Você sabia que mais da metade das amputações no Brasil está relacionada ao diabetes e que até 30% das pessoas amputadas não sobrevivem ao primeiro ano após a cirurgia?
Ignorar sinais de alerta ou atrasar o tratamento pode piorar o quadro, mas com os cuidados adequados, é possível prevenir complicações e manter a qualidade de vida.
O que é coto?
O coto é a extremidade do membro remanescente após uma amputação. Além disso, é composto por pele, tecido muscular, nervos e osso, adaptados para a cicatrização e posterior uso de uma prótese.
No entanto, cada coto é único e exige cuidados personalizados para garantir a sua integridade e funcionalidade.
Os cotos podem variar conforme:
- O nível da amputação, que pode ser transfemoral (acima do joelho), transtibial (abaixo do joelho), entre outros.
- A forma, podendo ser cônico, cilíndrico ou bulboso.
- A sensibilidade, já quealguns pacientes sentem hipersensibilidade, enquanto outros podem ter áreas com menos sensibilidade.
Essas diferenças influenciam diretamente na escolha e no ajuste da prótese, assim como nos cuidados diários necessários.
Como funciona a dessensibilização do coto?
A dessensibilização do coto é um processo terapêutico para reduzir a sensibilidade excessiva no local da amputação, o que pode ser uma barreira para o uso confortável da prótese.
Esse procedimento utiliza diversas técnicas e métodos de dessensibilização para permitir que o coto se acostume com o contato, a pressão e o movimento, aliviando o desconforto ou as dores associadas à hipersensibilidade.
No entanto, é importante destacar que, nas primeiras semanas após a amputação, o foco principal deve ser o cuidado com a ferida operatória, garantindo sua cicatrização adequada.
Só após a cicatrização completa da ferida é que se inicia o preparo para o uso da prótese, envolvendo a fisioterapia e a ortopedia para o ajuste da prótese e o fortalecimento muscular do coto.
Quando o coto está cicatrizado e pronto para o trabalho de dessensibilização, o paciente pode ser orientado a realizar os seguintes exercícios:
- Massagens suaves: usando as mãos ou objetos macios para estimular a circulação e reduzir a hipersensibilidade;
- Estimulação tátil: com materiais de diferentes texturas, como tecidos ou esponjas, para expor gradualmente o coto a diferentes sensações;
- Pressão controlada: aplicação de compressão com faixas ou meias elásticas para reduzir o edema e a sensibilidade e ajudar na adaptação ao uso da prótese;
- Terapia de imersão: colocar o coto em materiais como arroz ou bolinhas de silicone para estimular a dessensibilização.
Independentemente do nível de amputação, esses exercícios ajudam na prevenção de dores intensas e auxiliam o coto a reconhecer diversas sensações, como temperatura fria e quente.
Vale ressaltar, que esses exercícios devem ser realizados sob a orientação de um profissional habilitado, como enfermeiros, fisioterapeutas ou médicos especializados.
Realizar qualquer técnica de forma inadequada pode trazer riscos, especialmente para pacientes com neuropatia diabética, que têm maior vulnerabilidade a complicações, como o desenvolvimento de feridas ou infecções.
Cuidados com o coto após amputação:
Os cuidados adequados com o coto são fundamentais para prevenir complicações, garantir conforto e promover a adaptação à prótese.
CUIDADOS DIÁRIOS:
- Higienização: lave o coto diariamente com água morna e sabonete neutro ou antibacteriano. Isso ajuda a prevenir infecções e o surgimento de fungos;
- Secagem: seque cuidadosamente o coto com uma toalha macia, garantindo que não fiquem áreas úmidas, para evitar irritações ou infecções;
- Hidratação: massageie a pele ao redor do coto com cremes hidratantes recomendados por um profissional de saúde. Isso evita o ressecamento e melhora a elasticidade da pele.
O QUE EVITAR:
- Não apoie o coto em travesseiros ou cobertores quando estiver sentado ou deitado;
- Evite deixar o coto pendurado fora da cama ou cruzado sob a outra perna;
- Não se deite com o coto flexionado;
- Não raspe a pele do membro residual, para evitar irritações e lesões;
- Não use álcool ou produtos químicos na pele do coto;
- Não apoie o coto diretamente na muleta;
- Evite colocar travesseiros sob a coluna, pois isso pode afetar o alinhamento postural.
PARA UMA RECUPERAÇÃO COMPLETA E SEM COMPLICAÇÕES, É IMPORTANTE:
- Exposição ao sol: sempre que possível, tome banho de sol para estimular a produção de vitamina D, essencial para fortalecer ossos e nutrir a pele. Use protetor solar com FPS 30 ou superior para proteger a área;
- Exercícios e enfaixamento: realize os exercícios e o enfaixamento diariamente, conforme orientação médica ou de um fisioterapeuta.
Autoavaliação do coto:
o Inspecione diariamente o coto em busca de sinais como vermelhidão, cortes ou possíveis infecções;
o Verifique a pele duas vezes ao dia para identificar rupturas. Caso não consiga visualizar toda a área, use um espelho. Esse cuidado é especialmente importante para pessoas com diabetes.
CUIDADOS COM A PRÓTESE:
- Ajustes:
- Se o encaixe da prótese estiver frouxo ou apertado, consulte o protesista imediatamente para ajuste;
- Certifique-se de que a altura do sapato esteja adequada à prótese, para evitar desalinhamentos que sobrecarreguem o coto e as articulações.
- Itens de emergência: tenha sempre uma bolsa com itens extras, como meias para o coto, bandagens, pomada antibiótica ou anti-histamínica, entre outros;
- Adaptação ao longo do dia: o ajuste da prótese pode variar ao longo do dia. Adicione meias ao coto conforme necessário para manter o conforto;
- Manutenção profissional: caso tenha problemas com a prótese ou o revestimento, procure um especialista. Nunca tente ajustes ou modificações por conta própria.
Benefícios do uso do Spray de Barreira no cuidado com o coto:
O Spray de Barreira VUELO foi desenvolvido para proteger a pele do coto, ajudando a prevenir lesões causadas pelo excesso de umidade e pelo atrito com próteses. Além disso, ele auxilia na manutenção da saúde da pele, oferecendo proteção por até 72 horas.
Dermatologicamente testado, o Spray cria uma camada protetora resistente à água, que evita irritações e lesões, enquanto sua fórmula de secagem rápida, incolor, sem álcool e não gordurosa proporciona maior conforto durante o uso.
Com o Spray de Barreira VUELO, a pele do coto permanece saudável e protegida, promovendo bem-estar e contribuindo para a durabilidade do equipamento.
Passo a passo para aplicação do Spray:
- Para aplicação do Spray de Barreira Vuelo, a pele deve estar limpa e seca;
- Mantenha o aplicador a uma distância de 10 a 15 cm da pele e pulverize uma camada lisa e uniforme de película na região que requer proteção;
- Aguarde alguns minutos para que o produto seque por completo;
- Se uma segunda camada for necessária, aguarde a secagem da primeira antes da reaplicação;
- É indicada a aplicação do Spray de Barreira VUELO a cada 72 horas;
- Não é necessário remover a camada existente antes da reaplicação.
Como fazer curativo em coto?
Os curativos no coto são necessários no período pós-cirúrgico e durante a adaptação à prótese. Inicialmente, o procedimento deve ser realizado por um profissional especializado, como um médico cirurgião, que orientará o paciente sobre os cuidados necessários.
Esse tipo de cuidado no coto tem como principais objetivos a prevenção de edemas (inchaços), a estimulação das reações na região do coto e a modelagem do coto para o uso de próteses.
Por esse motivo, é importante que a pessoa amputada aprenda a realizar o enfaixamento de forma independente, seguindo sempre as recomendações do especialista para garantir uma recuperação segura até a etapa de protetização.
Ao realizar o curativo, a pressão deve ser maior na ponta do coto e diminuir gradualmente em direção à parte superior. Caso sinta formigamento, retire a faixa e refaça o curativo, ajustando a pressão para evitar desconforto.
Quando procurar ajuda médica?
Os principais sinais de alerta são:
- Vermelhidão intensa ou inchaço no coto;
- Dor persistente ou aumento do desconforto;
- Presença de secreção amarelado pela cicatriz;
- Odor desagradável;
- Mudança na coloração da pele para tons cinzentos ou azulados.
Estes sinais de alerta podem indicar infecção ou má circulação do local amputado, sendo necessário consultar um profissional de saúde imediatamente.
Se você conhece alguém que está passando por essa fase de adaptação à prótese, compartilhe este conteúdo! A informação certa pode fazer toda a diferença na recuperação.
Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária