Você sabia que o uso inadequado de uma bolsa coletora de urina pode causar desconforto e até complicações? Muitos pacientes enfrentam dificuldades diárias, como irritações na pele e limitações nas atividades cotidianas, devido a práticas incorretas.
Por isso, entender o uso correto da sua bolsa coletora é muito importante. Neste conteúdo, vamos compartilhar dicas práticas para o manejo adequado da bolsa, para que você possa ter mais segurança e qualidade de vida no seu dia a dia.
O que é uma bolsa coletora de urina?
A bolsa coletora de urina é um dispositivo médico utilizado para coleta da urina de pacientes que, devido a condições de saúde, não conseguem eliminar de forma espontânea.
Conectada a um cateter urinário, a bolsa armazena o líquido até que possa ser esvaziado de maneira segura e higiênica. A bolsa coletora de urina é indicada em diversas situações clínicas, como:
- Pacientes com retenção urinária – quando a urina não consegue ser eliminada naturalmente devido a bloqueios ou problemas na bexiga.
- Condições temporárias ou permanentes – após cirurgias urológicas, ginecológicas ou ortopédicas que limitam a mobilidade ou o funcionamento do sistema urinário.
- Monitoramento hospitalar – quando é necessário um controle preciso do volume urinário, como em pacientes em terapia intensiva ou com problemas renais.
- Pacientes com limitações físicas – pessoas com condições crônicas, como lesões na medula espinhal ou doenças neurológicas, que afetam o controle da micção.
Tipos de bolsas coletoras de urina
Existem diferentes tipos de bolsas coletoras de urina, cada uma para atender necessidades específicas, considerando o ambiente de uso e o perfil do paciente. Confira os principais modelos:
O sistema aberto é comumente usado em pacientes que passaram por cirurgias urológicas ou abdominais, além de ser indicado tanto para cuidados domiciliares quanto hospitalares.
Bolsa coletora de urina em sistema aberto – Foto: iStock
Sua principal vantagem é permitir o monitoramento visual do volume de urina, o que facilita verificações regulares pelo médico ou pela equipe de enfermagem para garantir que o sistema esteja funcionando corretamente.
Apesar de ter um mecanismo simples para esvaziamento, esse tipo de sistema apresenta maior risco de contaminação devido à manipulação frequente. Por isso, é fundamental redobrar os cuidados com a higiene durante o uso.
O sistema fechado, por outro lado, é amplamente utilizado em ambientes hospitalares, especialmente para pacientes com incontinência urinária ou para aqueles que precisam de monitoramento preciso da quantidade de urina eliminada (diurese) durante o acompanhamento clínico.
Esse modelo é considerado uma das melhores opções para prevenir infecções urinárias durante o tratamento, pois evita o contato direto com a urina. Além disso, oferece maior conforto ao paciente, já que reduz a necessidade de manipulação frequente.
Dentro dessa categoria, destacam-se duas modalidades:
- Bolsa de perna: indicada para pacientes que necessitam de mobilidade e sofrem de incontinência urinária. São menor capacidade de armazenamento, que podem ser facilmente fixadas à perna, proporcionando mais conforto e liberdade para a realização de atividades do dia a dia.
- Cateterismo vesical de demora: também chamado de “bolsa de leito” é a opção mais utilizada para pacientes acamados ou para uso noturno, permitindo maior intervalo entre os esvaziamentos. Normalmente, são usadas com suportes que as mantêm na posição correta, evitando vazamentos ou refluxo.
Bolsa coletora de urina de perna – Foto: AdobeStock
A escolha do modelo adequado deve ser feita com a orientação de um profissional de saúde, levando em consideração o estilo de vida do paciente e as recomendações médicas.
Como colocar a bolsa coletora de urina corretamente
Colocar a bolsa coletora de urina corretamente é fundamental para garantir a segurança do paciente, evitar vazamentos e prevenir infecções. Confira o passo a passo:
- Higienização das mãos: Lave bem as mãos com água e sabão neutro antes de iniciar o procedimento. Se possível, utilize luvas descartáveis para garantir maior segurança.
- Verifique o equipamento: Antes de conectar, inspecione a bolsa coletora para garantir que está limpa, sem danos e com todas as partes em funcionamento, como válvulas e conexões.
- Conecte a bolsa ao cateter: Certifique-se de que a ponta da conexão esteja esterilizada. Em seguida, conecte cuidadosamente a extremidade da bolsa ao cateter urinário, garantindo que esteja bem ajustada para evitar vazamentos.
- Posicione a bolsa: Para bolsas de perna, prenda a bolsa à perna do paciente utilizando as tiras elásticas, certificando-se de que estejam firmes, mas sem apertar para evitar desconforto. Posicione a bolsa abaixo do nível da bexiga para facilitar o fluxo da urina.
- Já para bolsas de leito, pendure a bolsa em um suporte apropriado próximo à cama, sempre abaixo do nível da bexiga, para evitar refluxo.
- Verifique o funcionamento: Após posicionar a bolsa, certifique-se de que o fluxo da urina está contínuo e que não há dobras ou obstruções no tubo.
- Cuide da higiene: Mantenha a área ao redor do cateter sempre limpa e seca, e esvazie a bolsa regularmente, conforme a orientação médica ou do profissional de saúde.
Cuidados diários com a bolsa coletora de urina
Para manter a bolsa coletora de urina em boas condições e garantir a higiene adequada, siga as seguintes orientações:
- Sempre lave a entrada da bolsa álcool 70% antes de realizar o esvaziamento;
- Realize a limpeza diária da área de inserção do cateter utilizando uma solução antisséptica;
- A bolsa deve ser esvaziada sempre que atingir cerca de 2/3 de sua capacidade ou, no mínimo, a cada 6 a 8 horas;
- No sistema aberto, a bolsa deve ser trocada diariamente, pois se trata de um modelo descartável. No sistema fechado, a troca deve ocorrer entre 21 dias e 12 semanas;
- Sempre mantenha a bolsa abaixo do nível da bexiga. Isso evita o refluxo da urina, que pode causar infecções;
- Certifique-se de que o tubo de drenagem esteja livre de dobras ou obstruções;
- Monitore sinais de infecção, como febre, dor ou odor forte na urina, e procure um médico imediatamente.
Nunca apoie a bolsa no chão e sempre feche a extensão da sonda ao movimentar o paciente – Foto: Adobe Stock
Uso da bolsa coletora de urina no pós-operatório
Durante o pós-operatório, a recuperação do controle urinário pode ser temporariamente afetada. Nesse momento, a bolsa coletora é fundamental, pois permite um monitoramento constante da quantidade de urina eliminada, ajudando a identificar rapidamente qualquer complicação que possa surgir.
Além disso, ela mantém o sistema urinário devidamente drenado, o que reduz o risco de infecções urinárias — um problema comum após cirurgias, especialmente quando o paciente está com cateter.
Por isso, o uso adequado da bolsa coletora não só proporciona conforto e segurança, mas também auxilia na recuperação mais rápida e sem complicações.
Lembre-se de seguir os cuidados recomendados e realizar o acompanhamento médico para ajustar os cuidados conforme necessário, garantindo que o processo de recuperação seja mais tranquilo neste período.
Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária