Você já ouviu falar sobre fístulas? Embora esse não seja um tema muito discutido no dia a dia, é uma condição que pode impactar seriamente a saúde e o bem-estar de quem a enfrenta.
Saber mais sobre as fístulas pode ser o primeiro passo para identificar sintomas, buscar tratamento e melhorar sua qualidade de vida. Continue lendo para entender melhor o que são, como surgem e as formas de tratamento para uma recuperação bem-sucedida.
O que são fístulas:
Uma fístula é a conexão anormal entre dois órgãos, vasos sanguíneos ou outras estruturas do corpo que normalmente não estariam conectados.
As fístulas podem se desenvolver em diversas partes do corpo, como nos intestinos, na bexiga, nos vasos sanguíneos ou entre a pele e os órgãos internos.
Entre os tipos mais comuns estão as fístulas intestinais, anais e arteriais. No entanto, essas conexões podem comprometer a função normal dos órgãos e causar uma série de complicações.
Causas e fatores de risco:
As fístulas podem ser causadas por diversas condições médicas, como infecções crônicas, inflamações, traumas físicos ou procedimentos cirúrgicos.
Doenças inflamatórias intestinais, como a doença de Crohn e colite ulcerativa, são fatores de risco para o desenvolvimento de fístulas intestinais.
Assim como diverticulite, câncer, infecções persistentes e o hábito de fumar, também podem contribuir para o surgimento de fístulas.
Sintomas e diagnóstico:
Os sintomas variam de acordo com a localização e o tipo da fístula:
- Fistula anal: vermelhidão ou inchaço da pele do ânus; dor constante, especialmente ao sentar-se ou caminhar; saída de pus ou sangue pelo ânus;
- Fístula perianal: dor contínua, inchaço, vermelhidão da pele, cansaço, febre, calafrios, dor ao evacuar e saída de secreção purulenta;
- Fístula intestinal: dor abdominal, febre, diarreia frequente, perda de peso, desidratação, desnutrição e presença de pus ou sangue nas fezes;
- Fístula arteriovenosa: veias salientes, inchaço nas mãos e nos pés, cansaço, dor de cabeça, falta de ar e alteração na cor da pele;
- Fístula urinária: vazamento contínuo de urina, sem a sensação de urgência, infecções urinarias frequentes, odor desagradável, presença de gazes ou fezes na urina.
Para diagnosticar corretamente, o médico pode solicitar exames de imagem, como tomografia computadorizada, ressonância magnética e ultrassonografias.
Esses exames ajudam a identificar a localização exata e a gravidade da fístula, além de descartar outras condições que possam apresentar sintomas semelhantes.
Tratamentos convencionais e inovadores:
Após o diagnóstico de uma fístula, o médico coloproctologista deve propor o melhor plano de tratamento com base em sua localização, tamanho e condição.
O uso de medicações anti-inflamatórios, antibióticos e curativos especiais como a Membrana Regeneradora Porosa Membracel, podem ser suficientes para tratar a infecção e fechar a fístula.
No entanto, fístulas mais graves podem exigir intervenções cirúrgicas como a fistulotomia, para reparar os tecidos afetados e restaurar o funcionamento normal dos órgãos.
Além disso, tratamentos inovadores, como o uso de selantes de fibrina e técnicas endoscópicas, têm mostrado resultados promissores, especialmente para fístulas mais complexas ou de difícil tratamento.
Complicações associadas:
As fístulas podem causar diversas complicações, como infecções recorrentes, abscessos e formação de cicatrizes que podem obstruir os órgãos envolvidos.
Uma fístula também pode causar sepse, uma infecção generalizada que coloca a vida do paciente em risco. Além disso, as fístulas podem impactar negativamente a qualidade de vida, causando desconforto crônico, dor e limitações na rotina diária.
Estratégias de prevenção e reabilitação:
Após o tratamento de uma fístula, a prevenção de novas ocorrências é fundamental para garantir uma recuperação completa e evitar complicações. Para isso, considere as seguintes orientações:
- Mantenha boas práticas de higiene: limpe cuidadosamente a área ao redor do local da cirurgia com água morna e sabão neutro, evitando esfregar. A secagem suave também é importante para prevenir irritações.
- Higienize as mãos: lave as mãos adequadamente antes de tocar na área operada ou trocar curativos, reduzindo o risco de contaminação e infecções;
- Evite produtos agressivos: produtos com fragrâncias, álcool ou substâncias químicas agressivas devem ser evitados, pois podem irritar a pele sensível ao redor do local da cirurgia;
- Higienize as áreas genitais: mantenha as regiões íntimas sempre limpas e secas, especialmente se a fístula afetou o trato urinário ou áreas anais, para reduzir o risco de infecções bacterianas;
- Controle condições crônicas: se você possui doenças crônicas como Doença de Crohn, Doença Inflamatória Intestinal (DII) ou diabetes, siga rigorosamente as orientações médicas para controlar essas condições, já que elas podem contribuir para o surgimento de novas fístulas;
- Fique atento aos sinais de infecção: vermelhidão, inchaço, secreção ou dor intensa ao redor da área operada são sinais de possível infecção. Procure assistência médica imediata se notar qualquer um desses sintomas;
- Evite longos períodos sentado: se possível, faça pausas regulares ao longo do dia para caminhar, especialmente se a cirurgia foi próxima da região anal. Isso melhora a circulação sanguínea e acelera o processo de cicatrização;
- Adote um estilo de vida saudável: alimentos ricos em fibras, como frutas, verduras e grãos integrais, ajudam a regular os movimentos intestinais, prevenindo constipações que podem exercer pressão sobre a área tratada;
- Modere o consumo de bebidas alcoólicas e cafeinadas: o consumo excessivo de álcool e cafeína pode desidratar o organismo e irritar a área operada. Prefira água e sucos naturais para manter-se hidratado;
- Evite esforço ao evacuar: forçar durante a evacuação pode aumentar a pressão sobre a área de cicatrização e aumentar o risco de recorrência. Mantenha uma dieta que favoreça o trânsito intestinal suave e, se necessário, consulte seu médico sobre o uso de laxantes suaves;
- Pare de fumar: o tabagismo compromete o sistema imunológico, prejudicando a capacidade de cicatrização do corpo. Abandonar o cigarro é um passo importante para uma recuperação completa;
- Acompanhamento regular: realize check-ups periódicos com seu médico para monitorar o progresso da recuperação. Consultas de acompanhamento ajudam a identificar precocemente qualquer sinal de complicação.
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Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária