Feridas fazem parte do cotidiano de muitas pessoas, seja devido a acidentes, cirurgias ou condições de saúde. Entretanto, o que começa como um pequeno problema pode rapidamente evoluir para uma infecção, comprometendo não apenas a cicatrização, mas também a saúde geral do paciente.
Feridas grandes ou de difícil cicatrização, como as que acometem pessoas com diabetes, são especialmente propensas a infecções por micro-organismos. Segundo dados do Ministério da Saúde, o diabetes aumenta em até cinco vezes o risco de infecções em feridas, tornando a prevenção e o tratamento essenciais para evitar complicações graves, como úlceras ou até amputações.
O que caracteriza uma ferida infectada?
Nem toda ferida com a presença de microrganismos está, de fato, infectada. Segundo o Consenso de Feridas Infectadas (2016), toda ferida contém microrganismos em sua superfície, mas apenas quando esses agentes se multiplicam em quantidade suficiente para provocar uma resposta local e/ou sistêmica no organismo, a ferida é classificada como infectada.
Para identificar uma ferida infectada, é fundamental observar os seguintes sinais e sintomas:
- Presença de pus: exsudato amarelado, esverdeado ou acinzentado, frequentemente acompanhado de um odor desagradável;
- Vermelhidão intensa: a área ao redor da ferida pode ficar avermelhada e quente ao toque, indicando uma inflamação ativa;
- Febre local ou sistêmica: o aumento da temperatura na região da ferida é um indicativo comum. Em casos mais graves, a febre pode se espalhar por todo o corpo;
- Dor intensa: a presença de dor intensa ou persistente, mesmo em repouso, deve ser encarada como um alerta importante;
- Edema: o inchaço na área da ferida, provocado pelo acúmulo de líquidos e pela inflamação, também é um sinal frequente de infecção;
- Retardo na cicatrização: feridas que não mostram sinais de melhora ao longo do tempo, precisam ser avaliadas, pois a infecção pode estar impedindo o processo de cicatrização.
Principais causas de infecção em feridas
A infecção em feridas ocorre devido à entrada de microrganismos patogênicos, como bactérias, fungos ou vírus, no leito da lesão. Entre as principais causas, destacam-se:
- Falta de higiene e limpeza adequada: o descuido em manter a ferida limpa e protegida é a causa mais comum de infecção. Feridas que não são higienizadas em até 8 horas podem acumular sujeira e resíduos, facilitando a proliferação de microrganismos e aumentando o risco de complicações;
- Contaminação por agentes externos: o contato da ferida com superfícies não esterilizadas, água contaminada, ambientes sujos, insetos ou animais pode introduzir agentes infecciosos no local, piorando o quadro;
- Manipulação inadequada: tocar a ferida com as mãos sujas ou utilizar materiais não esterilizados durante a troca de curativos aumenta o risco de contaminação;
- Feridas por mordidas de animais ou pessoas: essas lesões exigem cuidados redobrados e ação imediata, pois a saliva contém microrganismos que, ao penetrar pela pele, potencializam infecções graves e de rápida progressão;
- Perfurações com objetos contaminados: feridas causadas por pregos, vidros ou outros objetos pontiagudos representam uma ameaça enorme, pois podem conter resíduos infecciosos que dificultam a cicatrização e prejudicam o organismo;
- Presença de corpos estranhos: fragmentos de vidro, madeira ou outros objetos deixados na ferida atuam como foco de infecção, atrasando a recuperação;
- Baixa imunidade: pacientes com imunidade comprometida, como diabéticos ou pessoas em tratamento imunossupressor, são mais suscetíveis a infecções, pois o organismo tem dificuldade em combater os microrganismos invasores.
A prevenção dessas causas requer cuidados específicos e atenção desde o momento em que a ferida ocorre. A higienização imediata, proteção adequada, uso de materiais limpos e atenção redobrada em situações de alto risco são medidas principais para evitar complicações e garantir um processo de cicatrização saudável.
Como limpar uma ferida infectada?
A limpeza de uma ferida infectada é o primeiro passo para conter a proliferação de microrganismos e facilitar a cicatrização. O processo deve ser realizado com materiais adequados e bastante cuidados para evitar danos adicionais ao tecido. Veja o passo a passo:
- Lave as mãos: antes de qualquer manipulação, higienize bem as mãos com água e sabão neutro ou utilize luvas descartáveis para garantir a assepsia;
- Reúna os materiais: reúna soluções de limpeza específicas (como soro fisiológico 0,9% ou soluções com PHMB), gaze esterilizada, pinça, tesoura e bandagem;
- Remova curativos antigos: retire cuidadosamente o curativo anterior, evitando causar mais dor ou traumas na pele. Se o curativo estiver aderido à ferida, aplique soro fisiológico em jatos para remover suavemente, evitando traumas ao tecido e retrocessos no processo de cicatrização;
- Irrigue a ferida: aplique a solução de limpeza escolhida, como soro fisiológico ou produtos que combatam microrganismos e biofilme, em jatos contínuos para irrigar a área. Evite esfregar, pois isso pode causar irritação e prejudicar os tecidos saudáveis;
- Remova detritos e tecidos mortos: a remoção de tecidos desvitalizados (esfacelos ou necroses) e corpos estranhos presentes na ferida deve ser realizada por um enfermeiro habilitado ou profissional de saúde qualificado, utilizando uma pinça estéril, para garantir segurança e eficácia no processo;
- Seque a região ao redor: com uma gaze limpa, seque suavemente a pele ao redor da ferida, sem tocar diretamente na área lesionada;
- Aplique um curativo adequado: escolha um curativo apropriado, que proteja a ferida, combata os microrganismos e favoreça o ambiente ideal para a cicatrização.
A repetição dessa rotina deve ser orientada e acompanhada por um médico especialista ou enfermeiro estomaterapeuta especialmente em casos de feridas mais graves ou persistentes.
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Como tratar feridas infectadas com segurança?
O tratamento de feridas infectadas exige abordagem médica e uso de produtos específicos para garantir uma recuperação segura e eficaz. Confira as medidas fundamentais:
- Avaliação médica: um profissional de saúde deve verificar a extensão da infecção, determinar o tipo de infecção presente (local ou sistêmica) e, se necessário, prescrever medicamentos, como antibióticos sistêmicos;
- Limpeza da ferida: a limpeza da ferida é necessária para remover tecidos desvitalizados e controlar o biofilme, que favorece a proliferação de microrganismos;
- Uso de curativos adequados: como a Membracel Membrana Regeneradora Porosa, altamente utilizada no tratamento de feridas crônicas, agindo como substituto temporário da pele, acelerando a cicatrização da pele e protegendo a ferida de novas infecções;
- Troca regular de curativos: a frequência das trocas deve ser adequada ao tipo de curativo utilizado e ao estágio de cicatrização da ferida, sempre seguindo orientações profissionais;
- Controle de dor e inflamação: analgésicos e anti-inflamatórios podem ser indicados para aliviar os sintomas desconfortáveis e proporcionar mais qualidade de vida ao paciente;
- Cuidado com a alimentação: uma dieta balanceada, rica em proteínas, vitaminas e minerais, é fundamental para fortalecer o sistema imunológico e auxiliar no processo de cicatrização.
O acompanhamento regular com um profissional de saúde é indispensável para garantir que a ferida esteja evoluindo corretamente.
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Prevenindo infecções em feridas: cuidados e dicas
A melhor forma de evitar a infecção é adotar medidas preventivas desde o momento em que a ferida ocorre. Confira algumas recomendações importantes:
- Limpeza imediata: ao sofrer uma lesão, lave a área com água corrente e sabão neutro para remover sujeiras superficiais e reduzir a presença de microrganismos;
- Uso de curativos: cubra a ferida com curativos limpos, estéreis e adequados ao tipo de lesão. Curativos antimicrobianos também ajudam a manter a área protegida contra contaminantes externos e facilitam a cicatrização;
- Higiene constante das mãos: antes e após tocar na ferida ou trocar o curativo, lave bem as mãos com água e sabão ou utilize álcool 70% para eliminar germes que possam contaminar a lesão;
- Evite mexer ou coçar a ferida: não toque ou remova crostas, pois elas funcionam como uma barreira natural durante a cicatrização. Mexer na ferida pode causar novos traumas e aumentar o risco de infecção;
- Troca regular de curativos: substitua os curativos conforme a recomendação médica ou ao observar que estão sujos ou úmidos, evitando assim a proliferação de microrganismos;
- Mantenha a ferida seca e protegida: evite expor a área a ambientes úmidos ou contaminados, como água de piscina, mar ou contato com poeira e sujeira;
- Atenção com sinais de infecção: fique atento a sinais como vermelhidão excessiva, inchaço, dor persistente, presença de pus ou febre. Caso esses sintomas apareçam, procure um profissional de saúde imediatamente;
- Acompanhamento profissional: para feridas mais complexas, profundas ou que não mostram sinais de cicatrização, consulte um médico ou enfermeiro para prevenir complicações.
Você sabia que existem diferentes tipos de feridas de pele, cada uma com cuidados específicos? Descubra quais são e como tratá-las da maneira certa!
Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária