O que é a pele periestoma?
A pele periestoma é a região ao redor do estoma, uma abertura criada cirurgicamente no abdômen para permitir a eliminação de fezes ou urina em pessoas que passaram por ostomias, como colostomia, ileostomia ou urostomia.
Segundo a Associação Brasileira de Estomaterapia (SOBEST), lesões nessa área são comuns em adultos e crianças com estomias de eliminação. O contato da pele com fezes, urina e adesivos pode causar irritações, feridas e outras complicações dermatológicas, que podem se manifestar de forma aguda ou crônica.
A escolha correta dos dispositivos de estomia, a higiene adequada e a identificação precoce de alterações na pele são fundamentais para evitar problemas que possam comprometer a adesão da bolsa e causar complicações.
Importância da integridade da pele periestoma
A integridade da pele periestoma é essencial para o conforto, a segurança e a qualidade de vida do ostomizado. Uma pele saudável garante a adesão adequada dos dispositivos de estomia, prevenindo vazamentos, irritações e complicações que podem causar dor e desconforto.
A escolha correta da bolsa é o primeiro passo para garantir conforto e evitar complicações na pele periestoma – Foto: Adobe Stock
Por outro lado, qualquer lesão nessa área pode comprometer a vedação do equipamento, resultando em vazamentos de fezes ou urina. Isso piora ainda mais os danos à pele e pode afetar o bem-estar emocional, gerando ansiedade e insegurança.
Além do impacto físico, complicações na pele periestoma podem dificultar o autocuidado e a adaptação ao estoma. Por isso, a adoção de medidas preventivas é fundamental para manter a saúde da pele e garantir mais qualidade de vida.
Principais complicações na pele periestoma
Infelizmente, as complicações físicas do estoma podem ocorrer no pós-operatório ou em algum momento da vida do ostomizado. As principais complicações na pele periestoma são:
1. Dermatite irritativa
Um estudo identificou que 48,2% das pessoas com estomia apresentaram complicações, sendo as dermatites responsáveis por 19,6% dos casos. Entre elas, a dermatite irritativa, uma das mais comuns, que ocorre quando a pele entra em contato direto com fezes ou urina, causando vermelhidão, ardência, coceira e, em casos mais graves, erosão da pele (feridas abertas).
2. Infecção fúngica ou bacteriana
O ambiente úmido e quente ao redor do estoma favorece a proliferação de microrganismos, levando a infecções fúngicas (como a candidíase) ou bacterianas, que podem se manifestar por coceira, descamação, vermelhidão e, em casos mais graves, pus.
3. Reação alérgica aos adesivos
Algumas pessoas ostomizadas podem desenvolver reações alérgicas aos materiais das placas adesivas ou a outros produtos utilizados na fixação da bolsa. Isso pode causar coceira, vermelhidão e descamação, tornando necessário o uso de dispositivos hipoalergênicos.
Reações alérgicas aos adesivos podem prejudicar a pele periestoma – Foto: Adobe Stock
4. Hiperplasia periestoma
A hiperplasia periestoma é o crescimento excessivo do tecido ao redor do estoma devido ao atrito constante com fezes, urina ou o próprio equipamento de estomia. Essa condição pode dificultar a vedação adequada da bolsa e aumentar o risco de vazamentos e infecções.
5. Lesões por fricção ou pressão
O uso inadequado do equipamento de estomia pode causar lesões por fricção ou pressão, resultando em machucados, bolhas ou áreas endurecidas na pele. Isso pode acontecer quando a placa adesiva está muito apertada ou quando há movimentação excessiva do dispositivo.
Fatores de risco para lesões na pele periestoma
As lesões na pele periestoma podem ser influenciadas por fatores de riscos que estão diretamente relacionados à saúde geral da pessoa ostomizada, assim como por condições externas que podem piorar o estado da pele e contribuir para o surgimento de complicações.
Esses fatores podem ser classificados como intrínsecos e extrínsecos.
Fatores intrínsecos:
- Condições como doenças cardíacas, respiratórias, metabólicas, hepáticas, autoimunes e até diabetes podem afetar a circulação sanguínea e a resposta imunológica da pele, tornando-a mais suscetível a lesões;
- Pacientes em faixas etárias extremas (muito jovens ou idosos) têm pele mais sensível e menor capacidade de regeneração, o que aumenta o risco de complicações;
- O uso de medicamentos como corticoides, quimioterapia e radioterapia pode enfraquecer a pele e dificultar sua cicatrização, tornando-a mais vulnerável a infecções e lesões.
Fores extrínsecos:
- O uso de produtos de higienização inadequados ou agressivos para a pele pode causar irritações e aumentar o risco de lesões;
- O contato frequente de fezes ou urina com a pele é a principal causa de dermatites e infecções;
- O uso de dispositivos de estomia que não se ajustam corretamente pode causar atrito, fricção e até feridas;
- Remover o dispositivo de forma agressiva ou inadequada pode lesionar a pele;
- A localização incorreta do estoma ou uma técnica cirúrgica mal executada podem contribuir para complicações, comprometendo a posição do estoma e afetando a eficácia dos dispositivos de estomia;
- Hábitos como o esforço físico precoce ou a escolha inadequada de roupas que pressionem o estoma também podem contribuir para lesões.
Prevenção de lesões na pele periestoma
Para evitar complicações na pele periestoma, siga estas boas práticas:
1. Mantenha a pele limpa e seca
Manter a pele ao redor do estoma limpa e seca é um dos passos mais importantes para evitar irritações e infecções. Portanto, lave a região com água potável e sabão neutro, seque delicadamente com uma toalha limpa, sem friccionar, e evite o uso de produtos agressivos ou irritantes que possam danificar a barreira cutânea.
2. Escolha um dispositivo de estomia adequado
A seleção do dispositivo correto, como bolsas de estomia, placas adesivas e outros acessórios, é essencial para evitar o atrito e a fricção na pele. Portanto, consulte um profissional para encontrar a melhor opção.
Além disso, é importante que os dispositivos sejam trocados regularmente, conforme as orientações do profissional de saúde, para garantir sua eficácia e evitar danos à pele.
3. Proteja sua pele com Spray de Barreira VUELO
A aplicação do Spray de Barreira VUELO ajuda a proteger a pele ao redor do estoma do contato direto com fezes ou urina, criando uma camada protetora que pode durar até 72 horas.
O Spray de Barreira evita lesões ao redor do estoma – Foto: Vuelo Pharma
Além de manter a pele saudável após a higienização e antes de aplicar a placa adesiva, o Spray também auxilia na prevenção de dermatites e lesões causadas por fricção, excesso de umidade, infiltrações, vazamentos e até mesmo pela cola da própria bolsa de estomia.
4. Reduza infiltrações com o Gelificador VUELO
A umidade excessiva dentro da bolsa de estomia pode aumentar o risco de infiltrações e irritações na pele periestoma. O Gelificador para Bolsas de Estomia é uma solução que ajuda a manter a pele periestoma protegida e a bolsa de estomia mais segura, proporcionando mais conforto e segurança ao estomizado.
Com grânulos de polímero acrílico de alta absorção, o gelificador transforma o líquido presente na bolsa em gel, o que reduz odores, ruídos e possíveis vazamentos.
Além disso, sua fórmula contém óleo essencial de lavanda, que minimiza odores e facilita a higienização da bolsa, deixando um aroma agradável tanto no interior da bolsinha quanto no ambiente no momento da troca.
5. Evite esforço físico excessivo
Embora a atividade física seja importante para a saúde, é essencial evitar esforços físicos excessivos logo após a cirurgia, pois isso pode aumentar a pressão sobre o estoma e prejudicar a integridade da pele. Além disso, use roupas confortáveis, com ajuste adequado, para evitar pressão ou atrito no estoma.
6. Evite remoção agressiva do equipamento
A remoção inadequada do dispositivo de estomia pode causar atrito e danificar a pele periestoma. Para minimizar traumas, retire a bolsa de estomia e os adesivos com cuidado, seguindo as orientações do fabricante ou de um profissional de saúde. Você pode utilizar, também, um removedor de adesivos de uso médico, borrifando sob a placa para que descole com mais facilidade.
7. Monitore regularmente a pele
Observar a pele ao redor da estomia diariamente ajuda a detectar sinais iniciais de complicações e agir rapidamente para preveni-las. Caso sinta coceira, ardência ou dor na região, a placa adesiva deve ser trocada imediatamente, sempre após a higienização adequada da pele.
Além disso, é importante realizar consultas regulares com enfermeiros estomaterapeutas e outros profissionais de saúde para monitorar a condição do estoma e da pele periestoma.
Com esses pequenos cuidados, você conseguirá manter a pele periestoma saudável como ela deve ser, sem coceiras, ardências ou irritações.
Tratamento de dermatite periestoma
O tratamento da dermatite periestoma começa com o manejo adequado da área afetada, garantindo que a pele ao redor do estoma seja preservada e que a integridade da pele seja restaurada.
O primeiro passo no tratamento é entender o que está causando a dermatite. Para isso, ajuste o dispositivo de estomia, verifique se há vazamentos e escolha produtos adequados à sua pele.
Após identificar e corrigir a causa, o próximo passo é tratar a pele afetada. Pomadas e cremes específicos para dermatite periestoma podem ajudar na cicatrização e proteção da área.
Se a dermatite persistir ou for causada por um problema com o dispositivo de estomia, como formato ou material inadequado, pode ser necessário trocar o modelo da bolsa ou utilizar produtos auxiliares.
Caso a dermatite não melhore com as medidas básicas de cuidado, ou se surgirem complicações como infecção, procure orientação médica imediatamente.
Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária