O que é um gastroenterologista?
O gastroenterologista é o médico especializado no diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças que afetam o sistema digestivo.
Segundo o Ministério da Saúde o aparelho digestivo é composto por boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, reto e ânus.
Já os órgãos digestórios acessórios são os dentes, a língua, as glândulas salivares, o fígado, a vesícula biliar e o pâncreas.
Ou seja, se há algo de errado com a digestão, absorção de nutrientes ou até mesmo evacuação, o médico gastroenterologista é quem deve ser consultado.
Quando procurar um gastroenterologista
Muitas pessoas só marcam consulta quando o problema está avançado, mas o corpo costuma dar sinais antes disso.
Se você identificar dois ou mais dos sinais abaixo, é hora de buscar um médico gastroenterologista:
- Azia ou queimação no estômago;
- Refluxo gastroesofágico;
- Enjoo e náuseas;
- Dores abdominais;
- Gases em excesso ou barriga constantemente estufada;
- Diarreia ou prisão de ventre;
- Presença de sangue nas fezes;
- Fezes escuras e com odor forte;
- Mau hálito persistente;
- Perda de peso sem explicação;
- Cansaço excessivo sem causa aparente.
Atenção: esses sintomas podem estar ligados a condições comuns, como gastrite ou refluxo, mas também a doenças mais graves e silenciosas, como úlcera, hepatites, doenças inflamatórias intestinais e até câncer gastrointestinal.
Os sintomas gastrointestinais (GI) podem variar de leves a graves – Foto: Adobe Stock
Principais doenças tratadas
As principais doenças tratadas pelo gastroenterologista são:
- Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), que provoca retorno do conteúdo do estômago para o esôfago, causando azia, queimação no estômago e dor no peito.
- Gastrite, uma inflamação da mucosa do estômago que provoca sintomas como dor, queimação, náusea e sensação de estômago cheio.
- Úlcera no estômago, uma ferida que se forma na parede do estômago ou intestino, que pode causar dor intensa, sangramentos e complicações graves se não tratada.
- Hérnia de hiato que ocorre quando parte do estômago sobe para o tórax através do diafragma, causando refluxo e desconforto abdominal.
- Síndrome do Intestino Irritável (SII), um distúrbio crônico que causa alternância entre diarreia e prisão de ventre, além de dor e inchaço abdominal.
- Doença de Crohn, uma inflamação crônica que pode atingir qualquer parte do sistema digestivo, com sintomas como diarreia, dor e perda de apetite e de peso.
- Retocolite ulcerativa, uma inflamação do cólon e reto, que provoca diarreia com sangue, dor abdominal e cansaço extremo.
- Diverticulite, uma inflamação dos divertículos (pequenas bolsas no intestino), que pode causar dor intensa, febre e alterações nas fezes.
- Hepatites virais (A, B, C), infecções no fígado causadas por vírus, podendo levar à insuficiência hepática e cirrose se não tratadas adequadamente.
- Esteatose hepática (fígado gorduroso), um acúmulo de gordura no fígado, geralmente associado a obesidade, diabetes ou consumo excessivo de álcool.
- Cirrose hepática, que compromete a função do fígado e pode evoluir para câncer hepático.
- Cálculos biliares (pedra na vesícula), que forma cristais na vesícula biliar que causam dor, náuseas e, em casos mais graves, inflamações.
- Infecções intestinais causadas por vírus, bactérias ou parasitas, resultando em diarreia, vômitos e cólicas.
- Pancreatite, uma inflamação do pâncreas, geralmente causada por álcool ou cálculos biliares, com dor abdominal intensa e risco de complicações.
- Intolerâncias alimentares (glúten, lactose), que causam diarreia, inchaço, gases e desconforto abdominal após o consumo de certos alimentos.
- Cânceres gastrointestinais, tumores que se desenvolvem no estômago, esôfago, intestino, pâncreas, fígado, reto e ânus.
É importante destacar que muitas dessas doenças têm sintomas parecidos e silenciosos. Por isso, a avaliação médica especializada é fundamental para um diagnóstico correto e um tratamento adequado.
Gastrite, doença de Crohn e síndrome do intestino irritável estão entre as doenças gastrointestinais mais comuns – Foto: Adobe Stock
Exames solicitados pelo gastroenterologista
Para realizar um diagnóstico preciso, o médico gastroenterologista pode solicitar uma série de exames clínicos e laboratoriais, dependendo da queixa do paciente.
Os mais exames gastroenterológicos mais comuns são:
- Endoscopia digestiva alta, que avalia esôfago, estômago e duodeno;
- Colonoscopia, que examina o intestino grosso e alterações do hábito intestinal;
- Ultrassonografia abdominal, que analisa fígado, vesícula e rins;
- Exames de fezes e sangue, que ajudam a identificar infecções, inflamações e anemia;
- Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica, que avalia as doenças das vias biliares e pancreáticas;
- pHmetria e manometria esofágica, que examina o refluxo gástrico.
Importante: a colonoscopia é o único exame capaz de identificar e remover pólipos antes que eles se tornem câncer.
Além disso, a recomendação médica é que seja feita a partir dos 45 anos, mesmo sem sintomas.
Importância da prevenção e diagnóstico precoce
Muitos ignoram sintomas como azia, gases, prisão de ventre ou dores abdominais recorrentes, tratando como algo corriqueiro.
Mas o corpo sempre manda sinais e quanto antes eles forem interpretados por um especialista, maiores são as chances de evitar complicações sérias.
Segundo a Organização Mundial de Gastroenterologia, cerca de 20% da população global sofre com algum tipo de problema intestinal, mas 90% dessas pessoas não procuram orientação médica. Muitas se automedicam ou simplesmente aprendem a conviver com o desconforto.
Negligenciar doenças digestivas pode trazer consequências severas, como necessidade de cirurgia, perda de qualidade de vida ou até o desenvolvimento de condições crônicas irreversíveis.
O diagnóstico precoce é uma das maiores armas contra doenças digestivas potencialmente graves, como câncer de intestino, cirrose hepática e doenças inflamatórias intestinais.
Muitas dessas condições evoluem de forma silenciosa e, quando descobertas tardiamente, exigem tratamentos mais complexos e com menores chances de sucesso.
Por outro lado, exames preventivos como a colonoscopia podem detectar alterações ainda em fase inicial e reduzir drasticamente o risco de morte.
Gastroenterologista com sonda para realizar gastroscopia e colonoscopia – Foto: Adobe Stock
Além disso, existem alguns hábitos que ajudam a prevenir doenças do sistema digestivo, como:
- Reduzir o consumo de gorduras, frituras e alimentos ultraprocessados;
- Evitar o excesso de cafeína e refeições muito volumosas, especialmente à noite;
- Respeitar o intervalo entre a última refeição e o momento de deitar-se;
- Aumentar a ingestão de fibras e água ao longo do dia;
- Praticar atividades físicas com regularidade;
- Evitar o uso indiscriminado de medicamentos, principalmente laxantes, analgésicos e anti-inflamatórios;
- Manter bons hábitos de higiene alimentar, especialmente em locais com condições sanitárias precárias;
- Manter a vacinação em dia (como hepatites);
- Evitar o consumo excessivo de álcool e o tabagismo;
- Praticar técnicas de relaxamento, como meditação ou yoga, para gerenciar o estresse;
- Realizar exames periódicos conforme a orientação médica.
Se você chegou até aqui, já sabe que o cuidado com o sistema digestivo precisa ser uma prioridade e não apenas uma reação à dor.
Como se preparar para uma consulta
É comum sentir certa insegurança ao agendar uma consulta com o gastroenterologista, mas estar preparado faz toda a diferença.
Para tornar o atendimento mais eficiente e contribuir para um diagnóstico mais preciso é importante:
- Anotar todos os sintomas que vem sentindo, com datas, intensidade e frequência.
- Levar resultados de exames recentes, mesmo que não sejam específicos da área digestiva.
- Informar todos os medicamentos que você utiliza, incluindo suplementos e fitoterápicos.
- Descrever seus hábitos alimentares e estilo de vida, como consumo de álcool, cafeína, comidas gordurosas, rotina de sono e prática de atividades físicas.
- Esteja aberto para seguir orientações, como ajustes na dieta ou a realização de exames complementares.
Lembre-se: quanto mais informações o médico tiver, mais assertivo será o diagnóstico e o plano de tratamento.
Estar bem preparado é o primeiro passo para cuidar da sua saúde com mais segurança – Foto: Adobe Stock
Relação com outras especialidades médicas
O tratamento de doenças gastrointestinais muitas vezes exige uma abordagem multidisciplinar. O gastroenterologista costuma atuar em parceria com outras especialidades médicas digestivas e profissionais da saúde para garantir um cuidado mais holístico:
- Nutricionistas, para ajustes na alimentação conforme a condição do paciente;
- Proctologista, para tratar hemorroidas, fístulas e câncer colorretal;
- Endocrinologistas, em casos de diabetes, obesidade e distúrbios metabólicos;
- Hepatologistas, indicados quando há doenças específicas do fígado;
- Cirurgiões do aparelho digestivo, se houver necessidade de intervenção cirúrgica;
- Oncologistas, em diagnósticos de câncer gastrointestinal, como os de estômago, pâncreas e intestino.
Se você apresenta sintomas digestivos persistentes, marque uma consulta com gastroenterologista. Não é normalconviver com dores, desconfortos ou alterações intestinais constantes.
Confira aqui um conteúdo completo sobre os hábitos alimentares que ajudam a melhorar o trânsito intestinal.
Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária