Conviver com uma colostomia pode não ser tarefa fácil no início, mas, aos poucos, acostuma-se com a rotina da bolsa. Além disso, as tecnologias para ostomizados estão evoluindo e, cada vez mais, melhoram o conforto e a qualidade de vida dessas pessoas.
O oclusor é uma dessas tecnologias. A possibilidade de usar um dispositivo como esse permite que o ostomizado se sinta mais livre e confortável para realizar as atividades do dia a dia.
O que é?
O oclusor é um tipo de tampão flexível e descartável desenvolvido para controlar a eliminação de fezes. Aliado à irrigação, o oclusor permite a continência intermitente da colostomia. Ou seja, a irrigação possibilita o controle do fluxo intestinal e o oclusor oclui a colostomia junto ao abdômen, proporcionando mais liberdade para o ostomizado.
A combinação irrigação + oclusor permite que o colostomizado tenha uma continência entre 24 e 72 horas. É uma forma de treinar o intestino para funcionar em períodos pré-estabelecidos. Quando bem instruído e com orientação médica, o ostomizado pode, inclusive, realizar o procedimento por conta própria sem dificuldades.
Quem pode usar?
Infelizmente, essa técnica não se aplica a qualquer tipo de ostomia. Apenas podem realizar a irrigação (acompanhada do uso de oclusores) pessoas com colostomia terminal de apenas uma boca, localizada no cólon descendente ou sigmoide (hemicólon esquerdo).
Além disso, alguns outros pré-requisitos são: colostomia sem complicações, diâmetro externo do estoma entre 20 e 45mm e altura (protusão) de até 25mm, até três eliminações de fezes (pastosas ou sólidas) ao dia e boas condições gerais para autocuidado.
Como usar?
Após a irrigação (falamos nesse post como deve ser feito o processo de irrigação), o oclusor deve ser inserido no estoma assim que a eliminação intestinal acabar. O período de intervalo entre a eliminação das fezes deverá aumentar conforme o treinamento intestinal for evoluindo, podendo chegar a até 72 horas.
Importante: o resultado da irrigação e o tempo de permanência do oclusor podem ser influenciados por fatores como dieta, consistência das fezes e quantidade de gases intestinais formados. Portanto, é imprescindível manter uma alimentação saudável, ingerindo alimentos de fácil digestão e evitando aqueles que aumentam a produção de odores ou o excesso de gases, como feijão, repolho e brócolis.
Os principais benefícios do procedimento de irrigação aliado ao oclusor são:
- Diminuição de volume, se comparado à bolsa coletora;
- Melhora do aspecto higiênico;
- Controle do odor;
- Mais segurança e conforto para as atividades íntimas;
- Liberdade de movimentação;
- Aumento da independência e da autoestima.
Pode ser que, no início, o ostomizado apresente dificuldades de adaptação à utilização do oclusor. Porém, tendo em vista a independência que o dispositivo proporciona, a adaptação é questão de tempo.
Posso usar o Spray de Barreira em oclusores?
A cola do sistema oclusor (localizada na superfície externa) permite que o item fique fixo ao estoma, dando segurança de que nenhum acidente ocorra pelo extravasamento inesperado de fezes. Porém, o fato de colar e descolar o oclusor com certa frequência – para troca do dispositivo – pode acabar deixando a pele sensível e suscetível a lesões.
Portanto, nesses casos, a utilização do Spray de Barreira passa a ser importante, já que o produto forma uma barreira que protege a pele por até 72h. Ou seja, a aplicação do Spray de Barreira, antes de fixar o oclusor à pele, evita que o cola-e-descola do adesivo cause irritações ou feridas na pele. Ajuda, ainda, a proteger contra possíveis infiltrações.
Antonio Rangel
Antônio Rangel
Enfermeiro Especialista Estomaterapia e Podiatria Clinica e saúde da Família |
Graduado em enfermagem pela PUC-PR |
Pós-graduado em Estomaterapia (feridas, incontinência e estigmas) pela PUC-PR |
Pós-graduado em Podiatria Clínica pela UNIFESP |
Pós-graduado em Saúde Coletiva pela UFPR |
Pós-graduado em Saúde da Família pela Faculdade Evangélica pela PR |
Enfermeiro Assessor Técnico da Vuelo Pharma até 2023 |
Professor convidado do curso de Estomaterapia da PUC-PR |
Enfermeiro referência para tratamento de feridas e pé diabético da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba