A cicatrização da pele não é uma fórmula pronta que sempre apresenta o mesmo resultado. Cada organismo reage de uma maneira ao tratamento, podendo, inclusive, ser influenciado por fatores externos.
O tipo da lesão, a faixa etária do paciente, o estado nutricional, a existência de doenças crônicas, a utilização de terapia medicamentosa e o tratamento tópico adequado são alguns dos fatores que podem interferir na reepitelização (cicatrização) da pele.
Apesar dessas particularidades, é possível identificar três fases comuns nos processos de cicatrização que resultam na regeneração tecidual. Veja quais são elas:
FASE 1 – INFLAMATÓRIA
Tem como característica principal a presença do exsudato (secreção da lesão), que pode durar de um a quatro dias, variando de acordo com a extensão e natureza da lesão. Nessa fase acontece a liberação de mediadores químicos e a ativação do sistema de coagulação sanguínea, podendo haver edema, vermelhidão e dor.
FASE 2 – PROLIFERATIVA
É a fase da regeneração, que pode durar de 5 a 20 dias. Aqui ocorre a proliferação de fibroblastos, que dão origem ao processo chamado de “fibroplasia”. As células se proliferam, resultando em rica vascularização e infiltração de macrófagos. Somados, esses processos formam o tecido de granulação, parte essencial da cicatrização da pele.
FASE 3 – REPARO
Essa última fase pode durar meses. O tecido formado na fase anterior é remodelado e a densidade celular e a vascularização são diminuídas. Para aumentar a resistência do tecido e melhorar o aspecto da cicatriz, as fibras são realinhadas, o que altera progressivamente a tonalidade da cicatriz, passando do vermelho escuro ao tom rosa claro.
Fatores que influenciam a cicatrização da pele
A cicatrização da pele pode ser influenciada por diversos fatores, prolongando o tempo de recuperação ou até comprometendo a eficiência do processo:
Fatores locais | Fatores sistêmicos |
Presença de infecção | Idade |
Técnica de sutura | Genética |
Tensão nos bordos | Doenças sistêmicas como diabetes |
Deficiência de vascularização | Doenças vasculares e pulmonares |
Presença de corpo estranho | Condições imunocomprometidas ou autoimunes |
Necrose tecidual | Fatores nutricionais |
Edema e/ou hematoma | Uso de medicamentos, como corticoides e imunossupressores |
Ambiente muito seco ou muito úmido | Tabagismo |
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Diferença entre cicatrização em pele saudável e pele diabética
A cicatrização em pacientes com a pele saudável costuma ser mais eficiente, pois envolve as fases normais do processo de regeneração: inflamação, proliferação e remodelação.
No entanto, para pessoas com diabetes, a cicatrização ocorre de maneira mais demorada, devido a diversos fatores, como a má circulação, que reduz a quantidade de oxigênio e nutrientes que chegam à ferida, além dos níveis elevados de glicose no sangue, que podem prejudicar a função das células responsáveis pela reparação.
Além disso, diabéticos estão mais suscetíveis a infecções, o que pode complicar ainda mais a recuperação. Comparada à pele saudável, a pele de diabéticos apresenta um risco maior de complicações e cicatrizes, necessitando de cuidados redobrados e tratamentos específicos para acelerar a regeneração e evitar sérias complicações.
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Cuidados
Nessas três fases, alguns cuidados são importantes para que a regeneração ocorra conforme o esperado e a lesão não deixe marcas. Manter o organismo hidratado é essencial, assim como manter uma dieta equilibrada, composta por alimentos ricos em vitaminas, nutrientes, proteínas e carboidratos. Além disso, é muito importante evitar a exposição ao sol e, após a cicatrização, utilizar protetor solar diariamente. A ação dos raios UVA e UVB pode tornar as cicatrizes mais visíveis. Fazer uso de cremes hidratantes também ajuda a manter a nova pele hidratada.
Tratamento
A Membracel é muito utilizada para acelerar a cicatrização da pele, pois mantém a umidade natural da região e, portanto, promove o ambiente ideal para o desenvolvimento do tecido de granulação. Os poros da membrana facilitam as trocas gasosas, fator que estimula a formação do epitélio (tecido da pele). Em muitos casos, uma única membrana é necessária para a cicatrização total da lesão, o que, consequentemente, diminui o tempo e os custos de tratamento.
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Antonio Rangel
Antônio Rangel
Enfermeiro Especialista Estomaterapia e Podiatria Clinica e saúde da Família |
Graduado em enfermagem pela PUC-PR |
Pós-graduado em Estomaterapia (feridas, incontinência e estigmas) pela PUC-PR |
Pós-graduado em Podiatria Clínica pela UNIFESP |
Pós-graduado em Saúde Coletiva pela UFPR |
Pós-graduado em Saúde da Família pela Faculdade Evangélica pela PR |
Enfermeiro Assessor Técnico da Vuelo Pharma até 2023 |
Professor convidado do curso de Estomaterapia da PUC-PR |
Enfermeiro referência para tratamento de feridas e pé diabético da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba