A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) revela que cerca de 20 milhões de brasileiros convivem com o diabetes tipo 2, mas o mais surpreendente é que grande parte das pessoas nem sabe que está em risco, já que os primeiros sinais podem ser facilmente ignorados.
Continue lendo para descobrir tudo sobre o diabetes tipo 2, desde sinais que podem passar despercebidos até as formas mais eficazes de prevenção e tratamento.
O Que é Diabetes Tipo 2?
O diabetes tipo 2 é uma condição crônica caracterizada por níveis elevados de glicose, também conhecida como açúcar no sangue.
Ao contrário do diabetes tipo 1, em que o organismo não produz insulina, no diabetes tipo 2, o corpo não consegue usar adequadamente a insulina ou não produz o suficiente para controlar a taxa de glicemia.
Isso faz com que os níveis de glicose no sangue se elevem, o que pode levar a complicações se não for tratado corretamente.
Embora seja mais comum em pessoas com mais de 40 anos, estudos apontam um aumento na incidência de diabetes tipo 2 entre crianças e adolescentes.
A diabetes tipo 2 em crianças é menos comum que o tipo 1, mas tem se tornado mais frequente devido ao aumento da obesidade infantil – Foto: Freepik
Sintomas e Diagnóstico
Os sintomas de diabetes tipo 2 podem se desenvolver de forma lenta e, muitas vezes, passam despercebidos. Isso torna o diagnóstico tardio em muitos casos.
No entanto, existem alguns sinais comuns que podem indicar a presença do diabetes tipo 2:
- Sede excessiva (polidipsia);
- Fome frequente (polifagia);
- Urina excessiva (poliúria);
- Cansaço extremo;
- Visão embaçada;
- Boca seca;
- Formigamento nas mãos e pés (parestesias);
- Redução de peso não intencional;
- Manchas escurecidas em regiões de dobras como pescoço, axila e virilha (acantosis nigricans);
- Infecção urinárias e fúngicas como a candidíase;
- Feridas que demoram para cicatrizar.
O diagnóstico do diabetes tipo 2 é realizado por meio de exames de sangue ou urina, que medem os níveis de glicose no organismo. O exame é feito em jejum e deve ser repetido em dois dias diferentes para garantir a precisão dos resultados.
A monitorização da glicemia pode ser feita de forma capilar ou contínua – Foto: Freepik
Os valores de glicose em jejum são usados para determinar a condição do paciente:
- Até 99 mg/dL: nível de glicose considerado normal.
- Entre 100 e 125 mg/dL: indica pré-diabetes, uma condição de risco aumentado para o desenvolvimento do diabetes tipo 2.
- Acima de 126 mg/dL: níveis elevados de glicose que sugerem diabetes tipo 2.
Se os resultados indicarem glicose acima de 126 mg/dL em dois exames diferentes, é importante buscar acompanhamento médico para o início do tratamento e controle adequado da doença.
Causas e Fatores de Risco
A principal causa do diabetes tipo 2 está relacionada à resistência à insulina, uma condição em que as células do organismo não respondem adequadamente à insulina.
Isso faz com que o pâncreas produza mais insulina para compensar, mas, eventualmente, o pâncreas não consegue manter esse ritmo e os níveis de glicose no sangue aumentam.
Além disso, existem outros fatores que podem contribuir para o desenvolvimento do diabetes tipo 2:
- Genética: ter um histórico familiar de diabetes tipo 2 aumenta o risco de desenvolver a doença;
- Idade: pessoas com mais de 45 anos têm maior risco, especialmente se tiverem outros fatores de risco presentes;
- Obesidade ou sobrepeso: o excesso de peso, especialmente na região abdominal, é um dos maiores fatores de risco;
- Sedentarismo: a falta de atividade física regular pode contribuir para o aumento de peso e da resistência à insulina;
- Pré-diabetes: pessoas que têm níveis de glicose mais elevados do que o normal, mas que ainda não atingiram os critérios para o diagnóstico de diabetes, estão em risco elevado de desenvolver diabetes tipo 2;
- Pressão alta e colesterol alto: hipertensão e níveis elevados de colesterol aumentam o risco de diabetes tipo 2, pois prejudicam a circulação e podem afetar a função do pâncreas;
- Histórico de gestação: mulheres que tiveram diabetes gestacional durante a gravidez tem maior chance de desenvolver diabetes tipo 2 mais tarde na vida.
A diabetes gestacional pode causar complicações na gestação e para o bebê – Foto: Freepik
Tratamentos Disponíveis
O primeiro passo notratamento do diabetes tipo 2 é a adoção de hábitos saudáveis, como uma dieta equilibrada e a prática regular de exercícios físicos.
A alimentação deve ser rica em fibras, com a redução do consumo de açúcares e carboidratos simples, enquanto a atividade física, como caminhada, natação ou musculação, deve ser feita no mínimo 3 vezes por semana.
Quando as mudanças no estilo de vida não são suficientes para controlar os níveis de glicose, o médico pode prescrever antidiabéticos orais para ajudar a regular o açúcar no sangue.
Em alguns casos, quando os medicamentos orais não forem suficientes para controlar a glicose ou se o paciente não puder tomar devido a outras condições de saúde, o uso de insulina pode ser necessário.
Por fim, o paciente deve monitorar regularmente os níveis de glicose, com frequência diária ou conforme a orientação médica. O acompanhamento constante permite ajustar o tratamento, caso necessário, e a prevenir complicações a longo prazo.
Diabetes Tipo 2 e Prevenção de Complicações
O diabetes tipo 2 pode levar a diversas complicações de saúde se não for devidamente controlado.
Problemas cardiovasculares, danos aos nervos (neuropatia), insuficiência renal, perda da visão e dificuldades na cicatrização são algumas das consequências mais comuns.
No entanto, existem algumas medidas simples que podem ajudar a prevenir esses problemas e garantir uma melhor qualidade de vida:
- Manter os níveis de açúcar no sangue sob controle para evitar picos de glicose e complicações;
- Priorizar uma alimentação equilibrada, com fibras, proteínas magras e gorduras saudáveis;
- Praticar atividades físicas regularmente para melhorar a circulação, reduzir a resistência à insulina e manter o peso saudável;
- Monitorar os níveis de glicose com frequência para ajustar o tratamento conforme necessário;
- Cuidar dos pés diariamente, mantendo-os limpos, hidratados e protegidos para evitar infecções;
- Realizar consultas médicas regulares para identificar qualquer alteração precocemente;
- Controlar a pressão arterial e o colesterol junto com a glicemia, para reduzir o risco de doenças cardiovasculares.
O diabetes pode causar hipertensão, ou pressão alta, e vice-versa – Foto: Freepik
Cuidados com a Pele e Feridas em Pessoas com Diabetes
Pessoas com diabetes tipo 2 precisam redobrar a atenção com a pele, pois a circulação sanguínea reduzida e a neuropatia aumentam o risco de feridas e infecções.
Para evitar complicações, siga estas recomendações:
- Examine os pés diariamente para detectar modificações como bolhas, calos, rachaduras, mudança de cor ou temperatura;
- Se tiver dificuldades para enxergar, use um espelho ou peça ajuda de um familiar para examinar os pés;
- Hidrate os pés diariamente, utilizando hidratantes hipoalergênicos, sem fragrância e dermatologicamente testado, mas sem aplicar entre os dedos;
- Lave os pés com água e sabão líquido de pH neutro suavemente;
- Seque bem os pés, especialmente entre os dedos, para evitar infecções fúngicas;
- Corte as unhas em linha reta, sem remover as cutículas ou tentar desencravá-las;
- Se houver perda de sensibilidade nos pés, evite aquecê-los com bolsa de água quente, prevenindo queimaduras;
- Para calos e lesões, procure um profissional de saúde e evite soluções caseiras ou produtos químicos;
- Não estoure bolhas ou tente remover crostas, pois isso pode piorar a lesão e aumentar o risco de infecção;
- Evite sapatos apertados, de salto alto ou com costuras internas, que podem causar feridas;
- Sapatos novos devem ser usados por pouco tempo no início, aumentando gradualmente o tempo de uso;
- Prefira meias de algodão brancas ou claras sem costura e sem elástico, de preferência brancas, para identificar machucados com mais facilidade;
- Evite meias apertadas, pois dificultam a circulação sanguínea;
- Sempre verifique o interior de meias e calçados antes de usá-los, garantindo que não haja objetos que possam machucar os pés;
- Evite andar descalço, mesmo dentro de casa, dando preferência a calçados fechados;
- Higienize e seque bem seus calçados ao sol para evitar proliferação de fungos e bactérias;
- Use palmilhas diariamente, caso recomendadas por um profissional de saúde;
- Não utilize produtos químicos, esparadrapos ou adesivos nos pés, pois podem agravar lesões;
- Evite o consumo de bebidas alcoólicas e cigarro, pois prejudicam a circulação sanguínea e dificultam a cicatrização da pele;
- Beba pelo menos 2 litros de água por dia para manter a pele hidratada e saudável;
- Fique atento a sinais de infecção, como vermelhidão, calor, dor ou sinais de micose e frieiras.
Em casos de feridas mais profundas, com sinais de infecção ou que não cicatrizam rapidamente, procure um profissional de saúde imediatamente.
Diabetes Tipo 2 Tem Cura?
O diabetes tipo 2 não tem cura, mas pode ser controlado a ponto de entrar em remissão, ou seja, quando os níveis de glicose se mantêm dentro da faixa saudável sem a necessidade de medicamentos.
No entanto, isso não significa que a doença desapareceu, pois, sem os cuidados adequados, os níveis de açúcar podem voltar a subir.
O controle do diabetes tipo 2 depende, principalmente, da adoção de hábitos saudáveis. A perda de peso, a prática de exercícios físicos e uma alimentação equilibrada ajudam a reduzir a resistência à insulina e manter a glicose sob controle.
É possível manter uma boa qualidade de vida, mesmo convivendo com o diabetes – Foto: Freepik
Além disso, é importante lembrar que o organismo possui uma memória metabólica, ou seja, mesmo que os níveis de glicose se normalizem, os efeitos do descontrole glicêmico no passado podem impactar a saúde no futuro.
Por isso, exames regulares e o acompanhamento médico contínuo são fundamentais para o controle da doença e a prevenção de complicações, como doenças cardiovasculares, neuropatias e retinopatia diabética.
O diabetes tipo 2 pode não ter cura, mas com os cuidados certos, é possível viver com saúde, disposição e qualidade de vida.
Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária