Cicatrização cutânea é o termo que se refere ao processo de reparação tecidual da pele, no qual o tecido lesionado é substituído por um tecido novo. A reparação das camadas da pele é composta por diversos fatores, como a regeneração de células especializadas e a formação do tecido de granulação.
O que é cicatrização cutânea?
Após identificar uma lesão, o organismo inicia o processo de cicatrização como meio de proteger o corpo, para que a ferida não se torne uma porta de entrada para infecções e outras complicações.
Cada organismo é único e reage de uma maneira ao processo de cicatrização da pele. O tipo de tratamento e até alguns fatores externos influenciam diretamente na resposta do paciente. Faixa etária, estado nutricional, existência de doenças crônicas, tabagismo e obesidade são informações que podem acelerar ou retardar o processo de cicatrização.
Tipos de cicatrização
Podemos listar 3 tipos de cicatrização, que são:
- Cicatrização de primeira intenção: ocorre, geralmente, em lesões causadas por objetos cortantes. A ferida é fechada por aproximação de suas bordas, pois há pouca perda tecidual e baixo índice de complicações. A lesão fecha entre 4 e 10 dias e a cicatriz é linear.
- Cicatrização de segunda intenção: quando há perda acentuada de tecido. As bordas da ferida não se unem e, portanto, esse espaço precisa ser preenchido por tecido de granulação que, na sequência, irá reepitelizar. O processo todo pode durar meses.
- Cicatrização de terceira intenção: o processo envolve limpeza, desbridamento (retirada dos tecidos mortos) e, posteriormente, fechamento da lesão por meio de suturas, enxertos ou retalhos. O resultado estético é intermediário.
Fases da cicatrização
São 3 as fases da cicatrização: inflamatória, proliferativa e de reparo.
- Fase Inflamatória
Pode durar de 1 a 4 dias, variando de acordo com a extensão e o tipo da lesão. É caracterizada pela presença de secreção (exsudato). Nessa fase pode haver edema, vermelhidão e dor porque ocorre a liberação de mediadores químicos e a ativação do sistema de coagulação sanguínea.
- Fase Proliferativa
É a fase da regeneração, que pode durar de 5 a 20 dias. Como o nome diz, as células se proliferam, resultando em rica vascularização e infiltração de macrófagos. Somados, esses processos formam o tecido de granulação, parte essencial da cicatrização da pele.
- Fase de Reparo
Essa última fase pode durar meses. O tecido formado na fase anterior é remodelado para aumentar sua resistência. Para amenizar o aspecto da cicatriz, as fibras são realinhadas, o que melhora progressivamente sua tonalidade, passando do vermelho escuro ao tom rosa claro.
Fatores que Influenciam a Cicatrização
Existem três tipos de fatores que podem afetar a cicatrização de feridas: (1) intrínseco, (2) extrínseco e (3) iatrogênico.
Compreender como esses fatores podem influenciar na cicatrização, pode ajudar a determinar um plano de tratamento e prognostico adequados.
Fatores Intrínsecos: estão relacionados à pessoa e não podem ser alterados, mas podem ser gerenciados.
- Idade: a produção de colágeno, elastina e ácido hialurônico diminui à medida que a pele envelhece. Uma vez que a pele mais velha sofre uma lesão, o processo de cicatrização é mais lento devido à renovação mais dos queratinócitos, redução do fluxo sanguíneo para a derme e desaceleração da complexa cascata de cicatrização;
- Genética: pesquisas descobriram que as pessoas tendem a ser suscetíveis a infecções por determinadas bactérias, dependendo do seu genótipo. Ou seja, quanto mais variado for o microbioma de uma ferida (conjunto de micro-organismos que vivem naturalmente na pele e nas feridas), mais rápido será o processo de cicatrização;
- Doenças sistêmicas: como diabetes, doenças vasculares, doenças pulmonares, condições imunocomprometidas ou autoimunes e condições que afetam o sistema nervoso autônomo;
Fatores extrínsecos: estão relacionados à ferida e podem ser controlados diretamente.
- Medicamentos: alguns dos medicamentos que interferem na cicatrização de feridas são: esteroides, anticoagulantes, anti-inflamatórios não esteroidais, medicamentos quimioterápicos, imunossupressores ou antirrejeição;
- Nutrição: a deficiência nutricional interfere em todas as fases da cicatrização, podendo causar hemorragias, infecções, deiscências e fechamento tardio da ferida;
- Estresse e níveis elevados de cortisol: o cortisol diminui a produção de colágeno, retardando o processo de cicatrização. Assim como o excesso de cortisol, que mantem a ferida no estado inflamatório;
- Sono irregular: a falta de sono pode causar estresse no organismo, o que pode prejudicar a qualidade e quantidade de colágeno na pele, além de afetar a recuperação muscular, pois o processo de regeneração de tecidos cerebrais e físicos ocorre à noite;
- Tabagismo: a nicotina é uma das principais substâncias que mais interferem o processo de cicatrização e causa diversas complicações como úlceras nas bordas cirúrgicas, necrose tecidual e tromboembolismo;
- Álcool: o consumo de álcool contribui na diminuição da angiogênese na fase de reepitelização, aumentando o risco de infecção e retardando o fechamento da ferida;
- Infecção: a infecção pode causar uma inflamação prolongada, pois a ferida tem que competir com a infecção pelos fatores imunológicos, o que pode atrasar a cicatrização;
- Biofilme: o biofilme pode ser a principal causa de cicatrização tardia e persistente das feridas. O biofilme pode produzir uma resposta inflamatória inadequada que é prejudicial aos tecidos hospedeiros e atrasa a cicatrização;
- Obesidade: o excesso de peso aumenta o risco de infecções, hematomas, complicações cirúrgicas, úlceras venosas, lesões por pressão, fricção, maceração, mobilidade limitada e/ou estilo de vida sedentário e edema;
Fatores iatrogênicos: estão relacionados à maneira com é feito o tratamento da ferida.
- Seleção e gerenciamento de curativos: tanto as escolhas inadequadas de curativos quanto a aplicação e/ou remoção do curativo com técnica inadequada pode resultar em traumas nos tecidos da ferida em cicatrização;
- Desbridamento excessivo: embora o desbridamento de manutenção seja frequentemente necessário, o desbridamento excessivo pode causar uma ruptura do leito da ferida e prejudicar o processo de cicatrização;
- Pomadas antibióticas: as pomadas antibióticas podem ser prejudiciais quando usados de forma inadequada, devendo ser usadas pelo menor tempo necessário para alcançar os resultados desejados e minimizar os efeitos colaterais;
- Traumas locais: os traumas locais podem acontecer por meio da limpeza da ferida, troca de curativos, curativos de compressão solta, calçados ou posicionamento do paciente.
Tratamentos para Melhorar a Cicatrização
Atualmente, existem vários tratamentos para lesões de pele, desde procedimentos cirúrgicos, terapias complementares como laser e oxigenoterapia até tratamentos dermatológicos tópicos como a aplicação de cremes e pomadas cicatrizantes, que podem acelerar o processo de cicatrização devido às suas propriedades anti-inflamatórias ou antimicrobianas.
O uso de curativos de alginato, filmes, espumas, hidrocoloides, hidrofibras ou hidrogéis, são fundamentais para proteger a área lesionada de agentes externos e traumas mecânicos, reduzindo o risco de infecções e acelerando o processo de cicatrização.
Assim como a Membrana Regeneradora Porosa Membracel, um substituto temporário da pele, que pode ser utilizada em qualquer situação em que ocorra a perda da pele, seja em lesões superficiais ou profundas.
Por conter poros, a membrana favorece as trocas gasosas, mantendo a umidade natural da região. Esses fatores colaboram para a formação do tecido de granulação, que é a fase inicial e essencial do processo de reepitelização. Dessa forma, a Membracel acelera a cicatrização da pele, diminuindo o tempo e os custos com o tratamento.
Como Acelerar a Cicatrização da Pele
- Limpar a ferida diariamente com água e sabão de pH neutro ou solução salina e gaze para remover bactérias e prevenir infecções, que podem atrasar a cicatrização;
- Aplicar cremes ou pomadas cicatrizantes pelo menos duas vezes por dia, pois contêm propriedades com ação anti-inflamatória ou antimicrobiana que ajudam a promover uma rápida regeneração da pele;
- Manter a ferida húmida e coberta para acelerar o processo de cicatrização e reduzir a probabilidade de coçar e reabrir a ferida;
- Proteger a ferida do sol com um protetor solar de proteção alta;
- Beber, no mínimo, 2 litros de água por dia;
- Estimular a circulação sanguínea com a prática de atividades físicas;
- Manter uma boa alimentação, rica em vitaminas, minerais, proteínas e carboidratos;
- Evitar hábitos de vida que podem interferir na cicatrização da pele, como fumar, beber bebidas alcoólicas ou ter um estilo de vida sedentário.
Além disso, é importante procurar cuidados médicos em casos de hemorragia intensa, secreção de pus, aumento da vermelhidão ou dor excessiva. Feridas profundas, muito extensas ou que apresentem sinais de infecção também devem ser sempre avaliadas por um médico ou enfermeiro.
Uso de Membracel na Cicatrização Cutânea
A Membrana Regeneradora Porosa Membracel é um curativo de celulose porosa que pode ser usado para tratar feridas crónicas e acelerar o processo de cicatrização.
A membrana substitui temporariamente a pele e promove o desenvolvimento de tecido de granulação, uma etapa essencial do processo de cicatrização. Além disso, também pode reduzir a dor, drenando o excesso de exsudato e permitindo trocas gasosas.
A Membracel pode ser usada para tratar lesões causadas por queimaduras, úlceras de membros inferiores ou outras situações em que falte a epiderme ou a derme.
A membrana pode permanecer na lesão por 7 a 10 dias em lesões recentes e superficiais, e por 5 a 7 dias em lesões profundas. Durante este tempo, é necessário limpar a região diariamente com soro fisiológico ou outra solução específica para limpeza, sem retirar a membrana.
Entretanto, a Membracel não deve ser usada para controlar hemorragias, lesões tunelares ou cavitarias, lesões com suspeita de infecção, lesões malignas ou com suspeita de malignidade.
Quer saber outras dicas para acelerar a cicatrização da pele? Veja esse post.
Antonio Rangel
Antônio Rangel
Enfermeiro Especialista Estomaterapia e Podiatria Clinica e saúde da Família |
Graduado em enfermagem pela PUC-PR |
Pós-graduado em Estomaterapia (feridas, incontinência e estigmas) pela PUC-PR |
Pós-graduado em Podiatria Clínica pela UNIFESP |
Pós-graduado em Saúde Coletiva pela UFPR |
Pós-graduado em Saúde da Família pela Faculdade Evangélica pela PR |
Enfermeiro Assessor Técnico da Vuelo Pharma até 2023 |
Professor convidado do curso de Estomaterapia da PUC-PR |
Enfermeiro referência para tratamento de feridas e pé diabético da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba