A amputação de membros inferiores é uma experiência que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, apresentando desafios na adaptação, especialmente aos cuidados com o membro residual, também chamado de coto.
Segundo um levantamento da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), em 2022, o Brasil registrou 31.190 amputações de membros.
O processo de cicatrização do coto é extremamente importante e exige cuidados adequados, a fim de evitar complicações que podem dificultar o uso de próteses, resultando em dores, infecções ou até mesmo a necessidade de outros procedimentos médicos.
A pele do membro residual pode ser suscetível a uma série de problemas, desde rupturas da pele até úlceras por pressão.
Causas de amputações:
Muitas situações podem levar a amputações em membros inferiores. Entre as principais causas estão:
- Gangrena;
- Infecções generalizadas;
- Malformações congênitas;
- Traumas resultantes de acidentes ou ferimentos;
- Necrose ou fasciíte necrosante;
- Doença arterial periférica;
- Congelamento;
- Celulite infecciosa;
- Tumor maligno/canceroso no osso ou músculo do membro;
- Problemas vasculares causados por diabetes, tabagismo, sedentarismo e varizes.
Principais fatores que levam a problemas em membros residuais:
A pele que cobre um membro residual sofre fricção, pressão e forças de cisalhamento ao usar um membro protético. Com o tempo, essas forças podem levar a irritação da pele, escoriações, úlceras e, em casos graves, infecção.
Os principais fatores de risco que causam problemas no membro residual (coto) são:
- Suor e umidade: o excesso de umidade do suor dentro da prótese pode causar maceração e tornar a pele mais suscetível a danos;
- Fricção e cisalhamento: o encaixe da prótese esfrega constantemente contra a pele, o que pode causar bolhas e úlceras se não for tratado adequadamente;
- Pressão: a distribuição desigual da pressão pode resultar em ruptura da pele e na formação de úlceras por pressão dolorosas;
- Má circulação: a amputação pode afetar o fluxo sanguíneo para o membro, comprometendo a saúde e a cicatrização da pele;
- Mudanças de peso corporal: as alterações no peso corporal podem afetar o ajuste do encaixe protético, podendo levar a problemas de pele;
- Condições médicas: condições de saúde como o diabetes, podem afetar a saúde da pele e aumentar o risco de complicações, como infecções.
O que são úlceras em membros residuais?
As úlceras em membros residuais são classificadas como úlceras por pressão, úlceras isquêmicas ou úlceras neuropáticas.
As úlceras por pressão se desenvolvem devido à pressão excessiva e prolongada no membro residual, normalmente devido a próteses mal ajustadas.
Já as úlceras isquêmicas ocorrem quando o fluxo sanguíneo é restrito no membro, enquanto as úlceras neuropáticas resultam de danos nos nervos, principalmente em pacientes com diabetes.
Como identificar infecção e inflamação no coto amputado?
Os primeiros sinais de infecção e inflamação no membro residual (coto) de um membro amputado são vermelhidão, inchaço ou secreção de pus pela cicatriz e calor no local da irritação, além da dor ou desconforto ao usar uma prótese.
Se esses sintomas não forem tratados, eles podem rapidamente se transformar em feridas abertas. Se algum dos sinais acima persistir ou piorar, procure um profissional de saúde imediatamente.
Quais os cuidados com a pele do coto após amputação de membros inferiores?
1. Inspeção e monitoramento diários da pele
Após a amputação, é importante inspecionar o membro residual diariamente, especialmente após longos períodos de uso da prótese.
Sempre verifique se a cicatriz apresenta um aspecto saudável, livre de secreções, inflamações, vermelhidão, bolhas, cortes ou quaisquer outras anormalidades.
Se você sentir dores intensas ou desconforto na região, consulte um profissional de saúde para que os sintomas não se agravem.
2. Higienize e seque a pele de maneira adequada
Realize a limpeza diariamente com água morna e sabão neutro, enxaguando cuidadosamente duas vezes ao dia.
Evite usar água em temperaturas extremas, seja muito quente ou muito fria, pois essas condições podem irritar a pele sensível.
Certifique-se de que a pele esteja completamente seca para prevenir a umidade, que pode facilitar o aparecimento de infecções bacterianas ou fúngicas.
Além disso, evite produtos que contenham álcool ou uma quantidade excessiva de substâncias químicas, para não causar irritação na pele.
3. Hidratação da pele
Embora seja importante manter a pele seca ao utilizar uma prótese, a hidratação regular também ajuda a evitar ressecamento e rachaduras.
No entanto, evite a aplicação excessiva de hidratantes, pois isso pode tornar a pele muito macia, aumentando o risco de lesões.
Além disso, aplicar o hidratante logo antes de inserir a prótese pode resultar em uma superfície úmida e escorregadia dentro do soquete protético. Após aplicação, aguarde até que o creme hidratante seja absorvido.
4. Controlando o suor e a umidade
O controle da umidade é essencial, pois o excesso de suor pode causar maceração e levar à ruptura da pele.
Para prevenir essa situação, aplique o Spray de Barreira Vuelo, pois evita o surgimento de lesões causadas pelo excesso de umidade e ajuda a manter a pele saudável, protegendo-a por até 72 horas.
5. Ajuste adequado da prótese
Certifique-se de que a prótese esteja devidamente ajustada, pois o mau ajuste é uma das principais causas de problemas de pele.
O uso de forros de silicone ou almofadas de gel pode ajudar a reduzir o atrito e distribuir uniformemente a pressão.
Além disso, lembre-se de ajustar as meias protéticas ao longo do dia, a fim de manter um bom ajuste e evitar pontos de pressão.
6. Importância do alongamento
Realizar alongamentos nos membros (especialmente nas extremidades inferiores) é essencial para manter a mobilidade, assim como a saúde das articulações e músculos, ajudando na prevenção de novas lesões.
7. Manutenção dos pelos do membro residual
Evite raspar o membro residual, pois isso pode resultar nos pelos encravados, o que frequentemente provoca infecções nos folículos pilosos.
Use um barbeador elétrico, esfolie suavemente e considere cremes depilatórios projetados para peles sensíveis.
8. Massagem no coto e mobilização de cicatrizes
Realizar a massagem no coto é uma técnica que ajuda a evitar que a pele grude na extremidade cortada do osso, o que contribui para um uso mais confortável da prótese e diminui as chances de formar bolhas.
Utilizando as mãos, faça massagens suaves no coto com movimentos circulares, seguindo a linha da cicatriz e na extremidade do coto. Com o tempo, aumente a intensidade da massagem até que a cicatriz consiga se mover livremente sobre o tecido subjacente.
9. Mantenha uma dieta equilibrada e hidratação
Assim como outras partes do corpo, a pele necessita de água para se manter hidratada e eliminar as impurezas.
Manter um peso corporal estável por meio de uma alimentação equilibrada e uma boa hidratação é a melhor maneira de garantir que a prótese continue se encaixando.
10. Descanso
Proporcione ao seu membro residual pausas regulares longe da prótese, permitindo que a pele possa respirar e se recuperar. Essa prática é especialmente importante caso você sinta dor ou desconforto ao usar a prótese.
Seguindo essas dicas de cuidados, é possível minimizar o risco de ruptura e infecções da pele, melhorando a qualidade de vida.
Uso da Membrana Regeneradora Porosa Membracel no tratamento de feridas cutâneas após amputação de membros inferiores:
Um curativo especial que vem sendo bastante usado em lesões pós-amputação é a Membrana Regeneradora Porosa Membracel, pois acelera o processo de cicatrização e reduz a área exposta da lesão, diminuindo o risco de contaminação por agentes externos.
A membrana ajuda a manter as condições ideais para uma rápida cicatrização, permitindo a drenagem do exsudato (líquido das feridas), trocas gasosas e, ainda, isolando as terminações nervosas, proporcionando alívio imediato da dor.
Quer saber mais? Saiba o que é a osteomielite – uma complicação que pode surgir após a amputação de um membro.
Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária