapia e Podiatria Clinica e saúde da Família |
Graduado em enfermagem pela PUC-PR |
Pós-graduado em Estomaterapia (feridas, incontinência e estigmas) pela PUC-PR |
Pós-graduado em Podiatria Clínica pela UNIFESP |
Pós-graduado em Saúde Coletiva pela UFPR |
Pós-graduado em Saúde da Família pela Faculdade Evangélica pela PR |
Enfermeiro Assessor Técnico da Vuelo Pharma até 2023 |
Professor convidado do curso de Estomaterapia da PUC-PR |
Enfermeiro referência para tratamento de feridas e pé diabético da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba