De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil possui mais de 400 mil pessoas vivendo com estomia, uma condição que requer atenção especializada e suporte contínuo. Por meio do Sistema único de Saúde (SUS), são realizados cerca de 13 mil atendimentos ambulatoriais mensais, que incluem acompanhamento médico, fornecimento de materiais essenciais para o manejo da ostomia e orientações sobre o uso correto desses equipamentos.
Mas como é o dia a dia dessas pessoas? Quais desafios elas enfrentam para manter a autonomia e qualidade de vida? Vamos juntos entender o que significa ser um paciente ostomizado, os cuidados indispensáveis e como transformar essa condição em uma jornada de superação.
O que é um paciente ostomizado?
Um paciente ostomizado é aquele que passou por um procedimento cirúrgico chamado estomia. Esse procedimento cria uma abertura (estoma) na parede abdominal para permitir a eliminação de fezes, urina ou outros fluidos corporais, quando o sistema digestório ou urinário não pode funcionar normalmente.
A estomia, também chamada de ostomia, pode ser temporária ou permanente, dependendo da condição de saúde do paciente. Os principais tipos de ostomias, que fazem parte das chamadas estomias de eliminação, são:
- Colostomia: realizada quando uma parte do cólon (intestino grosso) precisa ser desviada. É comumente indicada em casos de câncer colorretal, perfurações intestinais ou doenças inflamatórias intestinais graves.
- Ileostomia: envolve a criação de um estoma com a porção final do intestino delgado (íleo). Geralmente é necessária em condições como colite ulcerativa ou doença de Crohn severa.
- Urostomia: realizada para desviar a urina quando a bexiga é removida ou não pode funcionar adequadamente. É frequentemente indicada em casos de câncer de bexiga ou lesões traumáticas.
Causas e condições que levam à ostomia
A ostomia pode ser necessária devido a várias condições médicas, como:
- Câncer: o câncer colorretal e o câncer de bexiga são causas comuns de ostomias permanentes. Em muitos casos, a ostomia é realizada como parte do tratamento para remover tumores e prevenir a recorrência.
- Doenças Inflamatórias Intestinais (DII): condições como colite ulcerativa e doença de Crohn podem causar danos severos aos intestinos, necessitando de uma ostomia.
- Traumas: lesões graves na região abdominal ou pélvica, como as causadas por acidentes de trânsito ou ferimentos por arma de fogo, podem exigir uma ostomia emergencial.
- Malformações congénitas: em crianças, condições como anomalias anorretais ou obstruções intestinais podem requerer ostomias temporárias ou permanentes.
Cuidados essenciais para pacientes ostomizados
Manter a saúde do estoma e da pele ao seu redor é fundamental para evitar complicações e melhorar a qualidade de vida. Aqui estão os principais cuidados:
- Lave a área ao redor do estoma com água morna e sabão com pH neutro, evitando produtos irritantes ou perfumados;
- Ao limpar a área ao redor do estoma, aplique movimentos suaves com uma toalha macia para evitar fricções e lesões;
- Após a lavagem, seque a área com cuidado, usando uma toalha limpa e seca ou um pano macio. Deixe a pele secar completamente antes de aplicar qualquer produto ou colocar a bolsa de colostomia;
- Verifique regularmente a pele ao redor do estoma para identificar sinais de irritação ou infecção, como vermelhidão, inchaço ou secreção.
- Utilize o Spray de Barreira VUELO, um protetor cutâneo que forma uma camada protetora para evitar que o contato com a urina machuque a pele periestoma;
- Evite o uso de produtos como álcool ou loções com fragrância, pois eles podem causar ressecamento e aumentar a chance de irritações;
- Troque a bolsa coletora conforme orientação do profissional de saúde, evitando deixar a pele exposta por longos períodos;
- Evite o uso de produtos que possam deixar resíduos na pele, como cremes oleosos ou pomadas não recomendadas;
- Mantenha a pele ao redor do estoma hidratada com hidratantes específicos ou recomendados por profissionais para evitar o ressecamento;
- Utilize o Gelificador para Bolsas de Estomia inserindo cápsulas dentro da bolsa. Cada cápsula gelifica até 100 mL de líquido, ajudando a controlar o volume da bolsa e a prevenir vazamentos.
Além dos cuidados com a pele, é importante prestar atenção ao uso de dispositivos e acessórios de ostomia para garantir a segurança, o conforto e a autonomia do paciente:
- Selecione a bolsa correta: escolher o tipo de bolsa (fechada ou de drenagem) e o tamanho adequado ao estoma, ajuda a garantir que o dispositivo se ajuste corretamente e evite vazamentos;
- Verifique a qualidade do adesivo: o adesivo da bolsa deve ser de boa qualidade, garantindo que ela fique bem fixada à pele ao redor do estoma. A troca do adesivo deve ser feita regularmente para evitar o desgaste e possíveis irritações;
- Troque a bolsa no momento certo: a bolsa deve ser trocada regularmente, conforme a recomendação médica ou de um profissional de enfermagem. Trocar a bolsa no intervalo certo evita o acúmulo de resíduos e a irritação da pele;
- Remova a bolsa com cuidado: ao remover a bolsa, retire com cuidado para não agredir a pele ao redor do estoma. Use um removedor de adesivo, se necessário, para facilitar a remoção;
- Higienize a área ao redor do estoma: antes de aplicar um novo dispositivo, limpe a área ao redor do estoma com água morna e sabão neutro. Seque bem a pele para garantir uma boa adesão;
- Use produtos recomendados: utilize produtos específicos para ostomizados, como barreiras protetoras (pomadas ou sprays) que ajudam a proteger a pele da umidade e das substâncias presentes nas fezes ou urina;
- Adapte o dispositivo ao tamanho do estoma: o orifício do dispositivo deve ser ajustado para que fique cerca de 1 a 2 mm maior do que o tamanho do estoma, garantindo uma vedação segura e confortável;
- Verifique a vedação: a vedação do dispositivo deve ser adequada para evitar vazamentos. Verifique se o adesivo está colado corretamente e se não há espaços entre a bolsa e a pele;
- Cinto de ostomia: se recomendado pelo profissional de saúde, o uso de cinto de ostomia pode ajudar a manter o dispositivo firme no lugar, especialmente durante atividades físicas;
- Protetores de pele: protetores de pele e barreiras cutâneas são acessórios úteis para proteger a pele ao redor do estoma, evitando irritações e lesões causadas pelo contato constante com a bolsa;
- Verifique a bolsa frequentemente: durante o dia, verifique o dispositivo para garantir que não haja vazamentos e que ele esteja bem posicionado;
- Atenção à pressão: evite colocar pressão excessiva sobre a bolsa, o que pode causar desconforto e até vazamentos;
- Armazene corretamente os dispositivos: guarde os dispositivos em local seco e fresco, longe da luz direta do sol, para preservar sua qualidade;
- Descarte adequado: o descarte da bolsa usada e dos acessórios deve ser feito de forma adequada, seguindo as orientações de segurança e higiene recomendadas para evitar contaminações;
- Evite roupas apertadas: use roupas que não comprimam o estoma ou o dispositivo, pois isso pode causar desconforto e prejudicar a vedação;
- Cuidado com atividades físicas: tenha cuidado com atividades físicas que possam causar traumas na área do estoma. Consulte um profissional de saúde sobre as melhores práticas para exercícios;
- Avaliação médica regular: consulte regularmente um enfermeiro Estomaterapeuta ou médico especializado para avaliações periódicas e orientações personalizadas.
Apoio psicológico e qualidade de vida para ostomizados
A adaptação à ostomia vai além dos cuidados físicos e envolve desafios emocionais e sociais profundos. Muitos pacientes enfrentam sentimentos de insegurança, isolamento ou dificuldade em aceitar as mudanças em seu corpo, o que pode impactar diretamente a confiança, a autoestima e o bem-estar emocional.
Uma das ferramentas mais eficazes para lidar com essas questões são os grupos de apoio para ostomizados. São espaços seguros que permitem que os pacientes compartilhem experiências, aprendam com histórias de superação e sintam-se compreendidos por pessoas que enfrentam realidades semelhantes.
Além disso, o suporte psicológico oferecido por profissionais especializados pode ajudar os pacientes a reconstruírem sua autoconfiança e a desenvolverem habilidades para enfrentar barreiras sociais, promovendo inclusão e qualidade de vida.
Viver com uma ostomia apresenta desafios, mas também é uma oportunidade de superar dificuldades e manter uma vida plena. Com os avanços na área de estomaterapia e o apoio de profissionais de saúde, pacientes ostomizados podem encontrar conforto, autonomia e qualidade de vida.
Quer saber mais? Descubra agora os tipos e modelos de bolsas de ostomia que se adaptam às suas necessidades, proporcionando ainda mais conforto no seu dia a dia.
Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária