Você sabia que cerca de 10% dos adultos e 20% das crianças enfrentam os desafios do eczema, também conhecido como dermatite atópica, todos os anos?
Vermelhidão, coceira intensa e a sensação constante de desconforto são sintomas que não afetam apenas a pele, mas também a autoestima e o bem-estar emocional dessas pessoas.
Mas há como mudar isso. Neste conteúdo, vamos esclarecer o que realmente causa o eczema, como identificá-lo e, principalmente, quais os melhores cuidados para aliviar os sintomas e recuperar sua qualidade de vida.
O que é Eczema?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o eczema é um tipo de dermatose, ou seja, uma inflamação da pele, que pode se manifestar de forma aguda, subaguda ou crônica.
Na fase aguda, surgem marcas avermelhadas com pequenas bolinhas de água na superfície, que podem se romper e liberar um líquido claro, marcando a transição para a fase subaguda do eczema. Já na fase crônica, essa secreção seca, formando crostas e levando ao espessamento da pele.
É comum que o eczema se apresente de forma combinada, como agudo/subagudo ou subagudo/crônico, ou permaneça em uma única fase, dependendo de cada caso. Os fatores desencadeantes variam de pessoa para pessoa, mas incluem:
- Exposição a alérgenos – certos alimentos, ácaros, pólen e pelos de animais são gatilhos comuns para crises de eczema, especialmente em pessoas com predisposição alérgica.
- Irritantes químicos – produtos como sabonetes, perfumes, detergentes ou até tecidos como lã e materiais sintéticos podem irritar a pele e agravar os sintomas.
- Alterações climáticas – ambientes frios e secos, com baixa umidade, costumam ressecar a pele, favorecendo o surgimento de lesões e intensificando o desconforto.
- Estresse emocional – situações de tensão ou ansiedade podem não só desencadear como também agravar os episódios de eczema, devido à conexão entre saúde mental e a resposta inflamatória do organismo.
O estresse emocional pode agravar os sintomas e desencadear crises de eczema – Foto: Freepik
Tipos de Eczema
O eczema pode se manifestar de diferentes formas, sendo classificado em seis tipos principais, cada um com características específicas:
- Eczema atópico (dermatite atópica)
O eczema atópico é o tipo mais comum que aparece em áreas específicas do corpo, como face, dobras de braços e pernas. Além disso, está associado a condições alérgicas, como asma e rinite. Caracteriza-se por coceira intensa, vermelhidão e ressecamento da pele, sendo mais frequente em crianças, embora também possa persistir na vida adulta.
- Eczema de contato (dermatite de contato)
O eczema de contato é uma dermatose que surge quando a pele entra em contato com substâncias irritantes ou alérgenos, como produtos de limpeza, metais (como níquel) ou cosméticos. Os sintomas mais comuns são vermelhidão, inchaço e bolhas comumente localizadas nas mãos, face, pescoço e pés.
- Eczema por droga ingerida (farmacodermia eczematosa)
O eczema por droga ingerida ocorre como reação a medicamentos ingeridos, como antibióticos, anti-inflamatórios ou analgésicos. Esse tipo de eczema pode causar manchas avermelhadas e coceira na pele.
- Eczema numular
O eczema numular apresenta lesões em forma de placas arredondadas que podem ser extremamente secas ou exsudativas (com líquido). Além disso, afeta braços, pernas ou tronco e é mais comum em adultos, podendo ser desencadeado por ressecamento da pele ou infecções.
- Eczema de estase
O eczema de estase afeta principalmente as pernas, especialmente em pessoas com insuficiência venosa crônica. Caracteriza-se por manchas avermelhadas, descamação e coceira, podendo evoluir para feridas em casos mais graves.
- Eczema disidrósico (disidrose)
O eczema disidrósico se manifesta com pequenas bolhas que surgem nas palmas das mãos, plantas dos pés ou entre os dedos. É comum em períodos de estresse, clima quente e úmido ou após exposição prolongada a água. A coceira pode ser intensa, causando desconforto.
Sintomas e Diagnóstico
Os sintomas do eczema variam de acordo com o tipo e a gravidade da condição, mas os sinais mais comuns em praticamente todos os casos são:
- Coceira intensa que pode ser constante e piorar à noite;
- Vermelhidão e inchaço frequentemente acompanhados por descamação;
- Pele ressecada que pode apresentar rachaduras ou fissuras;
- Espessamento e endurecimento da pele que ocorre em casos crônicos devido à coceira persistente;
- Sensibilidade aumentada ao usar produtos de limpeza, cosméticos ou até tecidos irritantes.
A exposição a produtos químicos pode desencadear eczema de contato – Foto: Adobe Stock
O diagnostico do eczema é feito por um dermatologista, que analisa o histórico médico do paciente e observa as características das lesões na pele. Durante a consulta, o especialista avalia fatores como a localização, aparência e evolução das lesões, além de possíveis gatilhos, como exposição a alérgenos ou irritantes.
Em alguns casos, pode ser necessário realizar testes alérgicos para identificar substâncias que possam estar desencadeando os sintomas ou até uma biópsia de pele, que ajuda a descartar outras condições com sintomas semelhantes.
Tratamentos para Eczema
O tratamento do eczema é realizado de acordo com o tipo do eczema. Embora as abordagens possam ser diferentes, existem algumas opções comuns que ajudam a controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.
- Uso de cremes ou pomadas com corticosteroides, para diminuir a inflamação e a coceira na pele, sendo uma das formas mais comuns de tratamento tópico o eczema.
- Uso de medicamentos orais, como antibióticos podem ser prescritos para prevenir ou tratar infecções bacterianas na pele ou anti-histamínicos para aliviar o prurido (coceira) e melhorar a qualidade do sono.
- Uso de cremes e loções emolientes para restaurar a barreira cutânea da pele, prevenindo o ressecamento e aliviando o desconforto causado pelo eczema.
- Exposição controlada à radiação ultravioleta A ou B (UVA ou UVB) pode ser indicada em casos mais graves, ajudando a reduzir a inflamação e melhorar a aparência da pele.
- Medicamentos imunossupressores podem ser prescritos para reduzir a inflamação e a formação de lesões, em casos crônicos ou muito severos.
Além desses tratamentos, a identificação e remoção de gatilhos, como alimentos ou produtos irritantes, também são fundamentais para o controle do eczema.
Prevenção e Cuidados Gerais
Embora o eczema não tenha cura, alguns cuidados podem ajudar a minimizar as crises e melhorar o bem-estar da pele. Confira as principais recomendações:
- Mantenha a pele hidratada com cremes emolientes ou loções hidratantes logo após o banho, enquanto a pele ainda está um pouco úmida, pois ajuda a prevenir o ressecamento;
- Opte por produtos de higiene e cosméticos suaves, sem fragrâncias fortes ou álcool, que podem irritar a pele;
- Evite o uso de tecidos ásperos, como lã ou materiais sintéticos, que também podem causar desconforto;
- Prefira roupas de algodão, que são mais respiráveis e não irritam a pele;
- Evite banhos muito quentes ou longos, pois eles podem ressecar ainda mais a pele;
- Prefira água morna e sabonetes suaves, sem corantes ou fragrâncias;
- Reduza o estresse com estratégias de relaxamento, como meditação, yoga ou atividades físicas leves;
- Identifique e remova os gatilhos que podem causar ou piorar as crises de eczema.
A hidratação da pele ajuda a reduzir a coceira e a irritação – Foto: Freepik
Complicações Potenciais
Se não tratado adequadamente, o eczema pode levar a serias complicações como:
- Infecções bacterianas – a coceira constante pode levar ao ato de arranhar as lesões, o que pode abrir a pele e facilitar a entrada de bactérias, causando infecções.
- Alterações permanentes na pele – o eczema crônico pode causar espessamento da pele (liquenificação) ou a formação de cicatrizes, comprometendo sua elasticidade e função.
- Hiperpigmentação – quando a pele é constantemente irritada, pode resultar em manchas escuras (hiperpigmentação) nas áreas afetadas.
- Impacto psicológico – a coceira constante e as alterações na aparência da pele podem contribuir para o desenvolvimento de ansiedade ou depressão.
Quando procurar um dermatologista?
- Se os sintomas de eczema não melhorarem com o tratamento inicial ou se piorarem com o tempo.
- Se houver sinais de infecção, como pus, aumento da vermelhidão ou calor na área afetada.
- Se a pele se tornar espessa ou desenvolver crostas, dificultando a cicatrização.
- Se o eczema afetar sua qualidade de vida, com impacto no sono ou nas atividades diárias.
- Se você notar reações alérgicas a medicamentos ou produtos que antes não causavam problemas.
Ao notar qualquer um desses sinais, procure a orientação de um dermatologista para obter um diagnostico preciso e um tratamento adequado.
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Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária
