A cicatrização da pele é um processo natural do corpo humano para reparar os tecidos após um ferimento, corte, queimadura ou procedimento cirúrgico.
Após identificar uma lesão, o organismo inicia o processo de cicatrização como meio de proteger o corpo, para que a lesão não se torne uma porta de entrada para infecções e outras complicações.
Sendo assim, acelerar a cicatrização da pele pode minimizar o risco de contaminações, reduzir cicatrizes e garantir um retorno mais rápido às atividades normais.
O processo de cicatrização é dividido em três fases: inflamatória, proliferação e reparo.
Processo de cicatrização – Foto: Vuelo Pharma
No entanto, a cicatrização é um processo complexo e pode ser afetada pelas circunstâncias da ferida (fatores locais) mas também pela condição geral do paciente (fatores sistémicos).
Fatores locais
Vários fatores podem influenciar negativamente a cicatrização, dentre eles os principais são:
- Isquemia (redução do fluxo sanguíneo);
- Infecções no local da lesão;
- Técnica cirúrgica inadequada;
- Presença de corpos estranhos;
- Edema ou pressão tecidual elevada.
Fatores sistêmicos
Sistemicamente, os fatores que podem afetar de alguma maneira a cicatrização da pele são:
- Diabetes mellitus;
- Deficiências vitamínicas;
- Hipotireoidismo;
- Síndromes genéticas, como a de Ehlers-Danlos;
- Distúrbios da coagulação;
- Idade avançada;
- Traumas graves e queimaduras;
- Sepse;
- Insuficiências hepática, renal ou respiratória;
- Tabagismo;
- Tratamentos como radioterapia ou uso de medicamentos (corticosteroides, imunossupressores, quimioterápicos).
Diferença entre cicatrização normal e cicatrização comprometida
Primeiro, é importante entender que nem toda ferida cicatriza no tempo esperado, mas quando o processo de cicatrização está mais lento que o normal, é fundamental ficar atento aos sinais de alerta:
- Vermelhidão intensa e persistente ao redor da ferida;
- Inchaço, calor local ou dor que aumenta com o tempo;
- Secreção com odor desagradável, pus ou coloração amarelada/esverdeada;
- Febre ou mal-estar;
- Ferida que não apresenta melhora em até 10 dias;
- Abertura dos pontos (em caso de cirurgia) ou sangramento recorrente;
- Tecido escuro (necrose) ou presença de crostas espessas e secas.
Esses sintomas podem indicar infecção ou que o processo de cicatrização está comprometido por fatores como diabetes, baixa imunidade, desnutrição ou uso de certos medicamentos.
Por isso, se notar qualquer um dos sinais acima ou perceber que a ferida não apresenta melhora como deveria, procure um enfermeiro estomaterapeuta para avaliar o quadro, identificar a causa do atraso e indicar o tratamento adequado.
Cuidados essenciais para acelerar a cicatrização
Todas as lesões, desde “arranhões” até lesões mais complexas como as causadas por traumas e queimaduras, requerem cuidados especiais para que cicatrizem corretamente, evitando o risco de infecções e de marcas permanentes.
Alguns hábitos simples e fáceis podem auxiliar o organismo a reagir da melhor forma na reepitelização de uma ferida. Confira os cuidados abaixo:
Limpar a ferida
A limpeza adequada das feridas é essencial para prevenir infecções, que podem atrasar a cicatrização. Limpe a ferida com água e sabão de pH neutro ou solução salina e gaze para remover o máximo possível de bactérias.
Manter a ferida úmida
A umidade pode funcionar como meio de cultura para as bactérias, por isso deve criar um ambiente no leito da ferida de preferência semiúmido (nem muito seco, nem muito molhado). Portanto, aplique pomadas antibióticas tópicas para manter as bordas da ferida húmidas e evitar a aderência do curativo
Cobrir a ferida
Após a limpeza, aplique um curativo adequado, como a Membracel, que permite a drenagem do exsudato (líquido da ferida), as trocas gasosas e a passagem de medicamentos, além de não causar alergia e não deixar resíduos. Certifique-se de trocar o curativo regularmente para manter a área limpa e reduzir o risco de infecção.
Proteger a ferida
O processo de cicatrização pode variar conforme cada organismo, mas geralmente a exposição solar retarda esse processo. Os raios solares durante o processo inflamatório podem resultar em manchas na pele.
Por isso é importantíssimo evitar a exposição solar e usar um protetor solar com alto fator de proteção, além de usar muito hidratante, principalmente no local.
Uso de produtos para acelerar a cicatrização
A Membrana Regeneradora Porosa Membracel pode ser utilizada em qualquer situação em que ocorra a perda da pele, seja em lesões superficiais ou profundas.
Por conter poros, a Membrana favorece as trocas gasosas, mantendo a umidade natural da região. Esses fatores colaboram para a formação do tecido de granulação, que é a fase inicial e essencial do processo de reepitelização.
Aplicação da Membracel – Foto: Vuelo Pharma
Por ser translúcido, o curativo permite, também, acompanhamento visual do processo de cicatrização da ferida, evitando a troca desnecessária do curativo.
Os cremes e pomadas cicatrizantes também podem acelerar o processo de cicatrização, pois contêm propriedades com ação anti-inflamatória ou antimicrobiana que ajudam a promover uma rápida regeneração da pele e a manter a área afetada protegida de complicações e infecções.
As pomadas cicatrizantes devem ser utilizadas sob orientação de um médico ou enfermeiro e normalmente podem ser usadas em pequenas feridas superficiais abertas e em qualquer fase do processo de cicatrização.
Além das pomadas, os suplementos nutricionais como vitamina C, vitamina E, vitamina B, aminoácidos, ferro e zinco ajudam a acelerar o processo de cicatrização nas três fases: inflamatória, proliferação e reparo.
Produtos que ajudam na regeneração da pele
Quando a pele sofre uma lesão, o corpo inicia o processo natural de regeneração. Mas para que essa cicatrização ocorra de forma segura e eficiente, é necessário garantir alguns cuidados como a limpeza adequada da ferida, remoção de tecidos inviáveis (desbridamento) e o uso de curativos que protejam a ferida e favoreçam a recuperação do tecido.
O curativo ideal deve ser atérmico, não tóxico, permitir trocas gasosas, manter a umidade no leito da ferida e, se possível, aliviar a dor e prevenir infecções.
No tratamento de feridas, os curativos são classificados de acordo com sua funcionalidade em: passivos, interativos, avançados e inteligentes.
Curativos passivos como a gaze, oferecem apenas proteção mecânica. No entanto, não são capazes de manter o equilíbrio de umidade da lesão, o que pode ressecar a ferida e dificultar a regeneração.
Já os curativos interativos como os hidrocoloides, são capazes de manter o ambiente úmido e protegido, além de permitirem a troca de gases e evitarem a entrada de microrganismos, favorecendo uma cicatrização mais eficiente.
Por outro lado, os curativos avançados como espumas, hidrogéis e membranas regeneradoras como a Membracel, controlam a umidade, temperatura e pH no leito da ferida. Além disso, podem conter agentes antimicrobianos ou cicatrizantes, que aceleram o processo de regeneração.
Já os curativos inteligentes interagem com o corpo e respondem a estímulos como luz, pH e temperatura. Alguns modelos até integram sensores que monitoram o progresso da cicatrização em tempo real.
Contudo, a escolha do curativo mais adequado deve considerar as características da lesão como profundidade, presença de exsudato e risco de infecção, para garantir uma regeneração rápida, segura e eficaz.
Alimentos que ajudam na cicatrização
A alimentação influencia diretamente na cicatrização de feridas. Os alimentos certos fornecem vitaminas, minerais e outros nutrientes que estimulam a multiplicação celular e a regeneração do tecido lesionado.
Uma dieta equilibrada, composta por carboidratos, proteínas, gorduras boas, vitaminas e minerais, é fundamental para acelerar esse processo.
- Alimentos ricos em carboidratos como aveia, batata, mandioca e inhame oferecem energia para as células envolvidas na cicatrização.
- Alimentos ricos em proteínas como carnes magras, ovos, leite e derivados, feijão, lentilha, soja e ervilha, são indispensáveis para a formação de colágeno, construção de novos vasos sanguíneos e regeneração dos tecidos.
- Alimentos ricos em gorduras boas como abacate, azeite de oliva, castanhas, nozes, sementes e peixes como salmão e sardinha contribuem com energia e auxiliam na formação de novas células, além de ajudarem na absorção de vitaminas lipossolúveis.
- Alimentos ricos em vitamina C como frutas e vegetais como laranja, acerola, kiwi, morango, goiaba, brócolis e pimentão são fundamentais para a produção de colágeno e tem ação antioxidante, ajudando a proteger as células durante o processo de cicatrização.
- Alimentos ricos em Zinco como carne vermelha magra, fígado, castanha-do-pará, semente de abóbora, grão-de-bico ajudam na reparação tecidual e no fortalecimento do sistema imunológico.
- Alimentos ricos em Vitamina A, vitamina E e ferro também são nutrientes importantes, pois auxiliam na renovação celular, combatem radicais livres e contribuem para o transporte de oxigênio no sangue.
Além disso, a ingestão de líquidos como água, sucos naturais e água de coco ajuda a transportar os nutrientes pelo corpo e melhora a elasticidade da pele, favorecendo uma cicatrização mais eficiente.
Conheça 6 alimentos que ajudam na cicatrização da pele.
Tratamentos médicos avançados para cicatrização
A terapia a laser é um procedimento não invasivo que utiliza um laser de baixa potência para emitir uma luz vermelha ou infravermelha na área afetada do corpo.
A luz penetra profundamente nos tecidos, ajudando na regeneração celular, reduzindo a inflamação, aliviando a dor e acelerando a cicatrização
Já a oxigenoterapia hiperbárica é um tratamento que pode ajudar a acelerar a cicatrização de feridas agudas ou crônicas.
Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Hiperbárica (SBMH), o oxigénio puro aumenta a oxigenação do sangue em até 20 vezes, o que ajuda a combater infeções bacterianas e a normalizar a cicatrização de feridas.
Nesse conteúdo abordamos os cuidados e tratamento da cicatriz de apendicite.
Prevenção de cicatrizes e queloides
Para prevenir a formação de cicatrizes e queloides é indicado:
- Manter a pele hidratada para evitar o ressecamento e a descamação;
- Manter a ferida húmida e coberta para acelerar o processo de cicatrização e reduzir a probabilidade de coçar e reabrir a ferida;
- Manter as feridas limpas e protegidas;
- Evitar coçar ou cutucar;
- Proteger a pele de raios solares com o uso de protetor solar;
- Seguir corretamente as instruções do médico após procedimentos cirúrgicos, especialmente com relação ao repouso e cuidados com a área cirúrgica;
- Não fumar, pois o efeito da nicotina no organismo faz com que a cicatrização fique comprometida, podendo ocasionar cicatrizes irreversíveis;
- Evitar atividades que coloquem uma tensão excessiva na sua cicatriz (como levantar pesos) durante várias semanas após a cirurgia;
- Evitar usar roupa que cause fricção na pele em recuperação;
- Trocar o curativo diariamente, uma ou duas vezes, conforme a gravidade da lesão;
- Massagear levemente a pele ao redor da ferida, com as mãos bem limpas, para estimular a circulação e a cicatrização;
- Nunca tirar as casquinhas que se formar sobre o ferimento.
Quer saber mais? Saiba como cuidar da cicatriz de cesárea!
Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária