O tratamento de feridas é uma área complexa e que necessita conhecimentos específicos por parte dos profissionais da saúde. Essa complexidade exige a utilização de produtos diferenciados, que otimizem os custos e tempo de tratamento. Por conta disso, o mercado dispõe de curativos especiais, que tem a inovação como alicerce, lançando mão de artifícios que tornam o processo de cicatrização mais efetivo.
Pode ser que você já tenha ouvido falar ou até visto alguma comparação sobre os tratamentos com a Membrana Regeneradora Porosa Membracel e a lâmina em gel. A verdade é que os dois produtos têm finalidades diferentes e para explicar as especificações de cada um e suas aplicabilidades, convidamos o enfermeiro estomaterapeuta Antônio Rangel, que conhece a fundo as coberturas disponíveis no mercado.
Vuelo (V): Qual é a diferença entre a membrana porosa e a lâmina em gel?
Rangel (AR): Na realidade, os produtos são bastante distintos e devem ser utilizados em diferentes fases do processo de cicatrização da pele. A membrana é usada quando há a necessidade de cicatrizar a pele. Já a lâmina em gel é aplicada em cicatrizes, em situações em que a pele já está epitelizada.
V: Pode falar um pouco sobre a lâmina em gel?
AR: A lâmina em gel é utilizada para o tratamento de cicatrizes hipertróficas e queloides. Em ambas as situações, a ferida já está cicatrizada e a lâmina em gel é utilizada para amenizar o aspecto da cicatriz. Além disso, a lâmina em gel clareia a pele quando há hiperpigmentação da área afetada e evita que cicatrizes comuns evoluam para cicatrizes hipertróficas ou queloidianas.É bastante indicada em cicatrizes lineares, após procedimentos cirúrgicos (como abdonominoplastia e cesariana) e procedimentos com incisões ou cortes.Esse tipo de cobertura nunca pode entrar em contato com sangue ou fluidos corporais e não deve ser utilizado quando a cicatriz está aberta.
V: E quais são as aplicações da Membracel?
AR: A Membracel é uma membrana de celulose desenvolvida para acelerar a cicatrização da pele. É indicada em casos de queimaduras, úlceras de membros inferiores, feridas diabéticas, lesões de pele causadas por epidermólise bolhosa e outras situações em que haja a perda da epiderme (camada superficial da pele) ou derme (camada mediana da pele). Ou seja, diferente da lâmina em gel, a Membracel é utilizada enquanto a lesão está exposta. Além de tornar o processo cicatricial mais rápido e eficaz, a membrana protege os terminais nervosos, o que diminui significativamente a dor na região.
V: É possível identificar semelhanças entre a Membracel e a lâmina em gel?
AR: Algumas características técnicas são parecidas, como o fato de nenhum dos dois produtos conterem princípios ativos, o que significa que são isentos de medicamentos. Porém, de maneira geral, a Membracel e a lâmina em gel não são produtos similares e, portanto, não devem ser utilizados para a mesma finalidade.
V: Posso associar os dois tratamentos?
AR: É possível utilizar os dois produtos, porém, em momentos diferentes. A Membracel deve ser utilizada no processo de cicatrização, para “fechar” a lesão. Por motivos diversos, pode acontecer de o processo de reepitelização resultar em cicatrizes hipertróficas e, nesse caso, a aplicação da lâmina em gel pode amenizar as marcas. Ou seja, os dois produtos nunca poderão ser associados ou utilizados na mesma fase do processo cicatricial.
Antonio Rangel
Antônio Rangel
Enfermeiro Especialista Estomaterapia e Podiatria Clinica e saúde da Família |
Graduado em enfermagem pela PUC-PR |
Pós-graduado em Estomaterapia (feridas, incontinência e estigmas) pela PUC-PR |
Pós-graduado em Podiatria Clínica pela UNIFESP |
Pós-graduado em Saúde Coletiva pela UFPR |
Pós-graduado em Saúde da Família pela Faculdade Evangélica pela PR |
Enfermeiro Assessor Técnico da Vuelo Pharma até 2023 |
Professor convidado do curso de Estomaterapia da PUC-PR |
Enfermeiro referência para tratamento de feridas e pé diabético da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba