Uma estomia infantil pode parecer uma situação difícil de ser enfrentada, mas, com o apoio de especialistas, a rotina de cuidados com a bolsinha passa a ser apenas um detalhe no dia a dia ativo da criança.
Após a confecção do estoma, alguns cuidados passam a ser necessários para evitar complicações e garantir que a criança cresça saudável. Veja abaixo algumas dicas e orientações sobre estomias em crianças.
O que é estomia?
Estomia é uma abertura realizada cirurgicamente para interligar um órgão ao meio externo. Hoje, falaremos especificamente sobre os casos em que o órgão em questão é o intestino. Dessa forma, as fezes passam a ser armazenadas por uma bolsa coletora, esvaziada diversas vezes ao dia.
Uma ostomia pode ser permanente ou temporária, sendo que nessa última o fluxo intestinal voltará ao normal de acordo com orientações médicas. Os tipos mais comuns de estomia são:
– Ileostomia: quando a abertura é realizada no intestino delgado;
– Colostomia: quando a abertura é realizada no intestino grosso.
Em crianças, a confecção do estoma é realizada, em muitos casos, no período neonatal, por conta de má formações congênitas. É importante que os pais e a criança – de acordo com a idade – sejam envolvidos no processo de troca da bolsa coletora desde o início, para facilitar a aceitação do estoma, diminuindo os medos e inseguranças relacionados à nova situação.
Cuidados com estomias em crianças
Crianças estomizadas podem brincar normalmente, andar de bicicleta, nadar, ir à praia… Podem realizar todas as atividades indicadas para a idade, desde que seja mantida uma rotina de esvaziamento da bolsa, evitando acidentes, como o vazamento do conteúdo.
É importante que, após a cirurgia, a criança e os pais sejam acompanhados por um enfermeiro estomaterapeuta, que é o profissional especialista em estomias e feridas. Esse apoio – junto ao apoio da família – é fundamental para que não sejam necessárias alterações nas atividades do dia a dia, facilitando a adaptação da criança à bolsinha.
Além dos fatores físicos, para o bom desenvolvimento da criança, é importante que os pais estejam equilibrados emocionalmente. A criança deve perceber sentimentos de amor e tranquilidade, e não de insegurança e ansiedade.
Aos poucos, a criança irá aprender a cuidar sozinha da estomia. Esse treinamento deverá ser realizado de forma gradativa, respeitando as especificidades e habilidades da criança. Por volta dos 10 anos, a criança já estará apta a manter sozinha os cuidados diários com a estomia.
Cuidados pós-operatórios
Após a cirurgia de criação do estoma, o estomaterapeuta demonstrará os processos para o procedimento de troca da bolsa coletora, como remoção, limpeza da pele, periodicidade de troca e outras informações importantes. Alguns cuidados com relação a dieta também precisam ser levados em conta, como evitar a ingestão de fibras logo após a cirurgia, inserindo-as no cardápio aos poucos. Também é necessário estimular a ingestão de líquidos e orientar sobre sinais de alerta, como distensão abdominal, náuseas e vômito.
Quanto mais informação, mais seguros os pais e a criança vão se sentir para realizar os procedimentos e cuidados com o estoma. Após o período de recuperação, a criança deverá retornar às suas atividades normais, como frequentar a escola. Para isso, diretores, professores e cuidadores deverão ser informados sobre a nova situação e orientados para evitar acidentes e situações constrangedoras para a criança.
O fornecimento da bolsa coletora e outros materiais necessários é garantido por lei, devendo ser entregues gratuitamente pelo SUS, assim como o atendimento do enfermeiro estomaterapeuta.
Dicas para cuidar de estomas em crianças:
- Ao trocar a bolsa, dê prioridade para o período da manhã, antes da criança ingerir líquidos;
- Água morna e sabão podem facilitar o descolamento da bolsa ou da placa. Segure a pele com uma das mãos enquanto retira a placa com a outra. Isso facilitará o desprendimento;
- Ao descolar a placa, lave a pele periestoma com água e sabão neutro. Seque suavemente com uma toalha macia. Aplique o Spray de Barreira em toda pele ao redor do estoma para proteger da cola da bolsa e de possíveis infiltrações;
- Assegure-se de que a abertura da placa da bolsa esteja de acordo com as dimensões reais do estoma para que o encaixe seja perfeito, evitando dermatites e irritações na pele periestoma;
- Um estoma normal tem as seguintes características: coloração rosa forte ou vermelho vivo, formato regular e brilhante. Se houver edema, sangramento ou ulcerações, procure imediatamente o médico ou enfermeiro estomaterapeuta;
- Para evitar o odor desagradável, é importante manter a rotina de limpeza da bolsa e do estoma, assim como a frequência de troca da bolsa conforme orientação do fabricante. DICA DE OURO: o Gelificador para Bolsas de Estomia aromatiza o conteúdo da bolsinha com óleo essencial de lavanda, que além de ajudar a combater os odores, lubrifica e facilita a limpeza da bolsa. Esses fatores, ainda, aumentam a vida útil da bolsinha;
- Ao sair de casa, leve sempre um kit de emergência, com bolsa extra e muda de roupa. Acidentes acontecem e é importante estar preparado;
- Crianças com idade entre 3 e 5 anos são muito ativas. Por isso, é importante permitir que elas participem do procedimento, estimulando a manipulação dos materiais (como tesoura sem ponta). Ao participar, a criança se sente mais segura e passa a encarar a situação com normalidade.