Pode não ser tarefa fácil passar por toda adaptação que a cirurgia de criação do estoma exige. Alguns fatores podem dificultar ainda mais esse processo. A idade é um deles.
Com o passar dos anos a rotina de cuidados com o corpo e com a saúde vai se modificando. É preciso prestar mais atenção aos sinais do organismo e tomar medidas preventivas para manter o corpo sempre em ordem.
O que é um estoma?
Estoma é uma abertura realizada cirurgicamente para interligar um órgão ao meio externo. Quando o órgão é o intestino, as fezes passam a ser armazenadas por uma bolsa coletora, esvaziada diversas vezes ao dia.
Os tipos mais comuns de ostomias intestinais são:
– Ileostomia: quando a abertura é realizada no intestino delgado;
– Colostomia: quando a abertura é realizada no intestino grosso.
Leia mais sobre as diferenças entre ileostomia e colostomia.
Ostomia em idosos
O fato de passar a usar uma bolsa coletora acoplada à barriga pode acabar assustando e, inclusive, influenciando na qualidade de vida do idoso, que precisa aceitar as modificações do corpo.
Porém, com o apoio dos familiares e a orientação correta, a bolsinha passa a ser apenas mais um detalhe no dia a dia. Ao realizar os cuidados com o estoma sozinho, o idoso torna-se mais independente, aperfeiçoa o senso crítico para melhorar os cuidados com o corpo e, aos poucos, desenvolve a destreza para higienização da bolsinha e do estoma. Aos poucos, o estomizado vai adquirindo segurança e se acostumando com a situação.
Cuidados no dia a dia
É normal que, num primeiro momento, o estomizado apresente dificuldades com os cuidados com o estoma e demore para se adaptar à nova condição. Por isso, é importante que as orientações iniciem antes mesmo da cirurgia para ensiná-lo a ter autonomia.
Outro fator que pode ajudar é a participação em grupos de apoio que reúnem estomizados. Nesses grupos é possível conhecer pessoas que estão passando pelas mesmas dificuldades ou que, melhor ainda, já as superaram. Ouvir o depoimento de outras pessoas pode ajudar na aceitação da estomia, além de proporcionar trocas de experiências e dicas quanto aos cuidados diários.
Outras dicas que podem ajudar
– Apoio familiar: a família possui papel importantíssimo na adaptação do idoso à ostomia. Em muitos casos, o estomizado apresenta dificuldades na manipulação dos materiais necessários para o cuidado com o estoma. A ajuda dos familiares é importante não só para auxiliar com possíveis dificuldades motoras, mas também para dar apoio psicológico, já que essa situação pode gerar dúvidas, medos e angústias.
– Banho: não é necessário retirar a bolsa para tomar banho. O sabão e a água do banho não prejudicam a estomia, porém, é importante evitar o jato forte do chuveiro diretamente no estoma, pois a pressão pode machucar e causar sangramento.
– Troca: com o tempo, é importante conhecer a durabilidade da bolsa para evitar o deslocamento da placa e vazamento do conteúdo. Fazer a troca na hora do banho pode ajudar a descolar o adesivo sem machucar a pele. Para limpar a pele ao redor do estoma, utilize água e sabonete neutro, sem esfregar com força. Aparar os pelos ao redor do estoma, além de facilitar a limpeza, ajuda na fixação da placa.
– Sol: se possível, exponha a pele periestoma ao sol da manhã de 15 a 20 minutos todos os dias. Atenção! É importante sempre proteger o estoma com uma gaze umedecida.
– Odores: para diminuir os odores, recomenda-se o uso de produtos com aromatizantes, como é o caso do Gelificador para Bolsas de Estomia.
– Alimentação: ao experimentar alimentos novos, prove em pequenas quantidades. Assim, será possível entender como seu organismo reage a cada alimento. Alguns alimentos naturalmente produzem gases, como feijão, ovos e bebidas com gás. Enquanto alguns alimentos favorecem o amolecimento das fezes (verduras cruas, ervilhas e laranja), outros podem causar constipação (inhame, maçã e banana prata). Evite alimentos com cheiro forte, como cebola, alho e repolho. Por outro lado, existem alimentos que ajudam a neutralizar os odores, como é o caso de cenoura, chuchu e espinafre.
– Kit extra: quando for sair de casa, leve com você itens para uma troca de emergência, como placa, tesoura e bolsa reserva.
– Não desanime! Você não está sozinho. Procure os grupos e estomizados da sua cidade e troque experiências. Busque conviver com outras pessoas. Cada pessoa tem uma visão diferente da situação e isso pode ajudar a superar os momentos difíceis.
Produtos que podem auxiliar na qualidade de vida do estomizado
Existem no mercado produtos que ajudam a tornar mais fácil a adaptação à bolsinha e melhoram a qualidade de vida do estomizado. É o caso do Gelificador para Bolsas de Estomia. São cápsulas com óleo essencial de lavanda que aromatizam as fezes. É um produto que auxilia na convivência social, uma vez que o estomizado se sente mais seguro para sair de casa e higienizar a bolsinha em qualquer banheiro. As cápsulas também gelificam os líquidos da bolsa, evitando infiltrações e vazamentos.
Veja aqui e aqui alguns depoimentos de pessoas que não ficam mais sem o Gelificador.
Outro produto que ajuda nos cuidados com o estoma é o Spray de Barreira. O spray protege a pele periestoma por até 72 horas, evitando lesões causadas pela cola da placa da bolsa. Evita, também, o surgimento de granulomas e irritações decorrentes de infiltrações.
A reabilitação da pessoa idosa estomizada deve ter como foco o autocuidado, o retorno ao convívio social e a melhora da qualidade de vida. É importante olhar o estoma como uma nova chance de vida, já que a cirurgia permitiu melhorar a saúde e viver novas experiências.
A orientação do enfermeiro estomaterapeuta e apoio da família é essencial para adequação da dieta, cuidados com o estoma e, quando necessário, adaptação das atividades diárias.
Antonio Rangel
Antônio Rangel
Enfermeiro Especialista Estomaterapia e Podiatria Clinica e saúde da Família |
Graduado em enfermagem pela PUC-PR |
Pós-graduado em Estomaterapia (feridas, incontinência e estigmas) pela PUC-PR |
Pós-graduado em Podiatria Clínica pela UNIFESP |
Pós-graduado em Saúde Coletiva pela UFPR |
Pós-graduado em Saúde da Família pela Faculdade Evangélica pela PR |
Enfermeiro Assessor Técnico da Vuelo Pharma até 2023 |
Professor convidado do curso de Estomaterapia da PUC-PR |
Enfermeiro referência para tratamento de feridas e pé diabético da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba